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Alceu Valença cria bruma de sensações em shows

Um dos símbolos da MPB dos anos 70, músico se apresenta hoje no Oscar Niemeyer. Ele promete concerto repleto de hits que marcaram carreira

Alceu e seu amigo inseparável, o violão: últimos trabalhos do artistas têm instrumento como protagonista - Foto: Leo Aversa/ Divulgação Alceu e seu amigo inseparável, o violão: últimos trabalhos do artistas têm instrumento como protagonista - Foto: Leo Aversa/ Divulgação

O compositor Alceu Valença visita, a cada música cantada nos shows, a delicadeza da saudade. Vai da folia ao pop, do sertão ao litoral, dos carnavais aos frevos. Na bruma das paixões que vêm de dentro, cria imagem poética com cheiro do sexo grudado nos lençóis. A música de Alceu tem cor, a cor do peito nu e a cor da voz do anjo sussurrando no ouvido.

Cada apresentação desperta no público um mosaico de sensações intensas. Faz casais se beijarem com tesão, jovens dançarem ao ritmo do baião e velhos se recordarem do passado glorioso. Tudo na música valenciana se encaixa com perfeição: as harmonias, os versos e a banda. Existe o amor, o tesão e Alceu. Quando estamos numa apresentação dele, basta a existência do amor, do tesão e de Alceu, pois iremos querer mais o quê?

O artista retorna aos palcos goianienses nesta sexta-feira, 28, com a turnê “Alceu Dispor”. Para ele, não há muito o que reclamar. A música continua boa e os discos seguem a impressionar, tanto que Alceu concorrerá, mais uma vez, ao Prêmio da Música Brasileira com um dos trabalhos que o artista considera “um dos pontos altos da carreira”. De fato, “Valenciana II” soa como um bem sacado encontro entre música de concerto e MPB.

Assim que foi anunciado, num primeiro momento para comemorar os 40 anos de carreira no longínquo ano de 2010, o projeto levou o som valenciano para um lugar em que há tempos merecia estar - na orquestra. Os contornos dados aos hits “Táxi Lunar”, “Tomara”, “Como Dois Animais”, “Pelas Ruas que Andei” e “Tesoura do Desejo” adicionaram um tempero estético a mais, do qual - já adianto - é difícil se desgarrar de uma hora para outra.

Gravado em Portugal, na Casa da Música, localizada no Porto, o show percorre teatros e casas pelo Brasil. Ontem, um dia antes de se apresentar em Goiânia, Alceu lotou o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. A Orquestra Ouro Preto, que esteve no Teatro Goiânia na última quarta-feira, 26, para apresentar o espetáculo “The Beatles”, envernizou um som poderoso, mas que nunca tinha recebido tratamento semelhante, um erro.

Cabra nascido em São Bento do Una (PE), Alceu Valença estreou com elepê lançado em 1972, no qual dividia microfone com o camarada Geraldo Azevedo. Aos poucos, o músico conquistou segurança e, de brinde, ganhou seu próprio espaço, com uma música regional e sintonizada na mesma frequência da vibração jovem, um pouco psicodélica e lisérgica. Só que Alceu nunca se cansou de dizer que sua música não tem nada a ver com o tropicalismo e tampouco com a MPB feita à época: Alceu é Alceu, os outros são os outros. Ponto final.

Apresentação será como um para-raio ao luar

Alceu Valença despontou, de fato, nos festivais febres realizados na década de 1970. Dali em diante, como um para-raio ao luar, jamais deixou de lado sua essência – seja ela sertaneja, engraçada, dona de palco e dos corações que guardam na ponta da língua seus versos. Alceu é o poeta da madrugada, o diretor de cinema, o cara de jornal, o advogado, o regente de carnaval, o conhecedor de anjos e signos, o sujeito que consegue entender a beleza das mulheres, o artista que ama sentir o cheiro do sexo no lençol. O amor é-lhe vital.

Ironia do destino, Alceu não é capaz de ouvir música. Seu pai, promotor público, tinha medo que o filho enveredasse pelos caminhos da arte, proibindo-lhe de ter uma vitrola. Mas em certa medida, diz, isso foi bom, porque lhe forçou a desenvolver uma musicalidade própria. “Nunca foi influenciado por modismos ou seguiu a cartilha ditada pela indústria. Hoje é mais difícil para um jovem artista emplacar um sucesso, em compensação a possibilidade de interação com seu público é crescente”, já atestou o artista a este repórter.

Aos 76 anos, o amor é o que lhe faz se manter atualizado. Hoje, no Festival Gastronômico GynGastrô, o público goianiense irá assistir o músico trazer turnê “Alceu Dispor”, com a qual ele roda o Brasil após virar meme, figurinhas que circulam no WhatsApp e até estampa em camisetas que criavam jogo de palavra com o trocadilho. Alceu Valença promete um show vibrante e emocionante na Capital goiana. E, pode apostar, será isso que veremos.

Anote aí

Festival GynGastrô

Data: 27 e 28/4

Horário: a partir das 18h

Local: Centro Cultural Oscar Niemeyer

Ingressos: site Ingressos SA

Valor: R$ 80 (meia) e R$ 160

Classificação: 18 anos

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