Cultura

De fato, um poeta

Redação DM

Publicado em 14 de outubro de 2016 às 02:30 | Atualizado há 7 meses

O cantor norte-americano Bob Dylan, de 75 anos, foi anunciado ontem (13) como o mais novo Nobel de Literatura, nomeado pela Academia Sueca. Apesar de o nome do artista já haver figurado algumas vezes na lista de possíveis candidatos, e até mesmo ter sido citado por especialistas, o anúncio do nome de Dylan deixou o público surpreso (de uma maneira bem gostosa, ressalto). Os outros nomes cogitados para a premiação já não eram novidade: Haruki Murakami, do Japão; Philip Roth, dos Estados Unidos da América; e Ngũgĩ wa Thiong’o, do Quênia.

Bob Dylan é o segundo músico da História a conquistar um Prêmio Nobel de Literatura, sendo o primeiro em 103 anos. Agora, o artista é o único a carregar no currículo premiações como Grammy, Pulitzer, Globo de Ouro, Oscar (por Things Have Changed, tema do filme Garotos Incríveis), e Nobel, além de figurar no Hall da Fama do Rock‘n’roll. “Ele é o grande poeta, um grande poeta dentro da tradição da língua inglesa. Um autor original que carrega com ele a tradição e está há mais de cinquenta anos inovando e se renovando. Se olharmos milhares de anos para trás, descobriremos Homero e Safo. Escreveram textos poéticos feitos para serem escutados e interpretados com instrumentos. O mesmo acontece com Bob Dylan. Pode e deve ser lido”, disse Sara Danius, secretária permanente da Academia Sueca, em cerimônia solene para o anúncio do vencedor.

A Academia Sueca atribuiu a premiação de Dylan ao fato de o cantor ter conseguido mesclar o folk, a poesia beatnik e o cancioneiro americano, “criado uma nova expressão poética dentro da grande tradição americana da canção”. Conheça um pouco mais dos “favoritos” ao Nobel da Literatura, desbancados por Bob Dylan:

Philip Roth

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Nascido em Nova Jersey em 1933, o romancista norte-americano de origem judaica é tido como um dos maiores escritores norte-americanos da segunda metade do século XX. Entre as obras mais conhecidas do escritor estão “Goodbey, Colombus”, uma coleção de contos datada de 1959, “O Complexo de Portnoy”, novela de 1969, e a trilogia americana de novelas “Pastoral Americana” (1997), “Casei com um Comunista” (1998), e “Complô contra a América” (2004). “Pastoral Americana” rendeu ao romancista o Prêmio Pulitzer de Ficção. Além do mais, Philip Roth é o único autor a ter suas obras totalmente publicadas, ainda em vida, pela Library of America, cuja missão é preservar as obras tidas como herança cultural norte-americana.

 

Haruki Murakami

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Considerado pela mídia internacional como o favorito para o Prêmio Nobel de Literatura 2016, Haruki Murakami é escritor e tradutor. Considerado um dos maiores autores da literatura japonesa, o escritor teve sua obra traduzida em mais de 50 idiomas. Nascido em Quito pouco após o fim da Segunda Guerra Mundial, herdou dos pais o gosto pela literatura japonesa. Migrou para a Europa e logo em seguida para os Estados Unidos, onde reside até hoje. Sua primeira obra, “Hear the Wind Swing “, foi publicada em 1979, mas foi “Norwegian Wood”, de 1987, inspirada numa canção de The Beatles, que o consagraria para sempre na literatura japonesa. Além de grande escritor, Murakami também é um grande fã de esportes de resistência. Em 1996, aos 33 anos, concluiu sua primeira ultramaratona, um percurso de 100 quilômetros, ao redor do Lago Saroma, no Japão.

 

Ngugi wa Thiong’o

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O escritor queniano teve maior parte de sua obra escrita em inglês, e recentemente passou a escrevê-las também em língua kikuyu, uma língua bantu, de origem nigero-congolesa, falado inicialmente na atual região do Quênia. 22% da população do Quênia, cerca de 6 milhões de pessoas, falam a língua kikuyu atualmente. Sua primeira novela, “Weep not Child”, publicada em 1962, pouco antes da independência queniana, revela o cunho ativista do autor. A história, narrada pela ótica do jovem Njoroge, revela as tensões entre negros e brancos, o choque de cultura entre europeus e africanos, num período em que os Mau Mau, revoltosos kikuyu, se voltaram contra a soberania britânica. Thiong’o’ fora cotado para a premiação pela primeira vez em 2010. No ano passado, fora anunciado para participar da Feira Literária de Paraty (RJ).

 

 


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