Cultura

Elas podem fazer isso!

Redação DM

Publicado em 30 de julho de 2015 às 00:56 | Atualizado há 5 meses

De hoje até o próximo sábado, Goiânia recebe mostra feminista que, por meio do teatro, cinema e sarais, visa discutir temas como machismo e violência contra a mulher. Nos próximos três dias, uma programação diferente e engajada vai acontecer na Capital. De hoje até o próximo sábado (1º), será realizado pela primeira vez em Goiânia a Tramas e Redes Mostra de Artes Feministas. O evento trará diversas ações culturais, tais como peças de teatro, debates, sarais, intervenções e exibição de filmes. No entanto, mais que entreter, todas estas ações culturais possuem a missão de abordar e incentivar a luta pela igualdade e respeito entre os gêneros.

A maioria da programação vai acontecer na CasACorpO, com exceção do encerramento que acontecerá no Espaço Evoé. Está por trás da Tramas e Redes o Núcleo Ocupa Madalena Teatro das Oprimidas (que está dentro do projeto Tramas e Redes: Feminismos Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres). As atividades contam ainda com a parceria do Grupo Transas do Corpo.

Sendo assim, a série de espetáculos da mostra é baseada basicamente nas últimas ações artísticas do Núcleo Ocupa Madalena. Este grupo de artes cênicas é voltado para mulheres empenhadas em investigar as especificidades das opressões enfrentadas pelas mulheres. E um dos destaques que foi produzido por esta iniciativa é o Teatro Fórum Eu Nunca Disse Sim, que será o grande responsável por abrir o evento hoje, às 19h30.

 

Este espetáculo traz uma das maiores características do Núcleo Ocupa Madalena, que é de usar o “Teatro do Oprimido”, de Augusto Boal, e o “Laboratório Madalena – Teatro das Oprimidas”, de Bárbara Santos e Alesandra Vannucci, como meio de conscientização. Logo, o grupo colocará no palco cenas teatrais relacionadas à violência contra a mulher com o intuito de suscitar o debate junto à população.

Já amanhã será a vez da apresentação da instalação cênica Corpo Ruído. E esta performance será seguida por um bate-papo com Ana Mércia, a autora do livro Diálogo Para Uma Só Personagem, que inspirou bastante esta criação. A obra em questão, por sua vez, é uma espécie de desabafo emocionante da escritora sobre período no qual ficou presa e foi torturada, em plena ditadura militar.

O terceiro e último dia do evento será o mais agitado. Além da repetição da performance teatral Corpo Ruído, às 19h30 – que, aliás, terá duas sessões com capacidade para 15 pessoas –, haverá ainda espaço para a sétima arte. Na Mostra Curtas Tramas e Redes serão exibidos 10 vídeos realizados no curso Tramas e Redes: Feminismos pelo fim da violência contra as mulheres.

 

Rap e Samba

O encerramento oficial da mostra será embalado por diversos tons, entoados por mulheres, claro. A partir das 19h30, no Sarau Sonoridades – que acontecerá no Evoé Café e Livros –, se apresentarão nomes como o da rapper brasiliense Vera Verônika e do Grupo Batuque de Roda Meus Amô, de Goiânia.

Este show de Vera Verônika será um dos maiores destaques da noite, pois, por meio de sua voz, ela tem provado que consegue mudar vidas. Além de artista, a cantora é também feirante e uma professora criativa, que usa a música – neste caso as rimas do rap – para ensinar em suas aulas.

E como não poderia deixar de ser, ela é ainda uma ávida defensora dos direitos humanos, da igualdade de gênero e raça e do combate à homofobia. Logo, esta artista transforma a palavra cantada em um poderoso instrumento de conscientização.

Os goianos do Grupo Batuque de Roda Meus Amô também possuem o mesmo engajamento de Vera, e é composto de sete mulheres, que têm em comum as ideologias e o amor pelas músicas. Seu som é baseado em ritmos populares, tendo como base principal o samba de roda. No repertório se misturam canções de domínio público e composições próprias.

