O grande incêndio de Meireki
Diário da Manhã
Publicado em 1 de março de 2016 às 21:36 | Atualizado há 4 meses
Na data de hoje, há 359 anos, um incêndio devastou a cidade de Edo (atualmente chamada de Tóquio, capital do Japão). O fogo durou três dias, destruindo dois terços da cidade, causando por consequência cerca de 100 mil mortes. O Castelo de Edo, monumento que marca o início de Tóquio e imponente testemunha da prosperidade vivida pela cidade, bem como sua sede militar, também foi perdido para as chamas.
A força do vento ajudou a espalhar as chamas, e apesar da cidade possuir uma brigada de incêndio, ela havia sido formada há pouco mais de 20 anos. Na época, os bombeiros não possuíam equipamentos, experiência e nem pessoal suficiente para frear um incêndio de tamanhas proporções. O episódio durou os três primeiros dias de março de 1657 e ficou conhecido como ‘O grande incêndio de Meireki’.
Estrutura
Quando o incêndio atingiu Edo, no século XIX, a cidade era potencialmente inflamável devido a sua infraestrutura. Maior parte das casas e edifícios era feita de madeira e papel, e o espaço entre as construções era pequeno, o que facilitava o alastramento das chamas. A recente seca na região também contribuiu para o desastre, pois tal condição climática deixava as casas secas e mais propensas à combustão.
Em 1657 a cidade de Edo tinha mais de 300 mil habitantes. A concentração urbana já existia desde 1457, e no ano do incêndio comemorava 200 anos. O centro do Castelo Edo, marco inicial de Tóquio, foi reconstruído e hoje soma mais de 560 anos de história. Uma das consequências do desastre foi a mudança radical pela qual a cidade passou durante a reconstrução, renovando-se contra futuras ocasiões adversas.
Também houve uma expansão geográfica da zona urbana de Edo. A transferência de residências feudais e santuários para a periferia da cidade levou o desenvolvimento infraestrutural para os extremos de Edo. Depois do incêndio, várias pontes foram criadas e a cidade que contava com um raio de oito quilômetros de área urbanizada a partir do Castelo central passou a ter 16. Outra saída encontrada foi tornar as ruas mais largas.
Seis dias após o incêndio, quando a situação de calamidade encontrava-se um pouco mais controlada, os sobreviventes, dentre eles vários monges, começaram a retirar os corpos das vitimas. Elas foram levadas para o lado leste do rio Sumida, onde as chamas não haviam chegado. Poços foram cavados, e os mortos foram enterrados. No local foi construído o templo budista Ekō-in, tanto para lembrar as vítimas quanto para rezar por elas.
A reconstrução de Edo durou mais de dois anos, e trouxe aos sobreviventes a oportunidade de corrigir vários problemas estruturais da antiga cidade. O Mercado Central de Edo foi tratado com cuidado especial devido a sua importância para a economia da cidade e do país. As proporções do grande incêndio de Meireki colocam-no no patamar de outros grandes desastres do Japão, como o Terremoto de Kanto (1923), que matou mais de 100 mil pessoas, e os bombardeios ao país durante a Segunda Guerra Mundial, que tirou cerca de 200 mil vidas.
O grande incêndio de Meireki também é lembrado como ‘Incêndio Furisode’, em razão de uma lenda que mistifica as origens do fogo. Furisode é o nome dado a um tipo de quimono, considerado ideal para moças solteiras. Segundo a lenda, o fogo começou durante a queima de um furisode supostamente amaldiçoado, que havia pertencido a três adolescentes que morreram logo após receber a vestimenta. Um vento forte durante a cerimônia teria espalhado o fogo.