Festival Italiano atrai turistas para curtir delícias de Nova Veneza
Redação Diário da Manhã
Publicado em 3 de junho de 2025 às 14:46 | Atualizado há 1 dia
Como nas edições anteriores, polenta frita chega à 19ª edição do Festival Italiano com status de carro-chefe gastronômico. Cardápio do festival ganhou reforço da sobremesa Tiramisù, feita à base de café e mascarpone
Marcus Vinícius Beck
Nova Veneza, a 41 km de Goiânia, recebe a partir desta quinta-feira, 5, o tradicional Festival Italiano. Neste ano, o evento contará com shows de tenores, corais, danças folclóricas e boa comida — com direito, como manda a cartilha veneziana, às delícias da polenta frita.
Tal e qual nos últimos anos, a polenta chega à 19ª edição do Festival Italiano com status de carro-chefe. A chef Vânia Alves, da Cantina da Nonna, elogia o petisco queridinho. “É muito nutritivo, versátil e saboroso”, define Alves, que trabalha no restaurante oficial do evento.
Além da iguaria, o cardápio ganhou o reforço da sobremesa Tiramisù, clássico da mesa italiana à base de café e mascarpone. Dessa vez, haverá novo molho para as massas, feito com cogumelos frescos e filé mignon. Os clássicos, como o de almôndega, seguem no menu.
A operação para alimentar milhares de visitantes é de guerra. Para tanto, serão usados 25 bovinos, 2,5 toneladas de frango, 4 toneladas de tomate e 3 toneladas de macarrão. “É logística militar, mas cada prato é feito com paixão”, brinca Alves, bem-humorada.

Para dar conta dessa produção grandiosa, a cozinha do Festival Italiano terá cerca de 200 cozinheiras e auxiliares. Só para a polenta frita — o petisco mais amado pelo público — exige-se uma estrutura complexa: 28 panelas e 27 mulheres. Os preços são os mesmos do ano passado, embora tenha havido de lá para cá uma alta no valor dos alimentos.
Cerca de 30 adultos e crianças aprendem italiano em uma escola da rede pública. Nesta edição, o grupo de alunos participará da missa de abertura, marcada para esta quinta, 5, às 19h, na Igreja Matriz. Os estudantes lerão textos cristãos no idioma de Dante Alighieri.
Os organizadores estão otimistas. Segundo eles, a expectativa é receber pelo menos 130 mil visitantes até domingo, 8, quando o evento chega ao fim. Nesses quatro dias, em que haverá música eclética e pratos típicos, a festa torna Nova Veneza a capital italiana em Goiás.
De acordo com o prefeito Valdemar Costa, o evento “é o nosso 14º salário”. “Movimenta todos os setores e coloca Nova Veneza no mapa do turismo regional”, afirma, lembrando das áreas aquecidas. “Rural, urbana, comércio, serviços. É um ganho coletivo.”

Imigrantes
Tudo começou em 1912, com as primeiras terras da família Stival. Em estudo publicado pela UFG, a historiadora Wilma Amorim afirma que a Itália, no século 19, enfrentava problemas gerados pelo momento político. Na época, o país europeu estava às voltas de ser unificado.
Nos anos 1920, durante a chamada República Café com Leite, Nova Veneza virou distrito de Anápolis. Mas o cenário, como se esperava, não melhoraria com a Segunda Guerra. Pelo contrário, o Brasil uniu-se aos Aliados. Já a Itália vivia sob o fascismo de Benito Mussolini.
Resultado: a pátria dos imigrantes locais era parte do Eixo no conflito mundial. Em grande medida por causa desse contexto histórico, o distrito goiano passou a se chamar Goianás. Só foi adquirir o status de cidade em 1958, ocasião em que recebeu seu batismo —Nova Veneza.

Conforme dados do Censo de 2022, a cidade tem quase 9,5 mil habitantes. Pelo menos 60% desses moradores, segundo a estimativa, são descendentes de italianos. Ou seja, o apreço pela cultura de seus antepassados se confirma na própria programação do Festival Italiano.
Entre os destaques, apresentações nacionais e locais. Os Tenores do Brasil trarão canções tradicionais. Quem também marca presença neste ano é o Grupo Folclórico Ítalo Brasil, de Santa Catarina, estado cuja colônia se formou no século 19. De Goiás, os nomes esperados são o Quinteto de Cordas da Filarmônica, o cantor Almir Pessoa e a Banda Versatto.
Além disso, o festival prioriza atrações de Nova Veneza. Assim como nos anos anteriores, um dos destaques é o coral infantil Vocini di Veneza. São 38 crianças da Escola Frain Faquim. “Muitos ex-integrantes hoje são músicos profissionais. O festival é um trampolim para sonhos”, vibra a regente Irailde Pereira, com a expectativa lá em cima para a festança.
Formado por dez integrantes voluntários, o coral adulto Amici di Venezia promete um passeio pela cultura italiana. Também de Nova Veneza, Anna Paula Drigo, Valdir Amaral, Izadora Cruz e Jordanna Félix, além dos tenores Alex e Weber Rosa, demonstrarão seus dotes vocais. A cidade se reafirma como a capital da Itália no Centro-Oeste. Saboreemos.