Cultura

Jaime ou Jayme, uma só família e muitas linhagens

Redação DM

Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 01:32 | Atualizado há 7 meses

Depois de 16 meses de trabalho ininterrupto, em viagens e visitas, contatos e consultas, pessoalmente ou por telefone – especialmente o celular – e muitos e-mails trocados (há uma estatística, nesta página, em box), cerca de oito mil pessoas biografadas, pesquisas em livros e internet, o autor Nilson Gomes Jaime (literariamente, Nilson Jaime) fechou-se, nas últimas semanas, nos bastidores da gráfica, isto é, no trabalho de edição da obra, que se concluiu com mais de 1.100 páginas em um só volume.

O engenheiro agrônomo, mestre e doutor transmudou-se em pesquisador, historiador e genealogista para dar seguimento à obra que o encantou no albor da juventude – Famílias Pirenopolinas, de seu parente Jarbas Jayme, em edição póstuma empreitada por seu filho José Sisenando Jayme, em 1973.

Nilson Jaime achou, talvez, um tanto tímida a abordagem da família Jaime (que, na segunda geração, começava a adotar o Y em alguns registros). Após a leitura, procurou conhecer pessoalmente José Sisenando Jayme para melhor se informar. Notou, por exemplo, que da segunda mulher do genearca coronel João Gonzaga Jaime de Sá registrou-se, na fabulosa obra que o inspira, somente os nomes dos filhos, mas não se cuidou da continuidade dessa ala da descendência do “primeiro Jaime” – ou “Vô Jaime”, como a família se refere a ele.

Com o passar dos anos, a curiosidade e a vontade de continuar a obra só fizeram aumentar. Teoricamente, omitir a descendência de Leocádia Pereira era ignorar cerca de metade daquela descendência, pois o segundo casamento rendeu-lhe prole maior que o primeiro. A motivação, pois, é a que define o autor: resgatar os escritos de Jarbas Jayme e não deixar que se perdessem os dados publicados quanto a esta família. E suprir lacunas deixadas por Jarbas Jayme, como a linhagem afrodescendente.

Leocádia, que fora escrava, tornou-se livre por iniciativa de João Jaime e tornou-se esposa do viúvo, ainda que os costumes de então lhes impedissem a união religiosa – e, posteriormente, civil. Este deve ser o detalhe que despertou Nilson Jaime a pesquisar incansavelmente toda a ramificação dos Jaime (e Jayme) que, a partir de Pirenópolis, radicalizam-se em Rio Verde e Palmeiras de Goiás (que já se chamou Alemão, Palmeiras e Mataúna, antes).

Em poucas décadas, os Jaime e Jayme estariam também em Anápolis, teriam passagens pela antiga capital, alguns escolheriam Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo (capital) e Ribeirão Preto, marcando presenças em vários outros municípios brasileiros.

A construção da nova capital de Goiás trouxe Jaime/Jayme também para Goiânia. Em seguida, a família seria identificada também no novo Distrito Federal, Brasília.

Desde que o mundo se tornou a “aldeia global” de que nos falava Marshall McLuhan, os Jaime e Jayme começaram a se espalhar também pelo mundo. Essa nova hégira coincide (ou tem excelente veículo justamente nisso) com as facilidades da formação acadêmica. Nas últimas décadas, muitos foram os que concluíram sua formação escolar com vistas a obter melhores condições profissionais. Em pouco tempo, graduação era pouco e as especializações surgiram, bem como as titulações mais elevadas do mundo acadêmico. E muitos descendentes alcançaram títulos de mestres e doutores e, consequentemente, imiscuíram-se no mundo das pesquisas e do ensino de graus elevados.

Hoje, o nome Jaime, em sua forma original ou com o pomposo Y, manda notícias de todos os cantos do mundo. Ou seja, podemos parafrasear o dístico britânico dos séculos anteriores, segundo o qual o sol não se punha jamais sobre terras do Império: O sol não se põe sobre o nome Jaime/Jayme.

A atitude do autor, Nilson Jaime, agora, é aguardar as críticas e comentários para, numa provável segunda edição, corrigi-las. O que mais sugere, porém, essa obra, é a continuidade dos registros. Espera-se, também, que descendentes dos demais filhos do patriarca, o comendador Luiz Gonzaga de Camargo Fleury, padre católico, jornalista, professor e político, que gerou outros filhos de sobrenomes igualmente ilustres e marcantes na vida pública (política, letras, artes, música, direito, medicina e tantos outros segmentos) sejam estimulados e tragam, também, suas histórias e genealogia.

 

(Luiz de Aquino, jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras)

 

Família Jaime/Jayme em números

Número de páginas: 1.148, equivalente a três livros de 380 páginas; 55.000 linhas; 15.000 parágrafos; 600.000 palavras; 400 fotografias; 8.000 biografados; 16 meses de trabalho; 5.760 horas de trabalho; 1.200 telefonemas (com duração de 10 minutos a 1 hora); 1.000 e-mails recebidos; 40.000 km rodados em automóvel.

Período abrangido: 500 anos (1509 a 2016).

Número de linhagens: 24; maior linhagem: Mendonça (980 membros ou 1.600 incluídos os cônjuges).

Maior número de filhos:

  1. a) Major Frederico Jayme (de Rio Verde): 24 filhos, assim como o genearca, Coronel Jayme;
  2. b) Sizenando Jaime: 23 filhos, com duas mulheres;
  3. c) Maria da Conceição Lopes, 19 filhos, com um só marido.

