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Festival traz tema importante para sociedade neste século 21, no Shopping Cidade Jardim, em Goiânia

São 44 filmes produzidos em 24 horas, que revelam diversidade narrativa e apresentam diferentes possibilidades estéticas

Cena do filme “Disforia”: obra integra programação do festival GO Film, neste fim de semana - Foto: Divulgação Cena do filme “Disforia”: obra integra programação do festival GO Film, neste fim de semana - Foto: Divulgação

O festival GO Film tem início amanhã no Shopping Cidade Jardim trazendo um tema relevante para o mundo contemporâneo: inteligência artificial. Conhecido entre realizadores locais como uma das vitrines do curta-metragem no estado, a mostra propõe aos cineastas goianos filmarem suas obras em apenas 24 horas, feito cumprido à risca por 44 equipes das 116 inscritas para participar do evento, de acordo com balanço divulgado pela organização.

Afora a temática, os diretores precisaram seguir duas exigências, que é ter um plano fechado ou um detalhe no olho esquerdo e possuir um espelho nalguma cena. Isso ajuda os cinéfilos a compreenderem a pluralidade estética em torno do audiovisual, bem como os estimulam a pensar além das convenções hollywoodianas. A forma com a qual se enquadra a fotografia salienta a bagagem cultural do autor, cumprindo papel essencial na composição semiótica.

Sim, o cinema traz consigo múltiplos significados. O que seria de Godard sem os ensaios visuais que criava? Para o diretor francês, nome fundamental à nouvelle vague (nova onda, em tradução literal), a arte audiovisual chegaria ao ápice fugindo da linearidade. “A realidade é um refúgio dos que não têm imaginação”, radicaliza, em “Adeus à Linguagem”. Se há algo que o diretor se esmerou em fazer, é o compromisso com o experimentalismo, dispensando as convenções (“Acossado”) e filmando com celular (“Filme Socialismo”).

Godard abriu alas para os revolucionários da câmera na mão. Tamanha influência no cinema contemporâneo se estende até a primeira sessão do GO Film, realizada nesta sexta-feira, 26, a partir das 15h: o público assiste ao filme “Alice dos Anjos”, dirigido por Daniel Leite Almeida. Com trama ambientada no sertão nordestino, o longa retrata a história de uma menina que é levada para um lugar mágico. Posteriormente, às 16h30, começa a Mostra Convencionais - composta por filmes descritos pela organização como “profissionais”.

Nesse grupo, inclui-se também “Um Romance Qualquer” (RJ), “Da Ponte Pra Cá” (SP), “Leo” (Espanha), “Vida De Cinema” (SP), “Entre o Passado” (CE) e “21” (RJ). No segundo dia de evento, o público vislumbra a partir das 15h duas mostras competitivas que contam com 29 curtas brasileiros. E à noite, com início às 19h, o GO Film exibe em seu Facebook bate-papo com os realizadores da mostra nacional, carro-chefe do festival goiano - ao mesmo tempo, às 19h, a plateia pode apreciar os 15 filmes goianos integrantes da competitiva.

Cristiano Sousa, diretor do GO Film, afirma que as produções dessa mostra serão contemplados com o convite da plataforma de streaming Cinebrac para um interessante contrato financeiro. “Na batalha pelo título de melhor filme do público, os competidores aguardam ansiosos, cientes de que também serão avaliados pelos olhos experientes de um júri prestigioso, prontos para conceder troféus que representam não apenas conquistas individuais, mas a celebração coletiva do cinema”, informa Cristiano.

"Os competidores aguardam ansiosos, cientes de que também serão avaliados pelos olhos experientes de um júri prestigioso" - Cristiano Sousa, diretor do GO Film

No último dia, 28, a partir das 15h, é exibida a Mostra Competitiva Estudantil, com 16 produções - algumas dos quais, inclusive, participam também da mostra nacional. Na sequência, por volta das 16h, o público se delicia com os filmes da Mostra Paralela. Às 19h, terá o lançamento oficial da Exposição “Entre a Dor e o Recomeço" de Rosa Berardo, e às 20h a premiação dos melhores com a entrega dos troféus GO Film, no Shopping Cidade Jardim.

LGBTQIA+

Durante a apresentação do GO Film, o público tem a chance de assistir neste sábado, 27, a partir das 21h, ao filme “Impressões da História da Personagem Transgênero no Cinema Brasileiro”. Resultado de pesquisa desenvolvida pelo diretor e roteirista Cristiano Sousa durante mestrado na UFG, a obra apresenta a história do cinema LGBTQIA+ no Brasil.

Com apoio do Fundo de Arte e Cultura (FAC), a narrativa elabora panorama sobre os desafios enfrentados e as conquistas alcançadas pela comunidade LGBT – o que de fato transcende estereótipos e preconceitos. “A história do cinema nacional sempre representou em diversos momentos a afirmação aos padrões forçados de hegemonia dos discursos heteronormativos”, afirma Cristiano, no artigo “Qual Foi o Primeiro Personagem LGBTI+ que Você Assistiu no Cinema Brasileiro”, disponível para consulta pública no site da UEG.


		Festival traz tema importante para sociedade neste século 21, no Shopping Cidade Jardim, em Goiânia
Representatividade: filme problematiza caracterização estereotipada da população trans. Foto: Divulgação

Ao ser questionado sobre o que representa a estreia do filme para a comunidade LGBTQIA+, o diretor afirma que realizar esse evento em janeiro é importante, já que é o mês da visibilidade trans. “Além desse lançamento de Goiânia, haverá também em São Paulo, provavelmente, no mês de março. Estou bastante feliz com a possibilidade de mostrar essa obra para diferentes públicos”, revela o realizador, nome profícuo do cinema goiano.

Ainda de acordo com Cristiano Sousa, a sétima arte até hoje não reparou os preconceitos, uma vez que, no passado, personagens trans foram representados de maneira estereotipada e até mesmo marginalizada. Cristiano acredita que é necessário colocar essa discussão em pauta, conforme aponta em sua pesquisa acadêmica: “ainda falta trans na direção dos filmes. Falta representatividade nas personagens e em papéis de destaque. Portanto, a expectativa é que a plateia presente no Multicine Cinemas compreenda essa problemática”.

GO Film

De sexta, 26, até domingo, 28

Multicine Cinemas

Shopping Cidade Jardim

Av. Nero Macedo, 400, Cidade Jardim

Entrada franca

Ingresso retirado pelo Sympla

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