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Luiz Vianna Sobrinho estreia na ficção com livro de contos

Médico cardiologista publica nove narrativas curtas sobre a existência da vida

Luiz Vianna Sobrinho, escritor: autor cria obra literária com a qual oferece liberdade para valorizar atitude dos personagens - Foto: Divulgação Luiz Vianna Sobrinho, escritor: autor cria obra literária com a qual oferece liberdade para valorizar atitude dos personagens - Foto: Divulgação

O médico cardiologista Luiz Vianna Sobrinho estreia na ficção com a obra “Nove Para o Singular”, publicada pela editora Zagodoni. Com 101 páginas, o livro desnuda a busca pelo sentido que costuma ser impossível de ser desvelado na esteira dos fatos.

“Nove Para o Singular” reúne nove contos sobre a existência da vida. Uma quase pandemia que mata jacarés ocorre em boa parte do mundo e origina explicação causal, espreita e às vezes assombra algo que ocorre nos demais contos. De fato, cada história parece expor uma tragédia, o momento em que cada personagem pode escolher entre o ressentimento e o sentimento, ou talvez entre a memória e a singularidade - o que dá sustentação às narrativas.

De leitura agradável, a obra oferece liberdade para que se valorize a atitude dos personagens diante da tragédia e talvez que se observe, também, um espelho em algum deles. Doutor em Bioética, Luiz Vianna Sobrinho revela ao leitor enorme habilidade narrativa: a contagem regressiva soa logo no início, e não ressoa, não apenas na disposição numérica decrescente de narrações, mas, sobretudo, na temática e na tensão com que se desenvolvem.

O horizonte narrativo não é assunto de um tempo futuro, um por vir. Entretanto, acontece num futuro que se torna presente. Num mundo interconectado, o futuro ocorre no momento atual desde os seus primeiros e paradigmáticos frutos, e na obra há um imaginário XBoss ou o editor de transcrição Scribe, ditando regras, sinalizando subliminarmente uma hipotética alienação pela tecnologia digital.

No segundo conto, “Bodas”, o fantasma da catástrofe, a morte misteriosa e simultânea de jacarés em diversos lugares do mundo, descrito no primeiro capítulo, representa um fio de interligação a sugerir a ameaça de uma epidemia que, ao atingir répteis, se levanta com uma ameaçadora incógnita ao anseio de sobrevivência.

No conto “O Perdão”, é relatada uma performance de culto evangélico com teor apocalíptico. Um desempenho da tentativa mágica de salvação pela fé, que a tudo vence, desde que o pecador se estabeleça em seu cortejo de culpas e em seu fanático e teatralizado ato de contrição, num contexto ideológico alienante e extremado, a que não falta o escudo da família em Cristo. Um círculo que se fecha.

O livro converge para uma história final, singular. No capítulo de fechamento, “A Noite com a Eternidade”, um pai aflito embala uma criança envolta em cueiros e num diagnóstico genético que já sela o seu futuro, num mundo privado do conforto de qualquer imprevisibilidade. As perguntas decisivas sobre o sentido da existência têm lugar.

O drama humano se desdobra no fio de amor que liga pai e filho, fragilidade e mistério. A esperança de uma continuidade. Boa estreia de Luiz Vianna Sobrinho, médico cardiologista há 36 anos, com pós-graduação em Bioética há 20 anos, doutorando-se nesta área pela Fiocruz (2020), onde é professor convidado do Departamento de Direitos Humanos e Saúde, da Escola Nacional de Saúde Pública. Ele dedica-se ao estudo das transformações da Era da Informação, e é um dos fundadores e ex-presidente da Estratégia Latino-Americana de Inteligência Artificial (ELA-IA).

Editora: Zagodoni

Preço: R$ 49,00

Gênero: Conto

Autor: Luiz Vianna Sobrinho

Número de Páginas: 101


		Luiz Vianna Sobrinho estreia na ficção com livro de contos
Marcus Vinícius Beck


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