Cultura

Nove mulheres fundamentais para o cinema brasileiro – Parte II

Redação DM

Publicado em 28 de janeiro de 2016 às 20:41 | Atualizado há 5 meses

Confira hoje um pouquinho mais da vida e da obra de outras quatro cineastas brasileiras, que ajudam a movimentar o cenário cultural do país. Visão crítica do modo de vida social no qual estamos inseridos são as características mais marcantes do trabalho destas grandes mulheres.

Muitas das obras destas mulheres são premiadas internacionalmente, mas o trabalho delas próprias enquanto diretoras muitas vezes cai no esquecimento do reconhecimento pela competência. Nas próximas semanas, outras diretoras, brilhantemente competentes e criativas ilustrarão as páginas deste caderno, juntamente com suas obras. Pretendemos, ambiciosamente, contribuir para a elevação e mérito destes grandes nomes do cinema mundial, figurados por tantas cineastas mundo a fora.

Lúcia Murat

A cineasta brasileira nasceu no Rio de Janeiro em 1949. A carioca foi presa durante a ditadura militar e as memórias do cárcere, as torturas e histórias similares desta época triste da anti-democracia nacional transfomaram-se num filme chamado Que Bom Te Ver Viva em 1989. Em 2004 a cineasta retomou o tema em outro longa-metragem, Quase Dois irmãos rendeu a Lúcia o prêmio de Melhor Filme Íbero-Americano no Festival de Mar del Plata. Lúcia Murat também é diretora do filme Brava Gente Brasileira (2001) e outros sete filmes. Que Bom Te Ver Viva é um drama/documentário brasileiro, estrelado por Irene Ravache que traz depoimentos de tantas outras mulheres que, como Lúcia lutaram contra a ditadura militar, foram presa e torturadas, mas conseguiram, cada uma a sua maneira, recuperar a vida e a rotina.

Petra Costa

A caçula da turma é uma mineirinha, lá de Belo Horizonte. Aos 33 anos Petra é cineasta, atriz e antropóloga, formada pelo Bernard College, da Universidade Columbia, em Nova York. Fez mestrado na Escola de Economia de Londres e estreou como diretora em 2009 com o curta-metragem Olhos de Ressaca. Entre 2009 e 2013, Petra conquistou um total de dez prêmios por Olhos de Ressaca e outros oito por Elena (2012), seu primeiro longa-metragem. Prêmios estes conquistados no Brasil, Cuba, Estados Unidos, França e Polônia. O longa Elena é um documentário, quase biográfico, que conta a história real de Petra, quando decide ir para os Estados Unidos atrás de sua irmã Elena, que já morava há anos no país. A peregrinação de Petra atrás de Elena é embasada em cartas diários e filmes caseiros. O longa-metragem também marca a estreia de Petra Costa como diretora de longas-metragens.

Kátia Lund

A cineasta e roteirista brasileiro-estadunidense é filha de norte-americanos que migraram para o Brasil antes de seu nascimento. Kátia é ninguém menos que a co-diretora de Cidade de Deus, juntamente com Fernando Meirelles. Lund também dirigiu o documentário Detalhes de uma Guerra Particular, que serviu de inspiração para tanto outros filmes, assim como para o ex-capitão do BOPE Rodrigo Pimentel, roteirista de Tropa de Elite. Outra parceria entre Lund e Meirelles foi no curta-metragem de 2012, Pallace II, sobre a vida de dois jovens numa favela. Cidade de Deus é um dos mais aclamados filmes nacionais do início deste milênio, e rendeu somente à Meirelles o prêmio de melhor diretor no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro em 2003, mais uma prova da discrepância para as indicações de mulheres nas premiações do cinema. Com Leandro Firmino como o personagem icônico Zé Pequeno, Matheus Nachtergaele como Sandro Cenoura, e Alexandre Rodrigues no papel de Buscapé, o longa retrata o crescimento da criminalidade na Cidade de Deus, a região periférica que começou a ser construída a partir da década de 1960, e teve um “boom” nos índices de criminalidade no início dos anos 80.

Carla Camurati

Ex-Presidente da Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Carla Camurati é atriz e diretora. Teve uma carreira premiada como atriz nos anos de 1980, mas se lançou como produtora, diretora e roteirista em 1995, com o longa-metragem Carlota Joaquina,Princesa do Brazil, marcando a era da retomada da produtividade do cinema nacional. A produção independente de Carla Camurati bateu recordes na década de 1990, alcançando o público de um milhão e meio de espectadores e participando de cerca de quarenta festivais de cinema. Como diretora, comandou 13 obras, entre programas, minisséries, filmes e novelas e outros 23 como atriz. A sátira Carlota Joaquina, Princesa do Brazil, estrelado por Marieta Severo, Marco Nanini e Marcos Palmeira, narra fatos do período em que o Brasil deixa de ser colônia lusitana para transformar-se em reino unido de Portugal, desde o casamento de Carlota com Dom João VI, quando esta, ainda era uma criança.

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