25 mil quilômetros em 2 anos e 6 meses de luta contra as tropas legalistas
Diário da Manhã
Publicado em 8 de junho de 2017 às 02:13 | Atualizado há 4 meses
- Povoado de Cedro, Invernada Zeca Lopes, Caiapônia, à época chamada Torres do Rio Bonito, e Anápolis foram palcos da guerra
- Comandante-geral era Miguel Costa, major; já o comandante militar, capitão Luís Carlos Prestes, relata o pesquisador
- Escritor chama os homens e mulheres de ‘colunards’, uma referência aos ‘comunards’, da célebre Comuna de Paris, 1871
- Livro de historiador será lançado hoje, às 20h, no Instituto Cultural e Educacional Bariani Ortêncio, à Rua 82 nº 565, Praça Cívica
Vinte e cinco mil quilômetros, dois anos e seis meses em defesa das Liberdades e do Estado de Direito, sem derrotas militares. É a marcha, pelo Brasil, da Coluna Miguel Costa – Luís Carlos Prestes, de 1924 a 1926. A saga é revisitada pelo historiador e geógrafo Horiestes Gomes, professor aposentado da Universidade Federal de Goiás [UFG], doutor honoris causa da Universidade Estadual de Goiás [UEG], preso político à época da ditadura civil e militar no Brasil.
– Os comandantes da coluna eram oficiais. Comandante-geral, Miguel Costa, major; comandante militar, capitão, Luís Carlos Prestes.
Miguel Costa era um dos líderes da Revolta de 5 de julho de 1924, em São Paulo, sufocada pelas forças legalistas pelo então presidente da República, Arthur Bernardes. Nada mais, nada menos do que 22 dias de resistência. Derrotados na Capital paulista, os revoltosos fugiram em direção a Foz do Iguaçu. Com 3.500 homens. As tropas aguardavam a Coluna do Rio Grande do Sul. As duas se encontraram. É a união dos ‘colunards’, uma referência aos ‘comunards’, narra.
– Da Comuna de Paris, ocorrida em 1871, derrotada militarmente. A Coluna se torna Miguel Costa – Luís Carlos Prestes no ano de 1925. Com 1.500 homens.
As táticas e estratégias militares teriam sido formuladas por Luís Carlos Prestes. A ‘Guerra de Movimento’, em contraposição à ‘Guerra de Caserna’, de Trincheiras, explica Horiestes Gomes. Para evitar o desigual confronto militar com as Forças Legalistas, adianta. A primeira passagem é no Paraguai, com 50 mulheres. A Coluna possuía quatro destacamentos: o de Antônio Cordeiro de Farias, o de João Alberto, o de Siqueira Campos e o de Djalma Dutra, informa ele.
– O comandante-geral das Forças Legalistas era Bertoldo Klinger.
A Coluna Miguel Costa – Luís Carlos Prestes marcha em direção a Mineiros, Goiás. Combates ocorrem. Sangrentos. Com perdas. Depois, o Povoado de Cedro, uma espécie de Quilombo, narra o pesquisador. Os revoltosos destroem a ponte sob o Rio Verde. Os revolucionários seguem pela estrada de chão. Bertoldo Klinger os persegue. Com a Polícia de Minas Gerais. Rumo à Invernada Zeca Lopes, registra. A Coluna adota tática errada, aponta o professor.
– Na Invernada Zeca Lopes faz opção pela Guerra de Caserna. Dois dias de conflitos. Luís Carlos Prestes lista 34 mortos. O número não corresponde à verdade. As baixas fora muito maiores.
Perdas dos dois lados, com um número imenso de feridos. Bertoldo Klinger envia duas cartas a Miguel Costa e a Luís Carlos Prestes. O comandante-geral das Forças Legalistas exige a rendição. A resposta é imediata: Sem Rendição! O comando dos revolucionários dá ordem para caminhar em direção a Caiapônia, à época chamada Torres do Rio Bonito. A tática, depois de série autocrítica, muda. Nada de Guerra de Posição. É a Guerra de Movimento, dispara.
– Depois de Caiapônia, Pirenópolis, Anápolis, Planalto Central, Minas Gerais. Em São Romão, novo embate contra as Forças Legalistas, com mortes, feridos e prisões.
Luís Castro Prestes obtém a informação de que Arthur Bernardes teria mobilizado 20 mil homens em Montes Claros [MG]. O comandante militar decide retornar para o interior do Brasil. Interior de Minas Gerais, Oeste da Bahia, Arraias, Porto Nacional, onde foram acolhidos pela Igreja Católica. O frei era José Aldrin. Na sequência, Maranhão – Carolina –, Piauí. Em Floriano, a Coluna Miguel Costa – Luís Carlos Prestes edita a 9ª edição de ‘O Libertador’.
– A marcha prossegue pelo Ceará, Rio Grande do Norte, onde deflagra-se o combate de Piancó. Ainda Paraíba, Pernambuco e Bahia. Luís Carlos Prestes dá, então, o ‘Laço Húngaro’.
Ousada, a Coluna Miguel Costa – Luís Carlos Prestes passa entre as duas tropas de inimigos das Forças Legalistas, analisa Horiestes Gomes. Um retorno ao Planalto Central e, por fim, o Paraguai, em 1927. A aventura revolucionária termina na Bolívia. Luís Carlos Prestes vai para Buenos Aires, Argentina. Depois, Uruguai. Neoconvertido ao marxismo, embarca para a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas [URSS], ingressa do PCB [Partido Comunista Brasileiro].
– A Rússia havia feito a revolução socialista em 25 de outubro de 1917.
Em novembro de 1935, Luís Carlos Prestes e a IIIª Internacional deflagram a insurreição comunista e são derrotados. Em 1936 é preso, com Olga Benário, depois deportada para a Alemanha e morta em 1942. O Cavaleiro da Esperança sai da cadeia, em 1945. É eleito senador da República. O registro do PCB é cassado em 1947/1948. O Partidão vira ilegal. Com o golpe de 1964, cai na clandestinidade. Exilado na URSS, volta em 1979. Morre em 7 de março de 1990, aos 92 anos.
– De uma saga revolucionária incomum.
“O comandante-geral das Forças Legalistas era Bertoldo Klinger”“A Coluna se torna Miguel Costa – Luís Carlos Prestes no ano de 1925. Com 1.500 homens”
Horiestes Gomes, historiador
Serviço
Lançamento
Livro: A Coluna Miguel Costa/Prestes, em Goiás
Autores: Horiestes Gomes, Francisco Montenegro
Mapa e roteiro: Antônio Teixeira Neto
Projeto gráfico e diagramação: Thiago Luís Gomes
Data: hoje, quinta-feira
Horário: 20h
Local: Instituto Cultural e Educacional Bariani Ortêncio, Praça Cívica nº 565
Estratégias da revolução
1924 Prestes lidera a Revolta em MissõeS
1925 Surge a coluna Miguel Costa – Prestes
1927 Termina a coluna Miguel Costa – Prestes
1934 Prestes e Olga Benário viajam ao Brasil
1935 Derrota da Insurreição Comunista
1936 Prestes é preso. Olga, deportada
1942 Morre, na Alemanha, Olga
1945 Prestes deixa a cadeia
1946 Prestes é eleito senador
1964 Golpe de Estado no Brasil
1979 Prestes retorna do exílio na URSS
1990 Morre, em 7 de março, Prestes
Fonte: Diário da Manhã