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Margot Robbie não se lembra se tinha Barbie na infância

Atriz, no entanto, passou a infância sem dar tanta atenção à boneca famosa. DM perfila Margot, que estrela 'Barbie', em cartaz nesta quinta nos cinemas

Humor e deboche: filme exalta poder das mulheres, mas não é panfleto feminista - Foto: Warner/ Divulgação Humor e deboche: filme exalta poder das mulheres, mas não é panfleto feminista - Foto: Warner/ Divulgação

Margot Robbie, que entra em cartaz nos cinemas na quinta, 20, com "Barbie", tirou a roupa no filme “Lobo de Wall Street”, dirigido pelo cineasta Martin Scorsese, em 2013. “Foi a coisa menos romântica para se filmar”, diz a atriz, sempre que é interpelada por curiosos - jornalistas atrás de fofoca, leia-se. Só conseguiu relaxar e contracenar eroticamente com o ator Leonardo DiCaprio depois que sorveu boas doses de tequila. Aí já viu: soltou-se em cena, fez o que tinha de fazer e foi um sucesso, obrigado.

Quer dizer, obrigado, nem tanto. Imagine só ter de se despir nessas condições: Di Caprio ali, talvez dezenas de profissionais atrás das câmeras, você precisando performar uma transa em cima de uma pilha de dólares… Mas quem disse que Margot, essa grande atriz australiana de 32 anos, pararia na película scorseseana sua jornada fílmica-erótica? Quase dez anos depois, em “Babilônia”, produção de grife comandada por Damien Chazelle, com Brad Pitt e Diego Calva no elenco, a loira recorreu às perucas íntimas para rodar as cenas de nudez.

Nellie LaRoy, a personagem, enfiava o nariz na cocaína. Embrenhava-se em surubas, transava homens com uma facilidade de dar inveja e bebia um gorózinho “de leve”. Safadinha, a tal LaRoy. Que era, veja você, o papel de Margot. Afora cenas de ordem sexual-cocaínica (“eu interpreto uma personagem que usa toneladas de drogas”, afirmou Margot), o longa se prestava a retratar os grandes atores mudo no fim dos anos 1920.

Rolava naquele tempo uma genuína sacanagem hollywoodiana, se é que você me entende. Pitt faz Jack Conrad, criado a partir de John Gilbert - um galã que tinha poder de decisão nas produções que comandava. E com ele, Brad Pitt, Margott contracena ainda em “Era Uma Vez em Hollywood” (2019), dirigido por Quentin Tarantino, e faz a atriz Sharon Tate. Ela foi casada com o cineasta Roman Polanski - hoje, como se sabe, cancelado - até ser morta por delinquentes com a cabeça cheia de ácido e seguidores fiéis do assassino Charles Manson.

Uma atuação de gala: Margot estava linda, looks saudosos dos anos 60, cabelos loiros, sorriso cativante. Antes que você chore, vou logo dizendo que Tate não morreu, porque Tarantino, seguindo a premissa de “Bastardos Inglórios”, quando fez Adolf Hitler ir parar num teatro e lá o metralhou, em “Era uma Vez…” também modificou o curso da história. Numa cena violenta, bang-bang mais cômico do que amedrontador, o cineasta escolhe poupar a beldade do que lhe ocorreu na vida real: ser brutalmente assassinada. E grávida.

Sexy simbol?

Atriz de beleza hipnotizante, com ar de loira fatal e cheiro de amor ao ofício, Margot chuta pra lá a pecha de sexy simbol que, vira e mexe, tentam lhe imputar. Acha o cúmulo do desrespeito quando entra numa sala e começam a lhe dizer ‘bombshell’, gíria em inglês que seria o equivalente a gostosa, no portuga made in Brazil. “Eu não sou alguém que anda em uma sala para as pessoas admirarem e dizerem ‘olha só aquela mulher’. Isso não acontece.”

Bom, Margot, nós acreditamos. O que mais nos resta a não ser isso, não é? Bem mesmo Margot está em “Eu, Tony”, filme lançado em 2017 que lhe valeu a primeira indicação ao Oscar. À época aos 27 anos, a atriz se pegou envolvida numa produção que iria mostrar o escândalo envolvendo a patinadora artística Tonya Harding. Mas o que Tonya tinha na cabeça, ou chegou a fazer, que era tão grave? Ora veja, arquitetou um mirabolante plano para lesionar a rival Nancy Kerrigan às vésperas dos Jogos Olímpicos de 1994.

Uma conduta irretocavelmente antidesportiva. E Margot, jovem, sem ter a idade necessária em 94 para entender o que se passava, realizou imersão à história por meio do roteiro de “Eu, Tonya”, espécie de biografia, digamos, pouco convencional da personagem, pois havia no texto toques de um humor cáustico, até mesmo corrosivo, ao que a atriz australiana encenou diante das câmeras comandadas por Craig Gillespie. Deu certo - e muito, aliás.

Até ser escalada para atuar em “Barbie”, talvez o filme mais aguardado deste ano, Margot não alimentava muitas paixões pela boneca cor-de-rosa. À revista “Vogue”, num extenso perfil da atriz publicado na edição de maio, sequer a Barbie das telonas soube responder se tinha ou não a Barbie boneca na infância. “Acho que não”, chutou. “Eu sei que minha prima tinha um monte de Barbies e eu ia na casa dela”, emendou a loira de 1,68 metro.

Na semana passada, o Diário da Manhã antecipou o que público pode esperar de “Barbie”: não soa como panfleto feminista, mas exalta o poder das mulheres, sim, e não se limita a nenhuma discussão - pontos para a diretora Greta Gerwig. Mas usa o deboche e o humor para atacar a temática. Tudo contribui para o riso fácil. Margot Robbie, como é presumível, vai muito bem. Se ela não era a primeira opção - a própria Robbie como produtora do filme queria Gal Gadot (Mulher Maravilha) no papel -, a escolha não poderia ter sido melhor.

Já é notório que a atriz tem uma alcance performática absurdo. Não por acaso, consegue dar vida a personagens como Arlequina (“O Esquadrão Suicida”) e Tonya Harding (“Eu, Tonya”). Como a Barbie Estereotípica, ela dosa muito corretamente o charme, a esquisitice, a extroversão e a alienação que só uma boneca de padrões irrealistas é capaz de ter. O filme estreia nos cinemas na próxima quinta-feira, 20.(Com informações da Agência Estado)

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