E se não fosse o samba?
Diário da Manhã
Publicado em 16 de março de 2017 às 02:15 | Atualizado há 4 meses
Na década de 30 um jornalista de nome Francisco Guimarães, popularmente conhecido como Vagalume, tentou responder a pergunta “Onde nasce o samba?”. Foi um dos primeiros autores a escrever sobre as raízes desse ritmo que nasceu no morro, desceu por insistência, se travestiu com outras roupas mas que no fundo todo mundo imagina sua origem.
Em seu livro, Na Roda do Samba, Vagalume reuniu crônicas que juntavam fatos e um lirismo boêmio que só a velha escola de jornalismo sabia fazer. Em um trecho de sua obra ele inicia o relato poético da origem do samba “Onde nasce o samba. Lá no alto do Morro – no coração amoroso de um homem rude, cuja musa embrutecida não encontra tropeços para cantar as suas alegrias e as suas mágoas. em versos mal alinhavados, que traduzem o sentir de um poeta que não sabe o que é metrificação nem tem relações com o diccionario. Ele é o poeta e o musicista.”
Para homenagear e celebrar o samba numa bela quinta-feira, afinal tristeza não paga dívida, o Conjunto Samba Matuto apresenta ao público goiano o projeto “De onde o samba vem – homenagem aos velhos sambistas” no teatro do IFG, hoje. O conjunto traz como proposta a formação das antigas rodas de samba, cantadas em coro e com muita batucada.
No repertório, canções que saúdam as cinco primeiras escolas de samba do Rio de Janeiro: Deixa Falar, Portela, Mangueira, Império Serrano e Salgueiro. A entrada é franca. Abertura dos portões às 19h. Composto por Agnaldo Basílio (cuíca e tamborim), Danilo Carvalho (cavaquinho), Lucas Barrocal (curimba e tamborim), Marcelo Calango (pandeiro), Murilo Livio (surdo), Pedro Jordão (violão 7 cordas) e Pompílio Machado (reco-reco, agogô e berimbau).
Nós é matuto, mas também sabe sambar
O Conjunto Samba Matuto surge em 2016, na cidade de Goiás (Goiás Velho) a partir do encontro de Agnaldo Basílio e Marcelo Calango, onde articularam uma reunião com músicos de Goiânia para a realização do projeto em homenagem aos velhos sambistas.
Os integrantes Agnaldo Basílio e Pompílio Machado contam como iniciou esse projeto musical que tem se apresentado em diversos eventos do gênero na cidade de Goiânia. “O projeto surge a partir da necessidade de romper com o eixo, já cristalizado, entre Rio de Janeiro e São Paulo, como absolutos territórios de exercício do samba, e a partir daí levar a outros lugares grandes obras de mestres e mestras já esquecidos nas rodas de samba.”
Eles continuam relatando qual o objetivo de seu trabalho de trazer o samba raiz pra terra do pequi e agir na manutenção da cultura negra. “Percebemos que, com isso, estamos exercendo um papel importante na cultura do samba no que se refere à ressignificação e manutenção da memória cultural do povo afro-brasileiro”.
Sobre as escolhas das músicas que integram o projeto, eles contam sobre o trabalho de pesquisa e vivências para construir a apresentação. “Parte do repertório surge através de pesquisas que tiveram como fio condutor os nomes de compositores como Cartola, da Mangueira, Manasseia, da Portela, Ismael Silva, da extinta Deixa Falar, Dona Ivone Lara e Silas de Oliveira, do Império Serrano, entre outros. Outra contribuição importante na formação do repertório foram as vivências nas Rodas de Samba em São Paulo de Agnaldo e Marcelo, onde se executavam essas e outras mais.”
Local: Teatro do IFG (próximo ao Parque Mutirama) – 74020-045 – Goiânia
Data: 16 de março (hoje)
Horário: 20h
Entrada gratuita