Cultura

Cama de Gato

Diário da Manhã

Publicado em 4 de junho de 2015 às 02:53 | Atualizado há 4 meses

Com um orçamento estimado em aproximadamente R$ 13 mil, o filme Cama de Gato foi lançado, em 2002, e chamou a atenção da mídia pela polêmica de seu conteúdo e pela presença de atores conhecidos na televisão brasileira. A discussão que o filme levanta, através de imagens consideradas vulgares por muitos espectadores, é o dos limites da ética e da inconsequência. Outro ponto, tocado pelo filme, é a da responsabilidade da mídia na postura tomada pelas pessoas diante das diferenças sociais do País.

O foco do filme é em três jovens de classe média de São Paulo, que procuram diversão em meio ao tédio que toma conta de suas vidas. Os jovens buscam coisas aparentemente simples e comuns para pessoas de sua idade e de sua classe: contato social com outros jovens, diversão, sexo sem enrolação, status social e emoções fortes. Durante essas buscas, uma certa “falta de noção” nos é retratada, o que transforma a imagem de três garotos ingênuos, em busca de aventura, em três bandidos perigosos.

Um dos elementos que chamam a atenção no filme, a princípio, é a câmera de qualidade duvidosa, que conduz o espectador durante os 92 minutos do filme. Caio Blat, ator que figura em telenovelas da Rede Globo há mais de duas décadas, é um dos protagonistas do filme de Alexandre Stockler. O projeto é precedido de um manifesto chamado Trauma, inspirado no Dogma 95, de Thomas Vintenberg e Lars Von Trier, que propunha uma série de medidas que levariam à produção de um filme com pouco dinheiro e que deveria seguir regras absolutas como a eliminação de elementos fantasiosos como morte, iluminação artificial e sexo falso.

Apesar da inspiração inicial na ideia de produzir filmes a partir de regras, Cama de Gato foge de muitas exigências do Dogma 95, e passou a ser observado apenas como uma resposta à proposta dos diretores europeus. Todos os atores e equipe técnica do elenco não cobraram caché. Além de Caio Blat, outras figuras conhecidas como Bárbara Paz e Nanny People figuram no filme. As canções, que embalam a trilha sonora, também foram escolhidas a partir de um concurso na internet com bandas pouco conhecidas nacionalmente. O filme foi censurado em diversas salas de cinema do País, por conter conteúdo sexual explicito e violento. O ator Caio Blat aparece em uma cena de nudez completa.

Opiniões

Cama de Gato é um daqueles filmes que divide opiniões de maneira acirrada. Contemplado por uns e extremamente rejeitado por outros, o que podemos observar, 13 anos após seu lançamento, é que, apesar do baixo custo, ele conseguiu conquistar seu espaço no hall da fama das pérolas do cinema nacional. Naiana Guimarães comenta no site Filmow o que pensa sobre a produção. “Filme independente, muito interessante que relata a troca de valores entre adolescentes de classe média. Porém, áudio horrível”.

O usuário Ecdemomania, no mesmo site, trás sua breve resenha positiva do filme, ressaltando a complexidade das imagens que o filme apresenta, apesar das fragilidades técnicas. “De forma generalizada, acho que o pessoal não captou a proposta e ironia imensas que são esse filme. O problema é que, por trás de toda essa ironia, existe uma realidade mórbida a qual foi inspiração para o diretor. É o limite entre a risada e o desespero”.

 

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