Eu tenho um sonho
Diário da Manhã
Publicado em 24 de junho de 2021 às 15:45 | Atualizado há 4 anos
Martin Luther King (1929-1968), um mais importantes líderes dos movimentos pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1964, está de editora nova. A HarperCollins acaba de anunciar um acordo global com o espólio do ativista e pastor assassinado em 1968 e, com isso, se torna a editora oficial do acervo do Martin Luther King Jr.
Esse acervo inclui alguns dos textos mais importantes da literatura norte-americana, como seus célebres discursos, e a ideia é publicar livros a partir deste acervo – para todas as idades, em todos os formatos e nos mais variados idiomas – além de reeditar sua obra.
A HarperCollins é um dos maiores grupos editoriais do mundo e está presente em 18 países – no Brasil, inclusive. Ela foi responsável pela publicação do primeiro livro de Martin Luther King, “Stride Toward Freedom: The Montgomery Story”, em 1958. Entre os outros títulos dele que ela editou ao longo da história, está “Strength to Love”, de 1963, que o apresenta como um visionário pregador carismático e atencioso ao mesmo tempo em que enfatiza o amor como uma força de mudança política e social.
Para garimpar este acervo e facilitar o acesso dos editores do grupo, haverá um arquivista. E as editoras se concentrarão na parceria com acadêmicos, artistas, intérpretes e ativistas sociais negros para a criação de novos trabalhos a partir desse material histórico.
“O Espólio King sente-se feliz em retornar os direitos do acervo literário do Dr. King à sua editora original. A mensagem profética de paz, esperança, amor e igualdade do Dr. King continuam a impactar o mundo até hoje. Essa mensagem é mais necessária que nunca. Ansiamos por poder utilizar o alcance global da HarperCollins na perpetuação do incrível legado do Dr. King em novos e criativos projetos literários”, disse Eric Tidwell, diretor e conselheiro da Intellectual Properties Management, Inc., gestora do espólio do ativista, em comunicado.”
Também em comunicado, Brian Murray, presidente e CEO do Grupo HarperCollins Publishers, disse: “Dr. King tem sido uma inspiração para gerações ao redor do mundo. Sentimos orgulho de termos sido a editora original dos primeiros livros do Dr. King, e estamos animados com a possibilidade de expandir alcance de suas palavras de novas formas. Ansiamos pela oportunidade de lembrar aos leitores o quão atemporal são as palavras do Dr. King, e como esses temas continuam a ressoar ao redor do globo”.
A expectativa é de que os primeiros lançamentos sejam publicados nos Estados Unidos em janeiro de 2022, para coincidir com o Dia Martin Luther King Jr., que, no ano que vem, será no dia 17. Os lançamentos no Brasil ainda não foram definidos.
A manifestação civil mais importante promovida por King foi a “Marcha sobre Washington”, em 1963, que reuniu 250 mil pessoas. “Tenho um sonho que um dia o estado de Alabama, com os seus racistas malignos, cujos lábios do governador atualmente pronunciam palavras de recusa, seja transformado numa condição onde pequenos rapazes negros, e moças negras, possam dar-se as mãos com outros pequenos rapazes brancos, e moças brancas, caminhando juntos, lado a lado, como irmãos e irmãs”, disse.
Formado em sociologia na “Morehouse College” em 1948, Martin Luther King continuou seus estudos no Seminário Teológico Crozer, em 1951. Anos depois, em 1955, fez doutorado em Teologia Sistemática pela Universidade de Boston. Ali, conheceria sua futura esposa, Coretta Scott King, com quem teria quatro filhos.
King foi um dos líderes, em 1955, do boicote aos ônibus da cidade de Montgomery. O ato de protesto começou em função do caso Rosa Parks, mulher negra que foi presa ao negar-se a ceder seu lugar a um homem branco no ônibus.
O boicote durou 382 dias e foi vitorioso, quando a Suprema Corte Americana declarou ilegal a discriminação racial em transportes públicos. Entretanto, durante este tempo, King foi preso, sua casa bombardeada e sofreu diversos atentados.
Martin foi um dos fundadores da “Conferência da Liderança Cristã do Sul” (SCLC, na sigla em inglês), de 1957, sendo seu primeiro Presidente. A princípio, a CLCS era integrada por comunidades negras ligadas às igrejas batistas, e King a liderou até sua morte.
Martin Luther King Jr. foi morto no dia 4 de abril de 1968, em Memphis, quando se preparava para mais uma marcha civil. Ainda permanece a dúvida sobre a real autoria deste crime, posto que King era odiado por grupos racistas espalhados pelo Sul dos Estados Unidos. (Redação, com Agência Estado)