O enochato suave ou seco… on the rocks
Diário da Manhã
Publicado em 9 de fevereiro de 2017 às 01:30 | Atualizado há 4 meses
Ah como enobrece o tempo uma fala embebida na discussão pautada a vinho e elegância, vinho e prazer, vinho e amizade, enfim, vinhos e mais vinhos, sejam esses secos ou suaves, brancos ou tintos.
O sangue de Baco é fonte de prazer, histórica, embebida na sede humana que clama por maior presença e bebe na fonte da coragem ao emitir uma opinião de referência. Aqueles que entendem do assunto, e, sabem ler uma carta de vinhos sejam estes apreciadores dos vinhos brancos, dos vinhos fortificados, daquele espremido em broto, de colheita tardia, sabe muito bem que, se os olhos não leem, o paladar é capaz de denunciar, o mais breve possível, sobre o bom sabor, ou o “taste” apropriado daquele que entende ou pensa que sabe dissertar sobre os vinhos. E um fato instiga sobre esta bebida majestosa, assim como as verdades, há quem goste, de verdade, de verdades mais que do vinho, e, na proporção inversa da sentença, mais de vinho cujo efeito provoca algumas verdades.
Quanto aos incautos, ou os “enochatos”, pessoas que se apresentam como conhecedores da arte do vinho, sua maior chatice se apresenta quando, ao presenciarem um jantar, antes mesmo de apreciar a beleza e riqueza humana do momento, desencadeiam uma overdose de “sabedoria” a qual determina comportamentos precedidos e ditados no ritual pobre em espírito que remete ao Veuve Cliquot, que antecede o Pommard. Este deve, obrigatoriamente, anteceder ao Hermitage, que, por sua vez, precede ao Château Mouton–Rothschild o qual deve ser sevido antes do Brunello que bateu à taça antes do Amarone que anuncia o Sauternes, talvez até um “Chateau d’y quem”. Iguarias desencontradas que antecedem o licor ácido o qual vem antes do conhaque forte que deixa como herança a dor de cabeça sucedida pelo vômito que antecede ao arrependimento.
O “enochato” discursa vazio sobre os grandes rótulos, se perde na falta de essência quando refere ao prazer, curto, erroneamente retratado como o desfrute de uma noite tragada a vinho na taça da liberdade. Então o que decorre de sua avalanche das inverdades é o fato de que se perdem aí duas oportunidades, a do interagir e ainda a de sorrir ou tentarmos ser felizes a partir do momento que sua “sabedoria” nos impõe suas regras. Como exemplo, quando muitos perguntam se “podem ou devem” tomar vinho adicionado a gelo e na grande maioria se enfurecem com parte de minhas blasfêmias, ou seja, quando retruco malcriada citando como exemplo Córsega, onde as pessoas bebem muito vinho Rosé “on the rocks”. A última moda em Paris, para citar uma delas, é o “Passion on the rocks”, um espumante reforçado a gelo, além é claro, daquilo que o apreciador do “drink” tem como vontade relacionada ao rico momento.
Quando se descobre diante de amigos, o “enochato” passa a descrever o vinho como se participasse de uma degustação técnica, ditando aos leigos os “reflexos violáceos, seus aromas complexos, os taninos educados, um tal de retro-gosto persistente”, coisas assim, como se fosse ele o interlocutor que vai ditar como devem ser os desejos de quem almeja uma simples cerveja gelada, e, que, diante de tão rico repertório, o “sabe tudo” passa a ser comentado enquanto a pessoa se torna a piada da noite. Então, pegue a dica e evite criticar o vinho oferecido por um amigo, mesmo que você o deteste, guarde consigo os comentários desprezíveis, tais como: “falta corpo nesta bebida”, “este rótulo é pobre em aroma”, “é um vinho alcoólico demais”. Não custa nada ser mais elegante e discreto, e, simplesmente deixar a taça do vinho descansando eternamente num canto qualquer.
