Cultura

Esculturas interiores

Redação DM

Publicado em 28 de janeiro de 2017 às 01:30 | Atualizado há 5 meses

Atualmente, as esculturas carregam o poder simbólico de representar religiões e empresas, enaltecer nacionalismos, experimentar tendências artísticas, decorar casas, entre outras funções. Exemplos de esculturas famosas estão plantados em vários lugares do mundo, como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; a Estátua da Liberdade, em Nova Iorque; as cabeças da Ilha de Páscoa, entre outras. Nesta matéria abordaremos imagens locais: colocadas em locais públicos de pequenas cidades do interior de Goiás. Quais são os rostos que carimbam a identidade visual desses lugares? Colocadas diante dos olhos de pessoas de várias gerações, tais figuras carregam nos ombros o poder da nostalgia, do teletransporte para décadas esquecidas, de lembrar aqueles que já se foram.

As esculturas mais antigas das quais se tem idade confirmada datam do Período Aurignaciano, que começou cerca de 45 mil anos atrás e foram localizadas em partes da Europa e da Ásia. Dentre as peças consideradas mais velhas estão o Homem-leão, uma figura antropomórfica encontrada em Hohlengstein Stadel, na Alemanha, que tem entre 30 e 40 mil anos, e a Vênus de Willendorf, que tem entre 24 e 26 mil anos. Rosânia Eulâmpio de Moraes, licenciada em Artes Visuais, aborda a história das esculturas em seu Trabalho de Conclusão de Curso, A Poética da Escultura, escrito em 2012. Ela explica que na antiguidade, “as esculturas simbolizavam o receptáculo das divindades (como teofanias) e, de certa forma, do poder mágico dessas divindades”.

Ela explica ainda que o artista moderno possui uma percepção completamente diferente dos primeiros escultores da história sobre as esculturas. Durante o Renascimento, elas influenciaram estudos na área da anatomia, e consequentemente, impulsionaram a medicina. “Foi no Renascimento que a escultura se destacou com produções de obras que testemunhavam à crença na dignidade do homem. Os estudos da anatomia humana era objetivo de estudos dos artistas Michelangelo e Verrochio, atingindo nessa época: perfeição, clareza, equilíbrio e harmonia”. No século XIX, o romantismo prevalecia. “A rapidez do mundo industrializado influenciou a arte no século XIX. Aparece o neoclássico – a busca por paixão, violência”, conclui.

Chão Goiano

A cidade de Palmelo, localizada às margens da GO 352, 134 quilômetros ao sudeste de Goiânia, possui uma mística incomum comparada às cidades antigas da região. Foi fundada no final da década de 1920. O primeiro templo religioso instalado no município é o Centro Espírita Luz da Verdade, um casarão rosado na praça principal da cidade. Segundo a sabedoria popular, o céu de Palmelo abriga uma colônia espiritual que influencia a cidade com vibrações positivas. Na cidade, podemos encontrar algumas estátuas bastante simbólicas. Uma delas é a de Jerônimo Gomide Candinho, o vereador responsável pela emancipação de Palmelo do município de Pires do Rio no início dos anos 1950. Francisca Borges Gomide, esposa de Jerônimo, também nomeia uma praça na cidade.

Em São Francisco de Goiás e Jesúpolis, municípios vizinhos distantes 110 quilômetros de Goiânia, a fé católica é a responsável pelo tom de por boa parte das esculturas públicas que compõem seus visuais. Em Jesúpolis, uma réplica do conhecido Cristo Redentor está instalada na entrada da cidade, que conta ainda com uma representação dos Três Reis Magos e um grande crucifixo na praça central da cidade. Na avenida principal, três figuras femininas de semblante laico surpreendem os visitantes atentos. Em São Francisco, uma pequena estátua do frade católico que dá nome ao município está instalada próxima à GO 080. O santo, mundialmente conhecido como patrono do meio-ambiente e dos animais, aparece acompanhado de alguns bichos.

A praça da Igreja Matriz de Ouro Verde de Goiás, a 60 quilômetros de Goiânia, exibe um grande tempo com vários detalhes. Próximos à ela estão dois rostos. Um deles é um busto de alguém que provavelmente teve importância para a consolidação do município. O outro é São Sebastião, o famoso santo que aparece atingido por flechas. É uma das expressões sacras mais reproduzidas no interior de Goiás. Podemos encontrá-lo em Inhumas, em Trindade, e em várias outras localidades. Sebastião era cidadão da cidade de Milão, e é considerado um mártir por morrer durante uma perseguição de Diocleciano no século III da era cristã. As flechas representam a primeira sessão de torturas sofrida por ele, que foi amarrado em uma árvore quando julgaram que estava morrido.

 

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