As analíticas de Brenda Lee
Redação DM
Publicado em 5 de abril de 2016 às 02:14 | Atualizado há 6 meses
Mulheres. Sexy, apaixonadas, felinas, literalmente guerreiras. Ou aquelas que podem dar vida lindamente, tanto a uma criança, como a uma melodia. É bem verdade que eventualmente aparecem também nas telas alguns homens perdidos, contudo, na exposição “As Analíticas de Brenda Lee”, que entra em cartaz a partir de amanhã, na Galeria Serras de Goyaz (no Hotel Serras de Goyaz), quem dá as cartas são mesmo os poderes da feminilidade.
A mente e mãos por trás das 25 obras, feitas em grande maioria em óleo sobre tela, que compõem a exposição são também femininas: a artista visual Brenda Lee, que é hoje um nome atuante no mundo das artes plásticas em Goiás. Pois, a dona de casa, que era encantada pelas cores, e, na década de 90 se dedicou a cursos de arte, se encaixou de vez no mundo dos “fazedores de arte” de Goiás.
Além das exposições coletivas e individuais que participa, ainda é a diretora cultural do Movimento Santuário das Arte (Mosart) e a diretora conselheira da Associação Goiana de Artes Visuais (AGAV). Logo, é de se imaginar que para cuidar disso tudo, pintar com inspiração e cuidar da família, esta artista passa por longas jornadas de trabalho.
Por isso, um pouco de suas lutas, alegrias e emoções de ser mulher, a artista, claro, transporta à sua obra, que promove um mergulho, não só ao corpo, como às complexidades femininas. “Atualmente a mulher deixou de ser coadjuvante para assumir e contribuir na sociedade com voz ativa e isso inspira muito a minha arte”, conta.
Já, acompanhada por uma paleta de cores fortes e quentes, ela deixa-se levar por curvas e ângulos. “Sou fascinada pelas formas da anatomia do corpo humano”, conta. A natureza também está entranhada em sua obra. Por isso, quando não aparecem sozinhas – na forma de uma arara colorida e geométrica voando, por exemplo -, o meio ambiente e a figura humana, em seus trabalhos, se tornam um só. “Gosto muito de pintar seios de mulheres e a natureza. Às vezes pinto seios que lembram frutas ou o contrário. Gosto de fazer esta mistura”, diz.
A paixão pelos ângulos ela herdou do famoso pintor espanhol Pablo Picasso, e serviu não apenas para dar asas à sua criação de Brenda Lee, como ainda fez algo ainda mais importante: lhe deu a forma de ela se reconhecer e ser reconhecida como pintora. Mas, a primeira vez que se sentiu tentada por este mundo geométrico aconteceu de forma bem casual.
“Depois de certo tempo buscando um estilo próprio, um dia, observando crianças soltarem pipas, veio a ideia de fazer as caras de meus personagens com a forma deste brinquedo. E como sempre admirei as formas geométricas, o cubismo se tornou meu estilo”, explica.
Depois disso, a forma livre do pintor e escultor espanhol de criar também deixou Brenda Lee fascinada. E, por meio do estilo, conseguiu enxergar uma forma de pintar sem o compromisso com a aparência real das coisas, característica que também se encaixou perfeitamente com a personalidade da pintora. “Gosto de ter mais liberdade. Não gosto de coisas certinhas. Na minha arte há até influências do grafite. Assim pinto as coisas conforme meu olhar”, analisa.
Pintando sonhos
Dessa forma, como para muitos artistas, as cores, para Brenda Lee, são também a forma como ela conta para o mundo, os seus mais profundos sentimentos. E, as vezes, apesar de visualmente bonitos, as telas não são inspiradas por momentos coloridos.”O quadro que eu coloquei o nome de “, por exemplo, fiz após uma visitar uma casa de apoio e ver a angústia de uma mulher grávida, dependente química, que foi violentada”, relembra triste, a artista.
Porém, mesmo embebida de realidade, é notório que a artista também se deixa levar por um mundo onírico – literalmente. “Na exposição, há uma tela em que me inspirei em Joana D’Arc e, a produzi depois de um sonho que tive.. acordei e retratei o que eu vi enquanto dormia”, revela.
E, os sonhos de Brenda Lee são mesmo poderosos. Por causa deles, que a artista vive hoje uma realidade de reconhecimento e respeito no cenário da arte goianiense. São eles que, inclusive, a levarão amanhã para mais uma exposição e hoje à levaram à esta página de jornal.
“Antes, tudo que tinha eram apenas sonhos. Hoje, tenho a arte como realização. Como Pablo Picasso disse: ‘o sentido da vida é encontrar seu dom. O propósito da vida é compartilhá-lo'”, declama ela.
Serviço
Exposição As Analíticas de Brenda Lee
Quando: Coquetel de Abertura 19h30 horas
Onde: Hotel Serras de Goyaz (Av. Paranaíba, 1445 – Setor Central)
Informações: (62) 30224-2310