Eduardo Kobra finaliza em Lisboa mural sobre o cacique Raoni
Redação DM
Publicado em 7 de junho de 2017 às 02:34 | Atualizado há 8 anos
O muralista brasileiro Eduardo Kobra entregou em Lisboa um mural de 11,5 por 15 metros, cujo tema é o cacique Raoni (liderança indígena kayapó). O mural foi realizado de 22 a 29 de maio. Antes de realizar o mural, Kobra pediu a autorização de Raoni. “Concordei. Obras assim divulgam a causa indígena. E o mundo precisa saber de nossa luta, respeitar os índios e respeitar a natureza como um todo”, diz o cacique.
Antes de Portugal, Kobra esteve de 15 a 20 de maio em Carrara. Na pequena cidade italiana, pintou o mural de 12 metros de altura por 20 metros de largura diretamente no mármore, no alto de uma das pedreiras, onde Michelangelo e tantos outros artistas italianos buscavam o mármore para suas obras. O mural, de nome ainda indefinido, é inspirado na obra “Davi”, de Michelangelo. Antes de pintar em Carrara, Kobra passou quatro dias em Florença, visitando galerias e museus, para se aprofundar nas obras de pintores e escultores italianos, especialmente Michelangelo.
Portugal é a quinta etapa da viagem de Kobra. De 16 a 23 de abril, ele esteve em Blantyre, em Malawi, África, onde pintou dois murais em um hospital infantil, a convite da cantora Madonna. Depois, de 24 de abril a 2 de maio, realizou em Murcia, na Espanha, o mural “Dali” (sobre o pintor Salvador Dalí), obra que já se tornou atração cultural e turística na cidade. De 3 a 7 de maio, Kobra foi para Dusseldorf, na Alemanha, onde fez uma breve exposição de cinco de suas telas inspiradas em mães de todo o mundo. Kobra segue agora para os Estados Unidos, na última etapa da sua viagem.
Em junho, Kobra retorna para o Brasil, para lançar no dia 27 de junho seu livro – Kobra – que traz fotos e textos sobre seus principais murais no Brasil e no mundo, e para inaugurar o “Maior Mural do Mundo”, que fez no Km 35 da rodovia Castelo Branco.
Sobre o novo mural, em Lisboa, Kobra diz: “É um dos meus trabalhos mais importantes por tudo o que ele representa. Fiz questão de colocar uma figura icônica indígena, uma liderança, pintada no mural. Para mostrar que é preciso falar dos índios. É preciso que todos lembrem que os índios estavam e ainda estão no Brasil. Mas não precisamos só falar dos índios. Precisamos ouvi-los também! Os índios têm em sua cultura, conhecimentos e valores que nós perdemos, como o respeito pela Natureza e pelo Planeta como um todo. Temos muito o que aprender com eles.”
Com o novo mural Kobra retoma o tema do belo e impactante mural “Etnias – Todos Somos Um”, monumental trabalho, com 2.646,34m², que realizou no Boulevard Olímpico, no Porto Maravilha, Rio de Janeiro, pouco antes dos Jogos Olímpicos. No mural, estão representados os cinco continentes: Ásia – Karen, da Tailândia; Oceania – tribo Hulis, da Papua Nova Guiné; América – os Tapajós, da região amazônica; Europa – tribo Chukchis, da Sibéria e África – os Mulsi, da Etiópia. A obra foi reconhecida pelo Guinness World Records como o maior mural grafitado do mundo (mas agora foi superada pelo mural que Kobra fez, com impressionantes 5.742m², no paredão da empresa Cacau Show, no km 35 da rodovia Castelo Branco, no município de Itapevi, em São Paulo).
“É um desafio instigante fazer esses murais imensos e estar no Guinness traz ainda mais visibilidade às obras. Mas o que importa mesmo é a mensagem! Infelizmente há no mundo uma intolerância cada vez maior, onde pessoas de diversos continentes, especialmente da Europa, rejeitam o imigrante ou o ‘diferente’. Com o mural no Rio, esperamos ter ajudado e continuar ajudando a fazer as pessoas lembrarem de que todos temos origens ‘semelhantes’, que todos somos diferentes mas iguais; que a diversidade é bela, mas que no fundo Todos Somos Um: a espécie humana”, afirma o artista:
Sobre o novo mural, em Lisboa, Kobra diz: “É um dos meus trabalhos mais importantes por tudo o que ele representa. Fiz questão de colocar uma figura icônica indígena, uma liderança, pintada no mural. Para mostrar que é preciso falar dos índios. É preciso que todos lembrem que os índios estavam e ainda estão no Brasil. Mas não precisamos só falar dos índios. Precisamos ouvi-los também! Os índios têm em sua cultura, conhecimentos e valores que nós perdemos, como o respeito pela Natureza e pelo Planeta como um todo. Temos muito o que aprender com eles.”
Para realizar o mural, Kobra (que também “fala” sobre a questão indígena no mural “AltaMira”, rua Maria Antônia, em São Paulo), pediu a autorização do cacique Raoni. “Concordei. Obras assim divulgam a causa indígena. E o mundo precisa saber de nossa luta, respeitar os índios e respeitar a natureza como um todo”, diz o cacique.