Cultura

O encontro dos sonhos

Redação DM

Publicado em 24 de setembro de 2016 às 02:53 | Atualizado há 9 anos

Em 1938 o pintor surrealista Salvador Dalí foi visitar o pai da psicanálise, Sigmund Freud, que vivia refugiado em Londres por causa da perseguição nazista aos judeus na Europa. Agora, imagine como foi o encontro destas duas mentes geniais? Espere, nem será preciso, pois, foi isto o que fez o autor britânico Terry Johnson, na montagem teatral dirigida por John Malkovich, Histeria. E este espetáculo, que foi aclamado na Europa, chegou ao Brasil, com a tradução e direção de Jô Soares. Os goianos vão poder conferir esta peça que fica em cartaz hoje, às 20h, e amanhã, às 19h, no Teatro PUC.

No palco os atores Cassio Scapin e Pedro Paulo Rangel dão vida a Dalí e Freud, respectivamente. Em cena discutem os temas que foram objeto de estudo de ambos: o universo onírico. Mas mesmo em clima de comédia, a peça traz temas profundos, como a ideia do inconsciente e seu papel na arte, além do significado dos sonhos, são alguns dos temas abordados.

Em uma das sequências mais absurdas da trama, dilatada pelos efeitos da comédia física, Dali encontra Freud em seu consultório. Lá o psicanalista está atrapalhado por uma série de situações cômicas anteriores, e encontra-se segurando uma bicicleta coberta por caramujos, com uma das mãos presa dentro de uma galocha e com a cabeça enfaixada numa espécie de turbante.

O mestre surrealista, fascinado pela visão, conclui: “O que Dalí vê apenas em sonhos, você vive na realidade!” De forma inteligente, a montagem recorre à comédia para atrair o grande público a complexa temática do diálogo entre arte surrealista e psicanálise, evocando a obra de duas das personalidades mais emblemáticas do século 20.

Na peça, as certezas de Freud são questionadas por duas outras personagens, enquanto a obra de Dalí é satirizada numa visão autoparodiada dele próprio. Entre diálogos inteligentes, situações farsescas, ritmo frenético e até alucinações surge uma das “encruzilhadas” do texto: retirar a essência do mito é minar o fundamento da fé?

A peça acaba sendo um recorte das angústias vividas no século XX, que presenciou, com rapidez quase assustadora, a evolução da aventura humana em suas mais diversas trilhas. Nas ciências, nas artes, nos esportes, nas guerras, nas conquistas sociais, nos seus caminhos e descaminhos. Não por acaso, também foi o século que assistiu a explosão da psicanálise, a revolução sexual, o nascimento do surrealismo e a expansão das drogas alucinógenas.

Peça teatral “Histeria”

Onde:  Teatro PUC Campus 5 ( Av. Fued José Sebba – Jardim Goiás, Goiânia – GO)

Quando: Hoje, às 20h e amanhã ,às 19 h

Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia)

 

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