‘Insight’ debate saúde mental com estreia no Oscar Niemeyer
Redação Diário da Manhã
Publicado em 26 de maio de 2025 às 12:09 | Atualizado há 1 dia
Filme discute bem-estar emocional, nesta quarta, 28, a partir das 19h30, em sessão realizada no Oscar Niemeyer. Dirigido pela atriz e cineasta Isabela Eva, produção retrata efeitos dos algoritmos nas emoções humanas
Marcus Vinícius Beck
Dirigido pela cineasta Isabela Eva, o filme “Insight – De Quem é a Culpa?” estreia no Oscar Niemeyer, nesta quarta, 28, a partir das 19h30. O longa discute questões relacionadas à saúde mental — tema relevante diante dos impactos emocionais intensificados pela pandemia.
Sem parecer simplista, “Insight” reflete a respeito da fragilidade emocional que enfrentamos em um mundo algoritmizado, como se reels e stories consumissem nosso tempo e, pior, afetassem nossa capacidade de controle emocional. São temas indigestos, necessários.
Eva classifica como impressionante o fato de o pós-industrial ter trazido avanços ao desenvolvimento tecnológico, pois mostrou, para a cineasta, a capacidade humana de criação e evolução científica. Mesmo assim, ressalta a artista, é preciso ter cuidado.
“O que chama a atenção é a maneira como ela {tecnologia} é usada por algumas pessoas e o tempo perdido apenas para coisas que não ajudam no desenvolvimento”, pontua Eva, destacando o cuidado de certos famosos em não usarem suas redes para incitar o ódio. “Penso que pessoas bem-sucedidas e bem-amadas não têm nem tempo para isso.”

Interpretada por Eva, Karen recebe pacientes em seu consultório. A psicanalista atende, ali, pessoas em busca de alívio para seus dilemas emocionais, escutando histórias que incluem tentativas de suicídio e depressão, transtorno borderline e vícios em medicamentos.
Diante de casos extremos, Karen começa a explorar sua própria subjetividade e se vê envolvida em reflexões sobre dores e dúvidas. Ela chega a colocar em pauta sua vida e profissão, para compreender indivíduos angustiados à procura de respostas psicanalíticas.
“A Karen me criou algumas curiosidades, porque imagino que não deve ser fácil lidar com tantas dores no dia a dia desses profissionais, sem levar para casa um pouco delas”, afirma Eva, em cujo filme mostra que a psicanalista também precisa de terapia. “Porque acaba passando por momentos de fraqueza diante de casos como tentativas de suicídio.”
Gatilhos emocional
Nesse sentido, “Insight” presta um serviço para a sociedade, uma vez que precisamos refletir sobre gatilhos emocionais e, com isso, criar consciência das nossas escolhas. “E o mais importante, procurar a cura e apoio de profissionais. Falar cura. Mas não é falar mal dos outros, e sim olhar para dentro de si e falar de suas dores”, afirma a cineasta.
De fato, esse é o foco do filme, gravado no Instituto Olhos da Alma Sã, Setor Jaó. O longa, aliás, contou com a participação do psicólogo Jorge Antônio Monteiro de Lima. “Esse filme é inclusivo, permitindo que pessoas com deficiência visual atuem como atores”, afirma Monteiro de Lima, que faz em “Insight” o papel do supervisor clínico da protagonista.
“Vale a pena assistir e descobrir o que um cego percebeu ao atuar”, comenta Jorge, bem-humorado, a quem o cinema imita a vida. “Como é um tema em evidência — temos muita gente sofrendo —, é natural que o audiovisual se aproprie de coisas que estão acontecendo na sociedade. Esse é um fenômeno mundial”, observa o psicólogo.

Lembremos da série “Adolescência”. Em cartaz na Netflix, a produção se tornou hit global na plataforma de streaming ao retratar grupos de ódio na internet. Jamie, papel do ator Owen Cooper, é exposto à misoginia no Instagram, mas a polícia não entende — até que um estudante decifra os significados por trás dos emojis usados como código na rede social.
Mas ainda há muito a ser explorado no audiovisual, afirma Monteiro de Lima. “Existe um campo que acho que não foi nem um terço explorado no cinema. Está muito aquém do que deve ser. A saúde mental, hoje, não tem jeito de não ficar em evidência. É uma questão crucial, até porque estamos passando por uma epidemia”, analisa o psicólogo.
Para Isabela Eva, dona de trajetória notável no cinema brasileiro, é importante mostrar que somos humanos e, ao mesmo tempo, precisamos ser fortes nessa condição. “É uma profissão muito complexa {a de psicanalista}, mas imagino que gratificante. A minha construção da personagem se deu em diálogo com profissionais da área e na própria troca com atores.”
Hoje, ela diz, assistimos de camarote às fraquezas humanas. Muitos estão ainda rodeados de vibrações negativas de ódio: bullying, racismo, violência contra a mulher e julgamentos nas redes sociais. As estatísticas mostram alto número de casos de suicídios, depressão, borderline, compulsões.” Eva participará da estreia amanhã no Oscar Niemeyer