A revolução amplificada

No dia 13 de julho é comemorado o dia mundial do rock, estilo musical que tomou conta da segunda metade do século XX. Surgiu como um escândalo de rebeldia e até hoje vem sendo desenvolvido e misturado às mais variadas correntes musicais de todo o mundo. As primeiras gravações passíveis de serem consideradas rock and roll surgiram nos últimos anos da década de 1940, nos Estados Unidos, através de artistas como Louis Jordan, Wynonie Harris, Jimmy Preston, Stick McGhee e Gorre Caarter. Todos eles eram negros e tinham uma forte ligação com o estilo rhythm & blues. A popularização do rock, no entanto, só começou a atingir níveis estratosféricos na segunda metade dos anos 1950 (uma década dominada pelo jazz).

Início

Através de nomes como Chuck Berry, Buddy Holly, Elvis Presey, Bo Diddley, Johny Cash e a banda The Crickets – todos norte-americanos – a imagem do cantor descolado, rebelde, barulhento e intenso passou a ser moldada pelos rostos desses ídolos. Entre os estilos musicais que influenciaram no surgimento do rock, estão o soul, o gospel, o folk, o country e, principalmente, as vertentes elétricas do blues, que começaram a surgir em meados da década de 1930. Ainda nos anos 1950 surgiram os primeiros subgêneros do rock and roll: rockabilly (nome usado para deinir artistas do country que tocavam suas próprias versões de músicas do estilo R&B) e o surf rock (feito com músicas curtas tocadas em ritmo agitado por adeptos da cultura surf, bastante comum na Califórnia).

No Reino Unido, o movimento começava a surgir, mas não chegou a atingir sucesso internacional nos anos 1950. O maior destaque britânico do rock and roll foi Cliff Richard, com seu primeiro álbum, lançado em 1959. Na década seguinte, o rock inglês ganharia força com um fenômeno conhecido como “invasão britânica”, no qual grupos da ilha da rainha tomaram o protagonismo do gênero dos norte-americanos. Na França, as primeiras canções de rock ganharam forma na voz de Henri Salvador, cantor que nasceu na Guiana Francesa.

No Brasil, a primeira música original e em português do estilo foi gravada por Cauby Peixoto em 1957 com o título Rock and Roll em Copacabana. Ele foi acompanhado pela banda The Snakes, formada por Erasmo Carlos, Edson Trindade e José Roberto. O primeiro álbum completo de rock nacional, Estúpido Cupido, foi lançado em 1959 pela cantora paulista Celly Campello. A faixa-título permanece até hoje como um símbolo da cultura popular do País.

Popularização

Menos de uma década depois do estouro de Elvis Presley com seu emblemático disco de 1956, o rock (não mais chamado de rock and roll) já tinha passado por uma série de reformulações. Com a chegada da chamada “invasão britânica”, que teve início em 1960, novas influências foram se incorporando ao estilo musical, que já se dividia em novas vertentes e começava a apresentar arranjos considerados psicodélicos. Participaram da invasão The Beatles, The Kinks, Rolling Stones, The Animals, The Who, entre outros. A sequência de álbuns revolucionários dos Beatles, lançados de 1965 a 1969, teve grande impacto na difusão do gênero, e ainda hoje é influência básica para bandas famosas em todo o mundo.

Nos Estados Unidos, apesar do auge dos músicos do outro lado do continente, algumas bandas conseguiram destaque na cena psicodélica. Em 1966, a banda Beach Boys deu à luz sua obra-prima, o disco Pet Sounds, cheio de momentos monumentais, com influência de música clássica e uso de instrumentos incomuns para o gênero. The Velvet Underground & Nico, disco lançado em 1967, é considerado um dos maiores impulsos experimentais do gênero e foi a matriz para o surgimento de milhares de bandas ao redor do mundo. Bob Dylan passou a utilizar guitarra elétrica e deu visibilidade ao folk rock. A estreia do Doors em 1967 colocava uma pitada lisérgica no gênero com seus longos instrumentais de mais de dez minutos. Hendrix, Janis Joplin e Love também surgiam.

Enquanto isso, no Brasil, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa e companhia traziam a Jovem Guarda, que tinha como principal influência o rock and roll americano dos anos 1950. Da Jovem Guarda saíram vários artistas que se popularizaram mais tarde em outros estilos, como Odair José, Reginaldo Rossi e Sérgio Reis. Em 1968, surgia uma verdadeira revolução chamada Tropicália. O álbum Tropicália ou Panis et Circencis quebrava paradigmas e se colocava diante da ditadura militar com severas críticas subjetivas. Fizeram parte: Nara Leão, Gal Costa, Tom Zé, Jards Macalé, Toquato Neto, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, entre outros.

Rock extremo

O metal, como música, surge no fim dos anos 1960 e início dos anos 1970, principalmente no Reino Unido, com fortes influências de bandas ligadas ao blues e ao rock psicodélico que faziam sucesso na época, como Led Zeppelin, Rolling Stones e Deep Purple. No site Rateyourmusic, que tem abrangência mundial e faz médias de avaliações de discos e categorização de gêneros por seus usuários, o grupo britânico Black Sabbath, com seu disco autointitulado, que saiu em fevereiro de 1970, é considerado o primeiro grupo a receber a classificação heavy metal (340 votos a favor, 36 contra).

Pela inovação musical proposta em Black Sabbath, os membros do grupo também são considerados por grande parte dos fãs do gênero como os pais do metal. Outras bandas do gênero surgem na segunda metade dos anos 70. No livro Judas Priest: Metal Gods, o escritor Brian Bowe fala da banda britânica Judas Priest como responsável por uma reforma do metal. “Assim como o Black Sabbath deu início aos trabalhos, os membros do Judas Priest removeram o que restava do blues e caíram direto no metal”. Em um movimento chamado de new wave do heavy metal britânico, bandas como Mötorhead, Iron Maiden e Saxon conseguiram destaque.

Goiás

Nas últimas duas décadas, o estilo vem se fortalecendo, principalmente na Capital, graças aos grandes eventos que possibilitam que as bandas locais toquem para grandes públicos. Bandas como Violins, Cambriana e Boogarins conseguiram consolidar-se no cenário nacional. Ainda mais recentemente, várias produções independentes têm sido despejadas na internet, tornando a música mais dinâmica e livre de grandes empresas. O “rock extremo”, representado por bandas adeptas ao metal, também se desenvolve com força em Goiás desde os anos 1990. Bandas como Ressonância Mórfica, Spiritual Carnage e Flash Temptation são referências no estilo.

Com a chegada da internet e a facilidade de compartilhamento de arquivos entre usuários da rede, começam a ser ressuscitados alguns clássicos do rock goiano, caídos no esquecimento devido à dificuldade de acesso. Podemos citar o disco de estreia da banda Matuskela, lançado em 1973, que representa o rock progressivo brasileiro. Temos ainda o disco de estreia da banda HC-137, Made in Go, lançado em 1993, que traz uma série de influências jamais vistas no Estado, e que hoje é um dos maiores símbolos do hardcore em Goiânia. Também não pode ser esquecida a fórmula da dupla sertaneja Chrystian & Ralf, que molhava suas baladas com solos e riffs virtuosos.