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Vida noturna

Com variedade de drinques, Woodstock é refúgio curtir madrugada

Talvez toque Stones, depois se alterne para Led Zeppelin, em seguida se ouve Hendrix. DM visitou local numa madrugada de sexta pra sábado

Imersão à cultura pop: paredes decoradas com quadros de músicos e atrizes - Fotos: Divulgação Imersão à cultura pop: paredes decoradas com quadros de músicos e atrizes - Fotos: Divulgação

Rua 8 pra lá, noite adentro, cerveja em compasso. Sexo nas esquinas, violentas paixões, como diria o Barão Vermelho. Aliás, veja você, foi saindo do show do Barão - baronizado, portanto - é que caí no Woodstock, Avenida D, Setor Oeste, em Goiânia. E valeu o esforço etílico: pileque a preço justo, negroni saboroso, gin tônica simpático. Johnny Cash te acompanha a cada incursão ao banheiro, Uma Thurman no cartaz de “Pulp Fiction” te supervisiona ao toalete, Jimi Hendrix te abençoa no santuário das peregrinações noturnas.

Um bom desfecho boêmio. Na madrugada goianiense, é um dos pontos nos quais a parada se faz obrigatória. Talvez um Stones role no som, depois se alterne para Led Zeppelin, em seguida Clash manda ver aquele punk deles. Gente descolada. Diversão na certa. A casa abre às quartas e quintas quando o ponteiro do relógio avisa que já são 18h e, até às 3 da madruga, quase nada, como cantaria Gal, o que há é uma confluência de biritas e laricas.

Mas às sextas-feiras e aos sábados, meu amigo, a coisa vai ainda mais longe na bebura: 4 da madruga. Woodstock costuma ser bom refúgio para o caso de a Liberté ou o Zé Latinhas (Rua 8, Setor Central, próximo à Anhanguera) baixarem as portas, o que fazem lá pela 1h, e tudo o que você quer é esticar a noitada. Costuma ser um lugar aprazível se você também já se encheu de praticar o etilismo sempre na autoproclamada rua mais boêmia da cidade.

Olha só o repertório da casa: Woodstock, que é point noturno de marxistas, anarquistas, punks, sociólogos, jornalistas, antropólogos, professores e advogados, serve breja em copo americano e destilados em minicopinhos que lembram o formato do americano, no caso da cachaça. Uísque, não, uísque chega à mesa da freguesia no clássico on the rocks, no qual há bojo largos, mas baixos e sem haste. Cai bem ali bourbon, scotch ou, até mesmo, caipirinha.

“Purple Haze are in my brain…” Esse música do Hendrix veio instantânea à cabeça. Se pensar bem, há uma música do guitarrista pros momentos em que o verbo engazopar resume nosso estado existencial. Vai aí uma dica: quem curte rock, gosta da zoeira e de cair na diversão precisa pedir ao garçom o orgasmatron, drink especialidade do Woodstock cuja composição inclui tequila, licor de cacau, curaçau. Isso já deixou muita gente ébrio, mas - imagino eu - cimentou as dores provocadas por aquela dilacerante paixão ceifada.

Para o caso de uma comilança, a casa dispõe de cardápio harmonizado com a boa e velha breja, como porção de pastel, e ainda alimenta numa nice casal esfomeado, a exemplo da tradicional panelinha - uma sai a R$ 60. Com R$ 100 (ou pouco mais), você consegue comer e, como tomamos cerveja e queremos carinho e sonhamos sozinho, lubrifica o vernáculo numas três ou quatro garrafa 600 ml. O Woodstock faz ainda generosos sandubas, que às vezes se encontram em promoção, e porção de frango à passarinho, também camarada dos bolsos quebradões da noite.

Afora os serviços prestados aos bebuns de ordem etílica e gastronômica, a casa ajuda a fomentar a cena roqueira da Capital goiana. O baterista Moka Nascimento e o guitarrista Emídio Queiroz, dois nomes essenciais à velha guarda do rock produzido no Estado, são presenças habitués no botecão do Setor Oeste. Tocam seus repertórios clássicos - Pink Floyd é um dos mais conhecidos. E quando a Monstro Discos traz alguém de renome, como aconteceu com o cachorro grande Marcelo Gross, é lá que os ingressos são vendidos.

O DM visitou o Woodstock Rock Bar na madrugada de sexta, 14, e sábado, 15, assim que acabara a apresentação feita pelo Barão Vermelho no festival Deu Praia. Como o repórter conversou com o baterista Guto Goffi sobre as noitadas do lendário produtor Ezequiel Neves junto de Cazuza, caras que queimaram como fogos de artifício pela noite, restou a opção de esquentar a voz no Woodstock. O jornalista estava com a esposa e mais quatro amigos. Tudo pro escriba deu uns R$ 75 ou R$ 80, mas leve em consideração a cerveja sorvida na casa.

Com nome em homenagem ao lendário festival de Woodstock, realizado numa fazenda no estado de Nova York, entre os dias 15 e 18 de agosto de 69, a casa leva o cliente a se imergir na cultura pop. É como se entrasse nas páginas do romance “Tanto Faz”, obra escrita por Reinaldo Moraes - um dos textos, aliás, essenciais para a literatura à margem das boas obras normas. Há uma constelação de ídolos, artistas do século passado, músicos importantes e gente esperta e aberta nas paredes do bar. E, melhor de tudo, a cerveja é gelada e barata.

Woodstock Rock Bar

Petiscos & drinks

Quarta e quinta, das 18h às 03h

Sexta e sábado, 18h às 04h

Domingo, 18h às 02h

Av. D, 1064 - St. Oeste

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