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Mostra reúne obras de Confaloni, artista trouxe modernismo a Goiás

‘Frei Confaloni - Exposição de Grande Duração’ tem curadoria de PX Silveira

Essencial ao modernismo goiano: Frei Nazareno Confaloni é retratado pelo pintor Amaury Menezes - Foto: Divulgação Essencial ao modernismo goiano: Frei Nazareno Confaloni é retratado pelo pintor Amaury Menezes - Foto: Divulgação

Lembre-se que Frei Confaloni introduziu o modernismo na arte goiana antes de ir à “Exposição de Grande Duração”, que abre neste sábado, 12, na Cidade de Goiás. Só mesmo por isso já seria justificável se deslocar até a antiga capital goiana, caso não more lá. Sendo um vilaboense do “pé rachado”, aí tudo fica mais fácil: você está próximo à sede do Museu Histórico Dominicano Frei Nazareno Confaloni, no Largo do Rosário, Centro Histórico.

É exposição simbólica. A cidade barroca, como mostra o calendário, está perto de completar três séculos. Centro arquitetônico, paraíso gastronômico e patrimônio da humanidade pela Unesco. E também município no qual o artista se instalou ao cruzar o Atlântico vindo da Itália. Sua missão, nos anos 1950, era pintar os afrescos da Igreja do Rosário - hoje, ponto com parada obrigatória durante inspeções turísticas às ruas de sinuosidade bucólica.

Quem coordena a mostra é Frei Cristiano Bhering. A curadoria tem assinatura de Px Silveira, estudioso de arte. São 80 obras que revelam, dentre outras coisas, o manejo apurado de diferentes técnicas artísticas. Há depoimentos de protagonistas da história que eram contemporâneos de Confaloni. Digamos que, ao visitar a exposição, seja possível testemunhar o conjunto de criações de quem se apaixonou por Goiás durante três décadas.

Nascido no ano de 1917 em Viterbo, na Itália, Confaloni se mudou para Goiás a convite do bispo Cândido Penzo. Ele pintou 15 afrescos na antiga capital e, com esses trabalhos, popularizou a técnica por aqui. Quando se transferiu para Goiânia, em 1952, exercia atividade religiosa e dedicava-se à pintura cristã se valendo da figura humana. Sempre esteve, de alguma forma, ligado no imaginário goiano: foi vigário de paróquia na Vila Coimbra, idealizador da Escola de Belas Artes, muralista, professor de pintura e desenho.

Para o crítico de arte Divino Sobral, em trecho de artigo publicado no “Ermira”, a contribuição de Confaloni a Goiânia foi a formulação poética e urbana do modernismo plástico goiano, cruzando elementos extraídos dos contextos rurais às técnicas modernas de representação. “A obra e a atividade professoral de Nazareno Confaloni (um dos maiores responsáveis pela fundação da Escola Goiana de Belas Artes, em 1952) tiveram grande influência sobre o modernismo local”, analisa Sobral, notável em história da arte.

Panorama

Como Confaloni exercia o ofício criativo em distintas frentes, Px escolheu não priorizar um recorte temático ou temporal do artista visual, e sim achou mais interessante oferecer ao público um panorama de quem foi Frei Nazareno Confaloni. “Sua obra permite diversos recortes. Tanto do ponto de vista da técnica, por serem várias utilizadas, quanto do ponto de vista temático”, afirma o curador, que escreveu o livro “Conhecer Confaloni” - obra, aliás, de referência a quem gostaria de se aprofundar nessa intrigante personalidade.

Px atesta que, graças a Confaloni, informações sobre arte moderna chegaram a Goiás. “Ele atalhou a fonte da arte moderna, pois antes bebíamos das influências do Rio e São Paulo e esses artistas bebiam da Europa. Com Confaloni, bebemos dessa fonte diretamente da Europa. Abriu caminhos para originar várias outras vertentes, sem dúvida”, analisa o curador, que pinçou 15 obras sob posse da PUC, outras 10 de acervos particulares e coleções já famosas, como é o caso de “O Mistério do Rosário” e a “Via-Sacra”, ambas do Santuário.

A obra explora ainda o lado desenhista e gravurista de Confaloni, assim como a primeira criação artística, feita aos 18 anos, em 1935, bem como a última, encontrada fresca no ateliê, no ano de 1977, quando saiu da vida. São aspectos que tornam “Frei Confaloni - Uma Exposição” preciosidade capaz de fazer o público compreender a estética do ítalo-brasileiro. Foi por causa dele, por exemplo, que hoje existe um modernismo com identidade goiana. Além de tudo, criou a Faculdade de Arquitetura da PUC, antiga UCG.

“Uma Exposição” abre ao mesmo tempo em que se inaugura o Museu Histórico Dominicano Frei Nazareno Confaloni, na Cidade de Goiás. A solenidade recebe, na ocasião, autoridades e, durante a programação, haverá uma missa celebrada por Frei Cristiano Bhering às

19h. A abertura acontece às 20h. Localizado aos pés do Santuário do Rosário, o museu reúne um dos mais importantes - e talvez o mais extenso - conjunto de obras na técnica do afresco no Brasil. E, a partir de agora, contará com espaço adequado para receber exposições.

Segundo Frei Cristiano, coordenador da “Exposição de Grande Duração”, a mostra assume importância num contexto simbólico. “A Cidade de Goiás prestes a completar 300 anos de fundação, nossa antiga capital, centro da cultura goiana e patrimônio da humanidade, cidade que acolheu frei Confaloni que veio da Itália com a especial missão de pintar os icônicos afrescos da Igreja do Rosário, a comemoração dos 140 anos da chegada dos Frades Dominicanos em Goiás e o nascimento e consolidação do Museu Histórico Dominicano Frei Nazareno Confaloni”, elenca.

Frei Confaloni - Exposição de longa duração

Museu Histórico Dominicano Frei Nazareno Confaloni

Largo do Rosário, na Cidade de Goiás

Sábado, 12, às 20h

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