 

Cidades com maior número de descendentes

1) Goiânia

2) Pirenópolis

3) Anápolis

4) Rio Verde

5) Palmeiras de Goiás

6) Belo Horizonte-MG

7) Brasília-DF

8) Ribeirão Preto-SP

9) Uberlândia-MG

 

FORMAÇÃO ACADÊMICA

Cerca de 88 mestres, doutores e pós-doutores.

POLÍTICA

 

Destaque

– Luiz Gonzaga de Camargo Fleury: membro da Junta Governativa Estadual (1822-24) e presidente da Província de Goiás (1837-39).

– Senadores

– Luiz Gonzaga Jayme (desembargador), senador por três mandatos (1909-21)

– Leoni Mendonça (6 meses, 1974-75)

– Max Lânio Gonzaga Jaime (6 meses, 1988-89)

 

Ligação afim, por casamento

– Marconi Perillo (duas filhas Jaime) e Ronaldo Caiado (dois filhos Jaime).

 

Deputados Federais

– Iturival Nascimento: deputado estadual por duas vezes e deputado federal por quatro mandatos

– Tullo Hostillo Gonzaga Jayme: deputado federal (1917-20)

– Geraldo de Pina: duas vezes deputado federal (1963-66 e 1968)

Ligação afim, por casamento:

Nion Albernaz (quatro filhos Jaime)

 

Deputados Estaduais

– Major Frederico Gonzaga Jayme, duas vezes intendente de Rio Verde e três vezes deputado estadual (1909-20); Dr. Genserico Gonzaga Jayme (1935-37); Ronaldo Jaime, Altamir Mendonça, Plinio D’Abadia Gonzaga Jaime, Frederico Jaime Filho: todos três vezes. Ainda: Kepler da Silva, Alcyr Mendonça, José Mendonça, Iron Jayme do Nascimento e Olímpio Jaime (presidente da Assembleia).

 

Prefeitos

Mais de 50 mandatos, em Pirenópolis, Palmeiras de Goiás, Anápolis, Rio Verde, Jandaia, Petrolina de Goiás, Silvânia, Niquelândia, Britânia, Vila Propício, em Goiás, Arapoema – TO, e Araçuaí – MG.

 

Música

Leo Jaime, Fernando Perillo, Debora de Sá, Tainá Pompeu e maestro Joaquim Jaime.

Esportes: Carlos Jayme (medalhista olímpico) e Oswaldo Mendonça Júnior (bicampeão mundial de Karatê-Do).

Professores: Universidade de Colúmbia, EUA: prof. Ph.D. Carlos Gustavo Vasconcelos de Moraes; padre Josafá de Siqueira: reitor da PUC Rio; Fernando Gonzaga Jayme: diretor da Faculdade de Direito da UFMG; prof. dr. Cristóvam Mendonça Filhos, Ph.D, professor da USP; Patrícia Gonzaga Jaime, com pós-doutorado, professora da USP.

Literatura e história: Jesus de Aquino, Jayme Jarbas e José Sisenando Jayme, entre outros.

O autor

 

NILSON GOMES JAIME – Bisneto do “Vô Jaime” (o genearca da família Jaime), natural de Palmeiras de Goiás, em 15/04/1962. Engenheiro agrônomo, mestre (M.Sc.) e doutor (D.Sc.) em Agronomia pela UFG. Fez seus estudos primários na Escola Paroquial São Vicente de Paula (1968-1972) e o ginasial no Colégio Estadual de Palmeiras de Goiás (1973-1976).

Foi jornaleiro em sua cidade natal (1971-75), dos oito aos 13 anos, vendendo os jornais Correio Brasiliense, Folha de Goiaz e Cinco de Março, período em que iniciou a formação de sua diversificada biblioteca pessoal. Ainda criança, não dispondo de livros e enciclopédias em sua casa, montou acervo com mais de seis mil recortes de jornais e revistas, principalmente sobre História, Geografia, Filosofia, Música, Artes e Ciências. Esse acervo era muito procurado por colegas para pesquisas escolares, na década de 1970.

Estudou no Colégio Estadual Professor Pedro Gomes (1977) e no Colégio Objetivo (1978-1979). Foi aprovado em seu primeiro concurso vestibular, aos 17 anos, na Universidade Federal de Goiás (UFG) (1980), fez política estudantil e lutou ativamente pela derrubada da Lei do Boi (Lei nº 5.465, de 03/07/1968), que reservava 50% das vagas nas Universidades Federais a filhos de fazendeiros.

Graduou-se engenheiro agrônomo em 1984, aos 22 anos. No mesmo ano de sua formatura (1984) foi aprovado em concurso público, tornando-se professor (1985-88) das disciplinas Tecnologia de Produtos de Origem Vegetal (TPOV) e Tecnologia de Alimentos, nos cursos de Agronomia, Nutrição e, posteriormente (2002-03), Engenharia de Alimentos, da UFG.

Foi editor de Agropecuária do jornal Diário da Manhã (1988), colunista da revista Campo & Negócios, de circulação nacional, e sócio fundador da Academia Palmeirense de Letras e Artes (Apla, 2005), onde ocupa a Cadeira nº 5, patronímico do genealogista Jarbas Jaime. Em 2 de julho de 2016, por sugestão dos acadêmicos Luiz de Aquino Alves Neto e Fausto Jaime, teve seu nome aprovado para membro da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música (Aplam), empossado no dia 27/08/2016, na cadeira nº 9, patronímico do maestro Silvino Odorico de Siqueira.

O autor tem três filhas: Raquel, Sarah e Déborah. E um netinho – Miguel Jaime Cardoso (n. 29/10/2015).

 

 


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