A Família BDT

Já parou para pensar em quantos mil profissionais espalhados pelo Brasil, graduados em Goiânia, já tomaram pelo menos um porre sentados nas cadeiras vermelhas daquele bar lá na Praça? Em quantos hippies já trocaram um anelzinho de cobre em troca de um cigarro? Ou em quantos calouros resolveram beber o suco gummy de quatro anos de faculdade, todo de uma vez, nas fatídicas Calouradas do BDT? Quanta coisa aconteceu ali! Universitário que se prese passou pelo menos um quarto da faculdade sentado naquele bar.

Os Congressos da União Nacional dos Estudantes, Marcha da Maconha, Vem Pra Rua, Fora Marconi. Incontáveis são as manifestações populares que saíram ou terminaram por lá. Pés cansados, solado desgastado, e aquela sede de cerveja apertando a garganta.

Lembra de quando a Prefeitura fechou o Bar da Tia, em razão de atraso nas renovações de licença de funcionamento? Quantos órfãos lamentaram a ausência de sua cerveja, distantes desta família adotiva. Os sobrinhos, organizados, manifestavam sua indignação e saudade, num grande abraço, ao redor do Bar da Tia. Reaberto, uma festa (como sempre é), para comemorar a reunião familiar.

O Primo, querido Lênio Lomazzi, de avental vermelho, uma cerveja na mão, um abridor na outra, “Quantos copos, minha querida?”. A Luciene, nossa prima por adoção, sentada por perto da churrasqueira, um beijinho pra ir embora. A Tia, Marilene, de cabelo vermelho, com cara de quem tirou uma bala no ombro do namorado, na garupa de uma Harley (entendedores entenderão) nos anos 1980. O Tio, agora olha essa galera toda, lá de cima. Os boêmios também sentiram sua partida.

Nesta noite, os trinta e dois anos destas e outras histórias serão relembradas, bebidas e celebradas. Uma noite para rir dos encontros combinados num grupo de Whatsapp, que por vezes, não chegaram a acontecer. Relembrar dos porres e das fotos, um tanto “inusitadas”, tiradas por Darle Pessoa da Semana Amplificada. Os encontros de gerações entre gente que saiu da faculdade há quase dez anos, e gente que ainda vai entrar. É muita história pra contar! Por tanto, hoje, a partir das 21 horas, no Centro Cultural Oscar Niemeyer, ao som de Projota (entrevista), 3030, Gasper e Marianelli, brindaremos por mais outros trinta e muitos anos de Bar da Tia!

Entrevista com o rapper Projota

DM Revista: Como surgiu o nome artístico Projota?

Projota: Meu nome é José Tiago, comecei a cantar como Jotatê. Após um tempo eu percebi que precisava de um nome menos comum, e me tornei o “Pró Jota” (um Jota profissional). Juntei tudo e ficou Projota.

DM Revista: O que aconteceu com Os Três Temores? A parceria com Rashid e Emicida ainda existe?

Projota: Os três temores nunca foi um grupo. São 3 amigos que sempre trabalharam juntos, um ajudando o outro, cresceram juntos e por isso se unem de vez em quando pra celebrar esse progresso musicalmente.

Com certeza, nos falamos sempre e sempre que possível, um está presente no projeto dos outros.

DM Revista: É sua primeira apresentação em um grande evento em Goiânia? Como se sente? A relação com o público goiano é boa?

Projota: Não. Já me apresentei em muitos eventos, inclusive em festivais. É sempre incrível, um dos públicos mais calorosos. Sempre uma satisfação enorme retornar e isso acontece mais de uma vez todos os anos.

DM Revista: Goiás tem despontado no cenário musical por não apenas exportar cantores sertanejos, como também grandes vozes da MPB, metal e também do rap. Você já teve contato com algum artista goiano da Cultura HipHop?

Projota: Goiás tem demonstrado ao longo dos anos uma veia musical espetacular. Dentro do hiphop também, o próprio Gasper, que vai participar do evento no Bar da Tia, eu o conheço a quase 10 anos, muito talentoso, assim como vários outros caras que fazem o movimento acontecer desde as antigas.

DM Revista: Você começou a carreira como rapper participando de duelos, que são, majoritariamente, improvisos, feitos no momento, em resposta a outro rapper. Como são compostas as letras dos seus raps hoje em dia? As composições são todas suas?

Projota: Todas minhas músicas até hoje fui eu mesmo que compus, já são mais de 120 músicas registradas e lançadas.

Eu componho sempre, acabo de produzir um disco e continuo sempre aberto a compor. Em todos os lugares, desde meu quarto, até dentro de aviões rumo aos shows.

DM Revista: Projota, você sabe que o Bar da Tia é um dos locais que mais marcaram a vida de milhares de universitários goianienses, nas últimas três décadas. Sendo assim, como você se sente podendo participar de um evento de tamanha responsabilidade, como o de comemoração do aniversário de um dos bares mais conhecidos da Capital do Cerrado?

Projota: É uma satisfação enorme, só posso registrar meu agradecimento pela confiança. Espero entregar um show com muita energia como sempre, cheio de emoções que é como é meu trabalho. Meu show depende muito do público, somos apenas eu meu DJ no palco, então a participação do público é essencial. Por se tratar de Goiânia, já saio de casa sabendo em 100% que posso contar com a vibe da galera.

DM Revista: Além, claro, do clima de confraternização, que já é característico entre os frequentadores do Bar da Tia, e que poderá ser sentido na noite de hoje, o que mais o público goiano pode esperar desta noite, em especial da sua apresentação? Novidades?

Projota: Temos músicas que acabaram de ser lançadas e vou tocar pela primeira vez na cidade, como “Oh eu Deus” e “Rebeldia”, e procuro sempre me reinventar show à show. Também tem os improvisos que faço, e se tornam sempre algo diferente a cada show.

DM Revista: Mande um alô para os seus fãs, e convide a galera para assistir seu show esta noite, juntamente com 3030, Daniel de Mello, Gasper e Marianelli.

Projota: Obrigado pelo espaço, e oportunidade de conversar com os leitores. E obrigado à todo meu público goiano que me apoia já há quase 10 anos.

O show vai ser incrível! Só gente talentosa no palco e a festa vale muito a pena do início até o fim. Não percam!

Foco, força e fé!

Bar da Tia e Primo 32 anos

Data: 10 de março (hoje)

Local: Centro Cultural Oscar Niemeyer

Horário: 21 horas