Se por acaso, descobrir-se em um restaurante com serviço de vinho, prove-o rapidamente, lembrando que você não precisa ficar meia hora agitando e cheirando diferentes sabores e copos, por ser exatamente esse um dos sintomas clássicos que denotam um “enochato”. Então, a pedida do dia deve ser evitar as discussões inflamadas sobre o melhor vinho, sua safra inesquecível ou a uva mais importante, pois o melhor vinho é aquele que mais lhe agrada, e, essa, além de ser o maior sabor é a mais pura e grande verdade. Jamais use expressões chulas como aquelas que se referem a uma safra com referência a Petróleo, Raposa Molhada, Carne de Caça, Pelo Queimado, Chão de Folhas Úmidas no Bosque. Acredite, assim são descritos os aromas de alguns vinhos especiais os quais, assim nominados, denotam rótulos nada especiais, e, não aqueles disponíveis na maioria das boas e sábias adegas particulares, bem guardados, e, ao longe dessas expressões populares horríveis.
Lembre-se de que existem ocasiões certas para você exibir conhecimentos relatos a vinhos como em restaurantes, nas reuniões entre os amigos, nos jantares informais, ou seja, nas ocasiões descontraídas e destinadas ao lazer. Nada de discursar sobre as qualidades da uva e sua safra, do cacife do produtor, chacoalhar, erroneamente, o vinho na boca, de forma “deselegante” e equivocada, um verdadeiro horror. É exatamente, por aí, que muitas vezes inicia-se aquele “papo chato”, sobre o prazer do vinho, disputadíssimo, e, com o “sommelier” de um restaurante, ao invés de descontraído, transformado numa forma exibicionista, quando, geralmente, o sujeito se acha bom entendedor de especiarias e iguarias, sobre tudo e todos, enfim, destilando seus achados que, no fundo, o denunciam enquanto sabedor que, quanto mais se acha, menos tem certeza se entende. São equívocos os quais, assim como acontece com as diversas religiões e as obras de arte, anulam o entendimento com reconhecimento daquilo que produziu a humanidade, engrandecida pelo grande escritor Sheakspeare. Enfim, os “enochatos” são aqueles que se sentem donos do tema e carregam no seu ímpeto a procuração endossada pelos deuses do prazer, que trabalham para Baco, para destilar inverdades e falar do assunto enfim, emitir sempre a palavra final.
A Coluna Prazeres à Mesa anuncia a todos seus leitores que nem todos têm que entender sobre o vinho. Aliás, ninguém é obrigado a saber de nada, e, não há mal algum em perguntar sobre as coisas quando não se sabe delas. A cada dia a vida segue, surgem novos temas e rótulos, novas vinículas que, assim como aquelas tidas como antigas vinículas, são capazes e profissionais ao lançarem, com coragem, novos vinhos produzidos a partir de uvas viníferas locais, aqui ou além-mar, ou seja, em cada país, na sua vez, e, com a mais particular das expressões as quais tornam impossível a pretensão egoísta de alguém, como o “enochato”, conhecer tudo e todos intrinsecamente ligados ao assunto. Portanto, sempre que necessário, repita a experimente frase que mais parece uma oração: “Só existem aprendizes de vinho; somente os humildes aprendem sobre vinhos.”
Outro candidato ao título de “enochato” é aquele que em uma “degustação informal”–quando a bebida é servida em copinhos de plástico–resolve identificar “notas” no vinho, o que torna o momento um verdadeiro “deus nos acuda e distancie do ‘enochato’”. Nas confrarias realizadas por grupos de degustação, as pessoas ajudam umas as outras a apontar nuances diferentes quanto ao cheiro e sabor dos vinhos. Ali, uma vez mais, o “enochato” quer explicar o inexplicável, e, convenhamos, será possível uma garrafa conter o surpreendente aroma do “suor do cavalo?”. Uma combinação com a fisiologia humana não deixa de ser uma convenção, e, por via das regras, não sendo uma ciência, esta tentativa de harmonização está profundamente imersa em um relativismo absoluto, principalmente se adotarmos as diferenças culturais e de valores. Fatos como este não devem tornar motivo de orgulho, e relação a nada, porque nunca se deve dar uma última palavra quanto a um assunto único e que não que se baseia em convenções idealistas.
