Cultura

Choque Cultural

Redação DM

Publicado em 24 de março de 2017 às 02:37 | Atualizado há 5 meses

Goiânia recebe neste fim de semana a turnê Dzi Croquetes. A peça em cartaz no Teatro Sesi, dias 25 e 26 de março, traz o ator global Filipe Ribeiro, o goiano Paulo Victor Gandra e grande elenco. O cantor e intérprete goiano Marco Antonini fará uma participação especial nos dois dias. O protagonista, diretor e DZI da versão original é o ator e bailarino Ciro Barcelos (também jurado da Dança dos Famosos do Faustão).

A arte é um instrumento de subversão, ao menos deveria ser. Que me desculpem os parnasos, mas instigar é fundamental. Montar um espetáculo na década de setenta, com a Ditadura Militar descendo a lenha, marcado por figurinos andrógenos e coreografias um tanto quanto ousadas é uma baita de uma subversão. O grupo Dzi Croquetes realizou esse ato de expressão com maestria, tanto que foi censurado.

Por causa da perseguição do regime militar a trupe acabou precisando se exilar na França. Mas o espetáculo teatral deles acabou sendo sucesso em Paris. O sucesso na Europa contou até com o apoio da atriz e cantora Liza Minelli. Eles arrasaram tanto que conseguiram uma parceria com o cineasta Claude Lelouch, no filme Le Chat et la Souris.

 

A origem do arraso 

O espetáculo criado pela trupe na década de setenta foi “Gente Computada Igual a Você”. Gente Computada apresenta números cantados, dublados e dançados, entremeados por monólogos que equacionam as experiências de vida dos integrantes. Na equipe criadora do espetáculo constam os nomes do coreógrafo Lennie Dale, do autor Wagner Ribeiro de Souza, e dos bailarinos Cláudio Gaya, Cláudio Tovar, Ciro Barcelos, Reginaldo di Poly, Bayard Tonelli, Rogério di Poly, Paulo Bacellar, Benedictus Lacerda, Carlinhos Machado e Eloy Simões.

A inspiração para a montagem dos espetáculos do Dzi Croquetes veio da Off-Broadway, que se trata de uma espécie de “Lado B” da Broadway. As produções em teatros off-Broadway são mais baratas, têm menos divulgação e são também mais desconhecidas. A escala menor dos espetáculos permite que obras mais experimentais sejam apresentadas, ou seja possibilita peças mais underground, assim como a proposta de “Gente Computada igual a você’. Além da importância artística do grupo, que trouxe influência para outros grupos teatrais, eles incentivaram a criação de coletivos voltados para a militância LGBT.

 

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Os desdobramentos do arraso 

Inspirados no documentário Dzi Croquettes, jovens atores se reúnem decididos a viver uma experiência teatral baseada na filosofia do grupo homônimo que revolucionou o teatro brasileiro na década de 70 e serviu de inspiração a grandes talentos como Ney Matogrosso, Maria Zilda, Claudia Raia, Miguel Falabella e Marília Pera.

O espetáculo musical “Dzi Croquettes em Bandália” trouxe de volta toda a irreverência e o escracho, numa apresentação que possui fôlego para caminhar com o novo, preservando a essência do grupo sem cair na vala comum da nostalgia. O fio condutor é justamente o documentário realizado em 2009, dos diretores Tatiana Issa e Raphael Alvarez. No espetáculo, após assistir ao filme, um grupo de atores resolve invadir uma garagem abandonada que vai se transformando em palco para as experimentações cênicas. Para isso, se juntam a um remanescente da formação original, que assume a direção do novo grupo e com quem se lançam na aventura de viver em comunidade para realizar suas performances, e onde tudo pode acontecer para preservar sua causa ideológica; desde encenações criadas a partir da vivência entre eles, até um cabaré clandestino, que funciona após a meia-noite onde os rapazes se “divertem” para garantir o seu sustento.

Composto por uma nova geração de bailarinos, cantores e atores, a montagem que serviu de modelo para uma geração de artistas prioriza suas características originais, como a irreverência e um espírito artístico indomável, da força e a beleza que existe na arte de contestar com bom humor. Bruno Gissoni, que é uma das estrelas do espetáculo, já viveu personagens de tirar o fôlego da mulherada, como o Dj Pedro, protagonista da 18º temporada de Malhação, o pescador Juliano–que vivia sem camisa, em Flor do Caribe, e o bad boy Guto, de Babilônia. O ator Filipe Ribeiro, que interpretou o homofóbico Fred junto com o ator Bruno Gissoni na novela “Babilônia”, é novidade do elenco e já será visto nas apresentações da peça em Goiânia. Em Dzi Croquettes os atores mostram um lado desconhecido para o público. Atuam com vestidos, perucas, maquiagem e salto alto. “É completamente diferente, um baita desafio! Sempre busco desafios desse tipo, que exigem muito de mim. Tanto é que eu não dançava, não cantava, não fazia nada! Foi difícil aprender, mas o resultado é recompensador”, diz Gissoni.

O espetáculo mantém sua forma original, com algumas canções contemporâneas, de bandas como Ira!, Titãs e Mamonas Assassinas, além de estilos como o rap e o eletrônico. O elenco esbanja vigor físico e apurada técnica teatral para vivenciar suas interpretações “masculinas femininas” tendo como ingrediente principal a paródia. Cheio de humor, com números musicais e coreográficos, o espetáculo satiriza a realidade.

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Dzi Croquettes

Duração: 90 minutos

Classificação: 14 anos

Horário: 21 horas (sábado) e 20 horas (domingo)

Local: Teatro SESI (Av. João Leite, nº 1.013, Setor Santa Genoveva)

 

Venda de ingressos on-line pelo site compreingressos.com ou, diretamente na bilheteria do Teatro (de segunda à sexta-feira das 9h às 17h e nos dias dos espetáculos das 9h até o seu início).

 

Ingressos

Da Fila A até Fila O (Plateia Inferior)

R$ 130 (inteira) ou R$ 65 (meia-entrada)

Da Fila P até Fila U (Plateia Superior)

R$ 110 (inteira) ou R$ 55 (meia-entrada)

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