Neste último dia da Tramas e Redes Mostra de Artes Feministas ainda haverá espaço para mais performances teatrais focadas na conscientização. No espetáculo Saltos, por exemplo, as atrizes Maria Rita David e Adriana Lopes irão trazer pertinentes discussões sobre o quase inatingível padrão de beleza.

Outra atração – igualmente emocionante – do Sarau Sonoridades será a exposição de Larissa Cantarino, intitulada Amarras Femininas. Nela, a artista desenvolve trabalhos em fotografia, performance e vídeo com questões referentes à mulher e a sua condição na sociedade contemporânea. Seu intuito é revelar as situações de violência e opressão que a mulher sofre na sua individualidade.

Serviço

Tramas e Redes Mostra de Artes Feministas. Quando: de hoje a sábado (1º). Onde: Casacorpo (Av. 243, esq. com a Rua 233 nº 1370, Setor Leste Universitário) e Evoé Café e Livros (Rua 91, Qd. 20 B, 495, Setor Sul).

O que são e o que querem as feministas Ao filósofo francês Charles Fourier é creditado a criação da palavra “feminismo” em 1837. Dependendo do momento histórico, da cultura e do País, as feministas tiveram diferentes causas e objetivos. Feministas e acadêmicos dividiram a história do movimento em três “ondas”. A primeira se refere principalmente ao sufrágio feminino, movimento que ganhou força no século XIX e início do XX. A segunda se refere às ideias e ações associadas com os movimentos de liberação feminina iniciados na década de 1960, que lutavam pela igualdade legal e social para as mulheres. Já a terceira seria uma continuação – e, segundo alguns autores, uma reação às suas falhas – da segunda onda, iniciada na década de 1990. Confira algumas demandas do movimento:

  • Mulheres devem ganhar salários iguais aos dos homens no desempenho da mesma função;
  • Não é obrigação da mulher cuidar da casa, dos filhos e do marido. Os afazeres domésticos e cuidado com as crianças devem ser de igual responsabilidade para homens e mulheres.
  • Nenhuma mulher é uma propriedade. Nenhum homem tem o direito de agredir fisicamente ou verbalmente uma mulher, ou ainda determinar o que ela pode ou não fazer.
  • O corpo da mulher é de direito somente da mulher. A ela cabe viver a sua sexualidade como bem entender, decidir como vai dispor de seu corpo e da sua imagem, com quem ou como vai se relacionar.
  • Qualquer ato sexual sem consentimento é estupro. Nenhum homem tem o direito de dispor sexualmente de uma mulher contra a vontade dela. Nunca é culpa da vítima.
  • Assédio de rua é uma violência. A mulher tem o direito ao espaço público (e também ao transporte público) sem ser constrangida, humilhada, ameaçada e intimidada por assediadores.
  • A representação da mulher na mídia não pode nos reduzir a estereótipos que nos desumanizam e ajudam a nos oprimir.
  • Mulheres não são produtos. Não podem ser tratadas como mercadoria, isca para atrair homens, moeda de troca ou prêmio.

 

PROGRAMAÇÃO

Hoje

19h30 – Eu Nunca Disse Sim! -Teatro Fórum com Núcleo Ocupa Madalena

teatro das oprimidas

Local: casAcorpO

Entrada franca

 

Amanhã

19h30 na CorpoRuído – Instalação Cênica com Núcleo Ocupa Madalena seguido de bate-papo com a escritora Ana Mércia (duas sessões)

Local: na casAcorpO

Entrada franca.

 

Sábado

18h – Mostra Curtas Tramas e Redes

Local: na casAcorpO

 

19h30 – CorpoRuído (duas sessões)

Instalação Cênica com Núcleo Ocupa Madalena

Local: casAcorpO

 

20h30: Sarau com shows de Batuque de Roda Meus Amô (GO) e Vera Verônika (DF)

Local: no Evoé Café

Ingressos: R$ 5

 

* Nos espetáculos com entrada franca, os ingressos podem ser retirados na casAcorpO a partir das 17h. Capacidade 40 pessoas.

 

 

 

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