As pessoas de bom gosto apenas, e, tão solenemente gostam e apreciam tomar vinhos e fazem questão de as regras absterem-se. Se os protocolos foram criados para serem quebrados o beneficio do vinho os reserva das supostas combinações “benéficas para beneficiados enganados pelo enochato”. E ao brindar-se a vida e as liberdades, fazer escolhas e se tornar dono da própria verdade, aquele que é dono da sua verdade em geral não espera lucrar ou digerir paladar agradável nas mentiras destiladas pelos sábios efêmeros, e, de plantão.
Se a verdade mostra que tudo nesta vida nunca passou de um mito, até a harmonização de vinhos com determinados pratos torna-se – a partir desta constatação–uma lenda líquida, tal qual aquela que reza sobre os vinhos de sobremesa que podem sim casar com pratos salgados, não é mesmo?. Lembre-se que as questões ligadas à arte dos vinhos são convenções humanas e não ciência. Por isso, ao afirmarmos que tudo não passa de “crenças mitológicas” ou mito determinado no oculto da Mitologia, torna-se imperativo usarmos o pensamento dos racionalistas, ou seja, aquele que afirma que “uma coisa não pode ser sempre a mesma coisa”, portanto não deve ser, ao mesmo tempo, como um vinho que possa conter algo estranho à sua composição capaz de afetar o paladar. Sugere a boa história que as coisas e fatos podem acontecer por indução, alinhados à fantasia, motivo de especulação, e, financiados no poder intrínseco da autossugestão.
Então o ritual de beber o bom de um bom vinho introduz a pessoa, através da magia da taça que segura, ao bom mito, ou seja, aquele capaz de resumir sua fantasia a uma gota de realidade pintada com as cores da vida, dentre elas a que carrega a cor do vinho, o que, por sinal, pode ser uma mescla de loucura e curtição, amor costurado a tensão e êxtase, ou ainda no fato de curtir o “barato” que é tomar e degustar um bom vinho, saboreado sem regras, sem discussões baratas e bem longe dos “enochatos”, afinal, o vinho é um achado dos deuses e definitivamente não foi produzido para encher outra coisa a não ser a taça e não o “saco, a cabeça e a paciência de ninguém”.
Caçarolas da semana
Bolo da Madre fica na Rua 15, Quadra J18, Lote 16, Setor Marista, tem no cardápio quase 40 sabores, entre bolos tradicionais e sabores sazonais, além do bolo de churros, um dos mais procurados da casa. A casa de esquina é aconchegante e charmosa, e além dos bolos, o espaço serve bebidinhas como cafés, chás e sucos para acompanhar os doces. Uma delícia para um lanche à tarde.
Charmoso e aconchegante espaço do Don Café, fica na rua 146, Quadra 57, n.520, Setor Marista você pode experimentar vários cafés especiais da casa. Não deixem de pedir o café Lavazza é um café muito intenso e cremoso. As comidinhas são bem elaboradas. O espaço é perfeito para passar o tempo lendo um livro ou batendo um papo com os amigos. Adorei!
Originalle Café- Avenida B, Setor Oeste, n.339- oferece cafés preparados com grãos extraídos das lavouras do sul de Minas Gerais e da região de Mogiana, em São Paulo. O espaço é um local aconchegante, onde os apreciadores de café podem apreciar a bebida.
Dicas de vinhos baratos
No aborigine lingua Mendocina “Huarpe” Tamarí quer dizer fazer as coisas com paixão, nao há duvidas que este Rosé se apoderou desta expressão, pois por 30 e poucos reais, se encontra um vinho interessante. Nada melhor do que aproveitar um final de tarde com calor e fechar com este rosê bem gelado.
Analisando a loja virtual da vinícola (loja.miolo.com.br), encontrei alguns rótulos que já degustei e gostei, mas selecionei quatro tradicionais vinhos bons e baratos que não me canso de indicar, são eles;
1) Miolo Cuvée Giuseppe Merlot/Cabernet DO 2012
2) Quinta do Seival Castas Portuguesas 2011
3) RAR Cabernet Sauvignon/Merlot 2011
4) Quinta do Seival Cabernet Sauvignon 2012
Nenhum desses vinhos são leves, pelo contrário, são encorpados. A vinícola Miolo, sempre faz vinhos interessantes e honestos.