Cultura

Implantes dentários falsos colocam em risco a saúde do paciente

Diário da Manhã

Publicado em 18 de outubro de 2018 às 12:53 | Atualizado há 7 anos

 

De acordo com a Associação da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (Abimo), um terço dos dentes implantados no Brasil é feito com material falsificado. Mais barato que o original, o produto pirata pode trazer sérios problemas de processos infecciosos, um grande risco à saúde do paciente. Por isso, quando se fala em implantes dentários, aquilo que é muito barato pode acabar custando caro ao paciente, não só do ponto de vista financeiro bem como de saúde.

Geralmente os produtos ilegais são vendidos por valores até 60% mais baixos. E vêm acompanhados do enorme risco de o implante ser rejeitado pelo organismo ou da prótese não se adequar perfeitamente, deixando espaços onde as bactérias se reproduzem e causam doenças. A produção de implantes é regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas nem sempre existe a possibilidade de rastrear de onde veio um implante e isso dificulta todo o trabalho de fiscalização.

Somente no ano de 2017 foram realizadas pelo menos três operações da Anvisa, divulgadas pela Abimo, contra a pirataria de implantes. Nelas, foram apreendidos mais de 500 mil implantes sem registro. Para conseguir o registro da Anvisa, os implantes dentários passam por uma série de testes. Entre eles, são medidas a resistência e a esterilidade das peças. O material também é desenvolvido para não causar rejeição.

Conforme a Abimo, as peças mais pirateadas são as que se fixam nos pinos – ou seja, as próteses. Elas são feitas com dimensões de encaixe impróprias e, com o tempo, elas se afrouxam ou quebram. Por estar mal posicionada, essa prótese pode causar desadaptação com a gengiva, lesões bucais e acúmulo de restos de alimentos. “Essas circunstâncias são perfeitas para as bactérias proliferarem, provocando inflamações, sangramentos e até úlceras e estomatites”, explica o dentista e especialista em próteses dentárias, Dr. Leonardo Lara, da Oral Sin Implantes.

Ele afirma ainda que por falta de uma adequada esterilização ou ausência de matéria-prima qualificada, pode haver rejeição dos implantes dentários falsificados. “O que acontece são mais chances de complicações que podem levar à perda do implante, por ele não se integrar ao osso como deveria. O implante devidamente osseointegrado deve ser estável, sem dor nem inflamação. Além disso, a prótese deve estar firme ao mastigar”, alerta.

Leonardo diz ainda que o paciente também está sujeito a infecções que podem resultar na extração do implante dentário com perda de massa óssea, gerando a necessidade de um enxerto ósseo e complicações sérias que podem, inclusive, nunca mais ser possível uma reabilitação naquela região, ou seja, condenando o paciente a conviver eternamente com as temidas próteses móveis ou dentaduras.

Fuja do golpe

Para evitar ser vítima de implantes dentários falsificados, o dentista afirma que a principal ferramenta é encontrar bons profissionais ou clínicas que tem história na especialidade dos implantes dentários. “Procure evidências da qualificação deste profissional, que deve ter uma especialização na área e estar devidamente registrado no Conselho Regional de Odontologia (CRO) como especialista em implantodontia”, orienta.

Assim, ele explica que há um risco menor de que esse profissional tenha uma conduta incorreta. “Lembre-se que é dever do paciente se certificar de que o profissional escolhido está devidamente registrado no CRO. Uma maneira prática de checar essa informação é acessando o site do Conselho. Lá, deve constar uma lista de todos os odontologistas cadastrados”, diz.

Outra forma de checar a procedência de um implante é por meio da Anvisa. O produto original tem uma sequência de 11 números, sendo que os sete primeiros são referentes ao número de autorização de funcionamento do fabricante. Os quatro últimos estão relacionados à concessão da empresa fabricante. “Com o código em mãos, acesse o site da Anvisa, escolha a opção “consulta” e depois “produtos para a saúde”. Lá, você poderá colocar o código que tem em mãos e consultar a procedência do implante”, completa.

“Não fique constrangido em querer investigar a qualidade dos produtos utilizados pelo profissional. Desconfie de valores muito baixos, fora da realidade de mercado. Muitos pacientes preferem assumir o risco de possíveis problemas de saúde para economizar. Mas, quando surgirem consequências, os gastos serão ainda maiores. O implante dentário falsificado, além de pesar no bolso depois, causa transtornos na vida do paciente”.

A falsificação de implantes é crime hediondo, previsto no artigo nº 273, do Código Penal, podendo levar o falsificador a pegar de 10 a 15 anos de prisão, uma vez que a prática traz sérios riscos à saúde. (Foto: reprodução Internet)

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