Cultura

Clássicos nunca envelhecem

Redação

Publicado em 14 de março de 2016 às 22:39 | Atualizado há 4 meses

 

“O Poderoso Chefão” é um filme de 1972 (a primeira parte) que tem o nome original de “The Godfather”, ou “O Padrinho”. O filme dirigido por Francis Ford Coppola é inspirado no livro de Mario Puzzo que conta a história de uma família mafiosa, do Cosa Nostra, entre os anos de 1945 e 1955.

O filme é um sucesso absoluto em termos de crítica e público, sucesso que atravessou gerações e ainda é um dos mais queridos da cultura pop. A direção de Coppola foi marcada como símbolo de genialidade cinematográfica.

Várias frases do filme ficaram eternizadas e são repetidas toda vez que se toca no assunto. Uma extremamente famosa e um tanto quanto aleatória é “Leave the gun, take the cannoli” ou “Deixe a arma, leve o cannoli” proferida pelo personagem Clemenza após um assassinato.

Outras como “Farei uma oferta irrecusável a ele”, referência a oferecer um negócio desvantajoso mediante uma ameaça. Ou a genial “Tenho uma fraqueza sentimental pelos meus filhos como pode ver. Eu os estraguei, eles falam quando deveriam ouvir” dita por Vito ao reprimir sutilmente um de seus filhos durante uma negociação com outras famílias mafiosas.

A história dos Andolini, ou Corleone

Em resumo, o personagem principal, Vito Andolini, vindo ainda criança da Itália para a América cresce em um reduto ítalo-americano. Quando se torna um homem o jovem Vito ganha o respeito de sua comunidade após assassinar um homem que cobrava altos impostos em troca de “proteção”. A partir disso começa a conceder favores dentro de sua comunidade adquirindo respeito e poder.

O primeiro filme da trilogia começa quando Vito, já com a alcunha Corleone (região da Itália de onde ele veio) é um grande mafioso, interpretado com maestria por Marlon Brando. Nas primeiras cenas ele está recebendo convidados no casamento de sua filha, mesmo as pessoas que vão à celebração em busca de favores do mafioso afinal “Um siciliano não pode recusar um pedido no dia do casamento de sua filha”. Apenas no segundo filme conta-se parte da história do jovem Vito e sua ascenção na máfia.

Ao fim do primeiro filme com o afastamento de Vito Corleone dos negócios, por conta de sua idade avançada, Michael Corleone interpretado por, Al Pacino, comanda uma série de assassinatos nos Estados Unidos para afastar a ameaça ao poder dos Corleone e acertar contas com as outras famílias. O segundo filme retrata os negócios sob o comando de Michael Corleone. Já o terceiro… Não importa muito, afinal ninguém gostou do filme.

De quem é o poder?

Um universo controlado por homens brancos e poderosos, difícil de imaginar? Brincadeira, a gente sabe que dá pra imaginar direitinho. Mas um filme que coloca isso sem nenhum personagem pra atrapalhar essa soberania é o “Poderoso Chefão”.

“Mulheres não podem se intrometer nos negócios da família” e “não se deve negociar com negros pois eles não são seres humanos confiáveis e honrados como nós”, estes são preceitos da família Corleone e de todas as outras da Cosa Nostra, fatos mostrados no filme de Coppola.

Muitas vezes no cinema algumas coisas são, digamos, amenizadas, em adaptações de livros. Um dos casos são as recorrentes referências racistas que no livro são ferrenhas, inclusive falando dos negros como uma espécie diferente dos humanos brancos, em que não se pode confiar. Porém tais referências não são explícitas no filme pois poderiam causar um grande impacto negativo ao público, mesmo na época.

Já as referências de superioridade masculina como únicos seres realmente sérios e importantes no universo foram mantidas mesmo no filme. Isso não é motivo pra deixar de ver ou gostar do filme, trata-se de um filme de 70 baseado na sociedade da década de 40.

“Passei a vida inteira tentando não ser descuidado. Mulheres e crianças podem ser descuidadas; homens, não.” Ficção, mas nem tanto A história da Cosa Nostra não é uma invenção de Puzo, é fruto de observação e pesquisa, apesar de se tratar de uma ficção. Muitos dos personagens do romance tem correspondência com pessoas reais.

Um dos casos mais famosos é o de Frank Sinatra, representado no filme como Jonhy Fontane. “Durante anos, a Máfia patrocinou o amigo Sinatra e, quando sua carreira caminhava para a decadência, mafiosos, como Sam Giancana, levantaram-na com elegância e, não menos importante, violência”. Sinatra ameaçou Puzo várias vezes por causa do personagem e eles se estranhavam toda vez que se encontravam em um evento social.

O personagem de Vito Corleone, de acordo com pesquisadores e entusiastas, é a mistura de três figuras reais: Joseph Bonanno, Charles “Lucky” Luciano e Carlo Gambino. Porém o mais semelhante era mesmo Bonanno, que tinha uma personalidade cheia de polidez e simpatia apresentando uma figura cativa.

Já o mafioso Charles “Lucky” tocava negócios semelhante a Vito, com casas de jogos e prostituição e criou uma comissão da máfia a qual ele liderava, assim como Vito. A semelhança com Carlo Gambino era o apreço ao que eles consideravam  dignidade e a ideia de que só o poder de alguns homens dobraria uma sociedade corrupta.

Que coisa é éssa de “Cosa Nostra”?

A Cosa Nostra (Coisa Nossa), ou máfia italiana é uma sociedade criminosa secreta que se desenvolveu na primeira metade do século XIX na Sicília, região da Itália. Depois a Cosa Nostra se expandiu para a costa Leste dos Estados Unidos e na Austrália no final do século XIX, seguindo as ondas de imigrantes do sul da Itália.


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