Ele mudou o teatro
Redação DM
Publicado em 13 de abril de 2016 às 02:31 | Atualizado há 5 meses
Para alguns intelectuais o escritor e dramaturgo irlandês Samuel Beckett foi um dos últimos modernistas. Já, para outros, o primeiro pós-modernista. Controvérsias à parte, o que ele conseguiu foi muito importante: construiu uma obra atemporal encenada até hoje nos palcos do mundo, mesmo após 110 anos de seu nascimento. Foi um dos representantes do chamado Teatro do Absurdo e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1969.
Beckett tinha uma forma metafórica e minimalista de escrever, da qual trazia uma visão pessimista do ser humano. Assim, foi considerado pelo dramaturgo pelo crítico húngaro, radicado na Inglaterra, Martin Esslin, como um legítimo representante do Teatro do Absurdo. Tal definição tentava classificar obras de dramaturgos de diversos países que, apesar de serem completamente diferentes em suas formas, tinham como tema central o tratamento inusitado de aspectos inesperados da vida humana.
O escritor deixou como legado dezenas de peças de teatro, contos, ensaios, poesia, prosa, romances, novelas e, se aventurou até no cinema e na televisão. Contudo, é notório que foi na dramaturgia que mais se destacou. Um de seus textos para o teatro mais encenado nos palcos do Brasil e de Portugal é Esperando Godot(1952).
A história da peça é bem original no “estilo Beckett de ser”, pois começa com dois sujeitos, que aparentemente esperam um homem chamado Godot. Além de seu nome, ninguém sabe mais nada sobre ele. Entre dialógos, entradas de outros personagens, como o Pozzo e Lucky, um garoto anuncia simplismente que Godot não virá. “Talvez amanhã”, diz, ele no espetáculo.
Já em 1959, escreveu a peça A Última Gravação de Krapp, na qual um velho se senta só num quarto a ouvir gravações do seu passado. Sobre seus escritos inovadores, que o levaram a ser considerado um dos dramaturgos mais importantes do século XX, Beckett, em uma entrevista, disse ter uma única receita: consecutivas falhas. “ser um artista é falhar como mais ninguém se atreve a falhar”. Tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor”, disse.
Breve biografia
Além dos escritos, Beckett, que nasceu em Foxrock, na Irlanda, em uma família rica e protestante, também se envolveu diretamente nas batalhas de seu tempo. Após se formar em Literatura Moderna no Trinity College, em Dublin, ele se mudou para Paris, onde conheceu o escritor James Joyce, um homem que teria grande influência em sua obra.
Assim, dividiu a vida entre Dublin, Londres e a cidade francesa até 1938. Nesta época, o escritor, que ganhava a vida também lecionando em faculdades pôde viver apenas para literatura, devido a herança que recebeu do pai. E, nesta época, que é marcada pela eclosão da Segunda Grande Guerra, Beckett se muda de vez para Paris e vincula-se à resistência francesa, contra a invasão do exército Nazista, juntamente com a mulher, Suzanne Deschevaux – que foi uma grande incentivadora de sua carreira.
Com o final da guerra, Beckett esteve ao serviço da Cruz Vermelha em Paris, passou a escrever em francês e publicou suas peças de teatro mais famosas, a exemplo de:
Esperando Godot(1952) e Fim de partida (1957).
Os seus últimos textos foram Que palavra Será e Sobressaltos, em 1988. Com 83 anos, no dia 22 de Dezembro de 1989, seis meses depois da morte da mulher, Beckett faleceu após ter sido hospitalizado por problemas respiratórios.
Premio Nobel de Literatura em 1956, Samuel Beckett é considerado um dos maiores nomes do teatro do século XX
Seu texto à espera de Godot é um dos mais encenados no Brasil e Portugal