A Folia de Reis como tradição e memória
Redação DM
Publicado em 3 de fevereiro de 2017 às 02:09 | Atualizado há 7 meses
O livro ‘Folia dos Lourenço – 1944 a 2013’, de autoria de Dorivaldo Lourenço, será lançado, neste sábado, a partir de 19h30, na Associação dos Catireiros e Foliões de Iporá. Com o suporte do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás.
O leitor terá a oportunidade de saber de onde saiu, por onde passou e onde a Folia foi entregue, bem como tomar conhecimento dos principais fatos que ficaram na memória dos foliões. Além de ter a descrição dos rituais da Folia, diz Dorivaldo Lourenço..
– Assim como a transcrição de seus cânticos principais.
Em Iporá, na zona rural, um grupo de trabalhadores rurais, que conhece de perto as agruras da sobrevivência, mantém uma Folia de Reis desde tempos remotos. Criada antes mesmo da emancipação da cidade, quando era apenas um povoado, informa ao DM Revista.
– É a cantoria de fé. Por cinco dias. Registro: houve tempo em que eram sete dias. Como os Reis Magos [que eram reis, mas sem ostentar realeza], eles fazem a peregrinação da esperança.
– Certo de também encontrarem sua Estrela e o seu Menino Jesus na manjedoura.
Essa religiosidade popular tem uma logística diferente da religiosidade oficial, aponta a obra ‘Folia dos Lourenço – 1944 a 2013’. As igrejas constituídas se estabelecem em forma de templo, numa estrutura relativamente grande
– Ela espera que os fiéis, os membros da sociedade, se reúnam ali para exercer suas atividades de fé.
O autor mostra que a religiosidade popular, no caso específico a Folia de Reis, reúne os elementos da religiosidade [a Bandeira, com estampa dos Reis Mágicos, o Menino Jesus e a Virgem Maria] e sai de casa em casa avivando a fé.
– Em tempo: levando as promessas de renascimento, ressurreição e salvação eterna.
A Folia de Reis se constitui num exemplo de fé e resistência cultural, registra o escritor. É a oportunidade em que as pessoas, na maioria da zona rural, se encontrem para uma semana de convivência harmoniosa, explica o livro a ser lançado, amanhã.
– É um tempo de celebrar a fé e renovar os sentimentos de amizade e vizinhança.
O pesquisador pontua também que participar da Folia, seja como anfitrião da bandeira ou como folião, seja como realizador de um almoço ou de um pouso, ou mesmo como mero assistente, é uma forma de estabelecer laços, de criar raízes.
-É uma forma de fortificar o sentimento de pertencer ao grupo.
Meninos fazem de sua participação na Folia o seu rito de passagem de moleque para homem feito, anota ‘Folia dos Lourenço – 1944 a 2013’. Não seria de todo equivocado dizer que a cidade nasceu ao redor da movimentação da Folia de Reis, frisa
– Nestes tempos de consumo rápido, de cultura globalizada e descartável, uma Folia que já dura 70 anos é, sem dúvida, um feito extraordinário.
Lançamento
Livro: ‘Folia dos Lourenço – 1944 a 2013’
Autor: Dorivaldo Lourenço
Edição: Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás
Local: Associação dos Catireiros e Foliões de Iporá
Horário: 19h30
Avaliação: Ótimo