Cultura

“É preciso estar atento e forte”

Diário da Manhã

Publicado em 26 de novembro de 2016 às 01:45 | Atualizado há 4 meses

Para o Festival Loukomotiva Rock, que acontece amanhã, a partir das 17 horas, na Atlanta Music Hall e que terá também a presença da banda Raimundos, a Jota Quest chega hoje a Goiânia, parecendo ter encontrado a fonte da juventude. Sério. Eles estão comemorando 20 anos de trajetória, mas estão produzindo faixas tão dançantes como no início da carreira, que até conseguem suavizar a supremacia do sertanejo e do funk nas rádios do Brasil.

Seus últimos álbuns, o “Funky Funky Boom Boom” (2013) e “Pancadélico” (2015), resgataram o clima funk, disco, soul, que contagiaram com mais força o primeiro álbum de estúdios dos caras, o “J. Quest” (1996). Este trabalho tinha swingadas canções, como: “As Dores do Mundo” e “Encontrar Alguém”.

Um belo exemplo do retorno a esta sonoridade é o hit “Blecaute”, uma das mais recentes canções de trabalho de “Pancadélico” e tem a participação da cantora Anitta. Já a faixa “Um Dia Para Não Esquecer”, que tem como convidado o rapper Projota, mostra que o estilo baladeiro da banda, que fez sucesso no final da década de 1990, com o hits do calibre de “Fácil”, também possuem seu devido espaço. Esta faixa está, inclusive, entre as canções mais executadas nas rádios do Brasil em novembro.

Mas voltando à black music de “Pancadélico”, de acordo com o vocalista do grupo, Rogério Flausino, em entrevista ao DMRevista, esta ênfase se deu por pura saudade de fazer um som, segundo ele, “sem pressão, sem frescura e sem afetação”. No entanto é fato que algumas companhias que os mineiros tiveram neste álbum também pesaram muito.

A começar, o mais recente trabalho foi produzido por Jerry Barnes e Nile Rodgers, integrantes do grupo Chic, um dos maiores sucessos da disco, nos anos 1970, que emplacou sucessos como “Le Freak” e “Good Times”.

“Pancadélico” tem ainda participações de Stuart Zender (ex-Jamiroquai), Wilson Sideral e Arnaldo Antunes. Sobre este disco, o show de amanhã, os 20 anos de carreira, mercado da música, entre vários outros assuntos, conversamos com Rogério Flausino. Confira a entrevista a seguir.

 

Festival Loukomotiva Rock com Jota Quest e Raimundos 

Quando: Amanhã, a partir 17 horas

Ingressos: a partir de 100 (inteira)

Onde: Atlanta Music Hall ( BR-153, Km 10 saída para São Paulo- Aparecida de Goiânia)

Censura: 16 anos

 

Entrevista Rogério Flausino

flausino

DMRevista:  O show que fazem aqui é o Pancadélico Tour?

RF.: Sim. É o show da Pancadélico Tour Jota 20. Este show tem uma pegada mais dançante, mas não deixa de ter as canções mais lentas, os rocks e até uns reggaes. Um bom show tem que ter certo equilíbrio. Estamos fazendo um mix bacana das novidades dos últimos dois álbuns com os hits marcantes destes nossos 20 anos. A ideia é fazer um “baile” gostoso pra galera se jogar, sem medo de ser feliz.

 

DMRevista: Neste últimos dois discos, a Jota Quest retornou às suas raízes, brincando mais com a sonoridade da black music. Era uma necessidade de vocês resgatar esta essência tão interessante?

RF.: Não era exatamente uma “necessidade”, mas um caminho musical que sempre nos trouxe boas vibrações, alegria e resultados artísticos bacanas. Os álbuns “Pancadélico” e seu antecessor “Funky Funky Boom Boom” são basicamente discos de pop-rock, mas com forte acento da black-music (funk, disco, soul). A ideia principal deles é fazer uma música boa pra dançar, com leveza e simplicidade. Mas agora, depois de 20 anos, por nossa maior experiência, com mais qualidade. Acho que, após as comemorações de nossos 15 anos, alguma energia nos fizeram partir em busca de um reencontro com nossas raízes. Daí entramos em modo composição e, naturalmente, tudo começou a nos levar de volta ao início da banda. Acho que foi saudade mesmo de quando tudo era mais simples, sem pressão, sem frescura, sem afetação.

 

DMRevista: Vocês são uma das bandas do pop rock mais estáveis do momento. Conseguem se reinventar, não se envolvem em polêmicas, fazem diversas parcerias e suas canções sempre estão na rádio.  O que é inevitável para uma banda de rock pop conseguir se manter no topo tanto tempo, nos dias de hoje?

RF.: O inevitável é ter sempre que trabalhar muito, tanto no estúdio quanto na estrada. Sempre fomos muito dedicados à profissão. É preciso ser extremamente atento, responsável e profissional quando se está inserido num cenário como o da música pop, que sofre transformações sistemáticas em seus quadros de consumo e de comportamento. Não perder o trem da história tem a ver com não se deixar levar por qualquer novidade ou tropeço nesta estrada que é muito sedutora, mas também bem esburacada. “É preciso estar atento e forte”.

 

DMRevista – Nestes 20 anos de carreira, quais momentos elege como mais especiais?

RF.: Bem, são muitas emoções (risos)!  Um deles foram os shows de gravação de nosso primeiro DVD, o “MTV – Ao Vivo”, em 2003, quando reunimos mais de 110 mil pessoas, em dois dias, na Praça do Papa, em BH, nossa cidade natal. CD e DVD alcançaram a marca de 1,5 milhão de cópias e ajudaram a explodir canções como “Amor Maior”, “Do Seu Lado”, “Na Moral”, “Só Hoje”, “Mais Uma Vez” entre outras. Depois houve também a nossa primeira vez no Rock in Rio, no Rio, em 2011. Era o retorno do Festival ao Brasil depois de 10 anos e estávamos comemorando nossos 15 anos. Para uma plateia de 100 mil pessoas fizemos, sem dúvidas, o maior show de nossa carreira. Este show gerou o CD e DVD “Rock in Rio – Ao Vivo”, que faturou o Prêmio Grammy Latino, em 2012. Acho também que esta nossa recente aproximação com os produtores Nile Rodgers, Jerry Barnes e Stuart Zender (Jamiroquai), que estão nos ensinando muito, é também um de nossos melhores momentos.

 

DMRevista: Possuem alguma história interessante vivida em Goiânia?

RF.: Minhas melhores recordações com Goiânia tem a ver com os shows. Muitos deles no Festival GO Music, com muitas passagens legais, grandes encontros musicais. Outras duas vezes mágicas foram as que tocamos nas festividades do Rally dos Sertões. Além, é claro, dos shows no Clube Jaó!! Goiânia é uma cidade muito acolhedora e animada, o que tem tudo a ver com o Jota Quest (risos).

 

DMRevista: Além de “Pancadélico”, estão pensando em algum projeto comemorativo para celebrar os 20 anos do grupo? Há a possibilidade de nascer um álbum acústico?

RF.: Esta nossa “Pancadélico Tour” é parte desta comemoração de 20 anos, mas é possível que façamos sim algo especialmente dedicado ao aniversário, agora em 2017. E vamo que vamo!

 

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