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Crítica: Billie Eilish flui por diferentes sons em 'Hit Me Hard and Soft'

Expansão de sonoridades é ideal para o conteúdo do álbum, que também se tornou, de certa forma, mais experimental

Billie Eilish, estrela da música pop - Foto: Petros Studio/ Divulgação Billie Eilish, estrela da música pop - Foto: Petros Studio/ Divulgação

Billie Eilish sempre foi dona de um som particular. Seja com os vocais sussurrados e batidas minimalistas em seu disco de estreia, "When We All Fall Asleep, Where Do We Go?", de 2019, ou as baladas de piano luxuosas de "Happier Than Ever", de 2021, a cantora americana e seu irmão Finneas O'Connell parecem se dedicar a um som específico a cada projeto que oferecem ao mundo.

Chegando ao fim de sua primeira década de carreira, porém, a dupla parece ter diversificado as paletas sonoras pelas quais Billie navega. O resultado está no álbum "Hit Me Hard and Soft", lançado nesta sexta-feira, 17, que consolida Billie Eilish ainda mais como um dos nomes mais criativos do pop americano atualmente.

Felizmente, o peso do sucesso que se tornou nos últimos cinco anos não é tão aparente em "Hit Me Hard and Soft". Não que o disco soe mal feito, pelo contrário --as faixas mostram ter sido muito bem gravadas e mixadas, com o álbum soando limpo, mas não superproduzido.

Eilish e Finneas escrevem, compõem e performam com a liberdade de um artista gravando seu primeiro disco, sem nada a provar para ninguém.

Ela ainda é uma cantora pop de voz suave e, em muitos momentos, de baladas melancólicas -- principalmente "The Greatest", que parece que poderia se encaixar facilmente na tracklist de "Happier Than Ever". Mas não seria exagerado dizer que "Hit Me Hard and Soft" leva essas classificações até seus limites.

Algumas faixas chamam a atenção logo de cara por serem muito diferentes do que Billie fez anteriormente. Um bom exemplo é a faixa "Lunch", uma das que mais chamou a atenção dos fãs após ser tocada pela cantora em um set no Coachella por suas letras sobre se atrair por outras mulheres. A sonoridade também é surpreendente: uma faixa indie eletrônica que poderia ter sido feita em 2007 pelo Kaiser Chiefs. Já a música seguinte, "Chihiro", é um house suave e dançante.

É uma liberdade que se reflete ao longo da sua carreira.Por volta de 2017, ela e o irmão já eram conhecidos por certos cantos nichados da internet, onde lançavam canções numa mistura de pop e R&B com uma pitada de hip-hop, que a cantora já declarou ser seu ritmo preferido.

Já "Bad Guy", primeiro hit da cantora, virou a cabeça de críticos e público com uma batida simples, mas pulsante, e seus vocais silenciosos, mas com letras desafiadoras. Foi uma das músicas mais estranhas do pop americano na década passada.

É raro que uma artista --ainda mais no pop-- mostre esse nível de despreocupação com o que as pessoas esperam dela em termos de consistência e se aventure sonoramente tanto quanto Billie faz neste álbum.

É perceptível que Finneas ganhou uma amplitude de experiência e referências por seus trabalhos com outros artistas como Karol G e Kid Cudi. Os experimentos dele também aparecem de outras maneiras, com as estruturas de faixas mais experimentais --"L'Amour de Ma Vie", por exemplo, muda completamente de batida e ritmo na metade-- e distorção de vocais, como na faixa "Blue".

A expansão de sonoridades é ideal para o conteúdo do álbum, que também se tornou, de certa forma, mais experimental e arriscado para Billie. Do alto de seu terceiro disco, a cantora admite enfim ter parado de "ser um personagem" e passar a falar honestamente sobre suas experiências em faixas pessoais e confessionais. Quem ganha somos nós.

HIT ME HARD AND SOFT

Avaliação: Muito bom

Onde: Disponível nas plataformas de streaming

Autoria: Billie Eilish

Gravadora: Universal

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