O Bolo, o Coelho, o Ator
Diário da Manhã
Publicado em 29 de junho de 2017 às 21:53 | Atualizado há 4 meses
“Fazer um bolo é que nem fazer teatro”. Assim começa a peça “A Dura Ação de Um Bolo” dirigida e escrita por Allan Jacinto Santana com estreia marcada para as 20h desta sexta-feira (29/6) no Espaço Sonhus. O novo trabalho também é uma forma de celebrar os sete anos do Grupo Plenluno Teatro, responsável por trazer o texto de Allan para o palco do teatro. O novo projeto aborda a condição do ator em um recorte cotidiano surreal da opressão simbólica, caótica e sensível.
A peça gira em torno de um Coelho, figura excêntrico de personalidade questionável que aparece na vida de outros três personagens de forma provocante. O espetáculo faz referência ao teatro, mais especificamente à trajetória do Grupo: o processo criativo, apresentação e outros. O Coelho, portanto, é o motor da peça, constantemente provocando com questionamentos sobre a condição humana interligada aos desejos mais obscuros da atualidade.
A discussão que a peça propõe se baseia na vida contemporânea e seus vícios. A vida forjada no meio virtual contextualizada com a efervescência cultural da Cidade de Goiânia. Na descrição do espetáculo o Grupo define o espetáculo como “uma história de um bolo, três atores, um Coelho e muitas cenouras”. O elenco é composto por Alinne Vieira, Izabelle Eleonora, Jackson Leal, Jonathan Sena. A trilha sonora é de Rui Bordalo, fotografia de Io Hardy, cenário e figurino de Izabelle Elleonora e apoio do Espaço Sonhus e Instituto Fará Imorá.
Estreia
O diretor e responsável pelo texto do espetáculo, Allan Jacinto Santana, falou com o Diário da Manhã sobre essa ação inédita na sua história dentro do teatro. “Escrever é uma experiência de resgate, eu acho. Já tinha escrito uma peça que chama Bang-Bang Gyn, que vai ser montada pela Cia. Comfome e estava um tanto afetado com a possibilidade de escrever teatro, nos moldes dramatúrgicos e falando sobre estar e viver em Goiânia”. Allan é graduado em bacharelado em Teatro pela Universidade Federal de Goiás (UFG) tem 26 anos e trabalha como ator no Grupo Guará, vinculado à PUC Goiás. É integrante da Cia. Confome desde 2013 e esta é sua segunda direção.
O ato de passar um sentimento para o papel, ou seja, criar um roteiro a partir de uma vivência ou sentimento é o desafio para o artista. Allan conta que a primeira conexão que faz para iniciar a obra é procurar uma ligação afetiva. “Eu gostei de ter botado no papel e depois em cena ver tantos desejos. A ‘Dura Ação de um Bolo’ representa o aniversário de um grupo que sobrevive há 7 anos em Goiânia”, diz. Ele também fala sobre a relação individual do ator e como foi colocar em cena o caráter independente do grupo, por exemplo.
O Coelho, o Ator, o Bolo
Os três personagens ou objetos do espetáculo se confluem durante o espetáculo. O Coelho é responsável por reproduzir mecanismos de opressão. “A partir dessa personagem, as histórias e assuntos trazidos para a cena são aprofundados no limite cotidiano, básico”, afirma Allan. A figura do Coelho é responsável por disparar gatilhos que bagunçam toda a linearidade da peça, assim como a vida. “O disparador pode ser uma palavra. O caos está instaurado. Depois volta tudo ao ‘normal’, no entanto as marcas já existem e permanecem”, conclui.
Questionado sobre qual seria o tema central do projeto (o bolo, o coelho ou ator), Allan diz que não sabe, “acho que os três ou nenhum”. Para o diretor, “a peça é uma grande conversa. É uma documentação da vida contemporânea onde fala-se de tudo, sente-se muito e acaba se perdendo dentro da discussão. É sobre teatro mais que sobre ser ator. Não sei até que ponto isso existe, mas é”, diz. As referências para a produção do texto não são específicas para o diretor. Ele aponta que a base para o texto foram as vivências e, principalmente, as coisas que os atores acreditam ter vivido.
A Dura Ação de um Bolo
Horario:21h
Onde: Espaço Sonhus, Setor Central
Entrada: R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia)
Censura: 16 anos