Morre o poeta Ferreira Gullar
Redação DM
Publicado em 4 de dezembro de 2016 às 17:16 | Atualizado há 9 anosConsiderado um dos poetas mais importantes da contemporaneidade, o maranhense Ferreira Gullar morreu neste domingo, 4, por meio de uma insuficiência respiratória.
O poeta estava com 86 anos internado no Rio de Janeiro e se revelava um artista ativo com sua produção e opiniões no campo das artes e até mesmo na política.
Ex-integrante do Partido Comunista Brasileiro, Gullar foi exilado durante a ditadura. O poeta viveu na União Soviética (URSS) no período e agiu intensamente com suas opiniões políticas, se referindo ao seu passado “subversivo”.
Escreveu várias obras como Um Pouco Acima do Chão (1949, A Luta Corporal (1954), João Boa-Morte, Cabra Marcado para Morrer (1962), Quem Matou Aparecida? (1962), Dentro da Noite Veloz (1975), Poema Sujo (1976), Na Vertigem do Dia (1980), Um Gato chamado Gatinho (2005) e Em Alguma Parte Alguma (2010).
- É, todavia, um grande escritor, que se aventurou em produções biográficas (médica Nise da Silveira) ao teatro, se dedicando com grande afinco nos ensaios, caso de Vanguarda e subdesenvolvimento (1969) e Argumentação contra a morte da arte (1993).
- Na televisão, deixou sua marca, ao colaborar com obras como Dona flor e seus dois maridos e a novela Irmãos coragem.
- Gullar ocupava a cadeira de número 37 da Academia Brasileira de Letras (ABL).
- Ganhou os principais prêmios de literatuta em português, caso do Camões (2010) e Jabuti (2011).
- Em 2002, seu nome foi indicado ao Nobel de Literatura por professores do Brasil e Estados Unidos.
- Ferreira Gullar, apesar da militância comunista foi um dos maiores críticos das gestões petistas, desde o primeiro mandato, em 2002.
- Crítico feroz das políticas públicas de Lula, disse no início de 2016 que o “populismo deslavado estava chegando ao fim”.
- O poeta dizia que Lula era autoritário e que desejava tornar o Brasil uma Venezuela ao tentar calar a imprensa.
- Sem pudores, e com conhecimento político, Gullar não perdoava as ações voltadas para a manutenção do poder.
- “O Lula é, de fato, uma pessoa desonesta. Um demagogo. E isso é perigoso. Está arrastando o país para posições que são realmente inacreditáveis. O cara se tornar aliado do Ahmadinejad, o presidente de um país que tem a coragem de dizer que não houve o Holocausto? Ele está desqualificando mundialmente porque está negando um fato real que não agrada a ele. Então não pode. O Brasil vai se ligar a um cara desse? É um oportunismo e uma megalomania fora de propósito”.
- O problema dos comentários de Gullar é que muitas vezes pareciam partidarizados, já que se ele manifestava abertamente pelas candidaturas tucanas e fazia questão de lembrar que Lula não valorizava as conquistas anteriores, como a estabilidade da moeda.