O que torna um vinho caro?
Diário da Manhã
Publicado em 28 de junho de 2017 às 21:41 | Atualizado há 4 meses
O que faz de um vinho um grande vinho? Eu sempre me perguntei porque alguns rótulos são tão mais caros que outros. Até que um dia, quando estava fazendo uma reportagem sobre vinhos para a revista Stile, fui convidada para uma degustação de Château Latour, na casa de um amigo muito rico que tem uma adega surpreendente. Este vinho é um dos mais caros vinhos de Bordeaux (a garrafa da safra 2005 hoje é vendida no Brasil por mais R$ 10 mil). Saí da degustação, entre maravilhada e desolada. Afinal, eu nunca teria dinheiro para comprar um Château Latour. Continuaria bebendo o que sempre bebi. Mas a vida não é bem assim. Fora o fato de que acabei escrevendo sobre vinhos e tomando outros vinhos caros algumas outras vezes na vida, hoje em casa bebo bem melhor porque sei o que eu gosto. Não costumo gastar mais do que R$ 150 (isso em situações muito excepcionais). Nos fins-de-semana comuns, fico na faixa dos R$ 50. Só que hoje sei fazer o meu dinheiro valer e sei escolher.
E porque alguns vinhos são caríssimos? Os vinhos caros são produzidos com ingredientes de altíssima qualidade a partir de processos rigorosamente definidos em pouca quantidade, são capazes de resistir ao tempo, são reconhecidos e aclamados por críticos no mundo todo, são feitos por produtores de grande renome. Quando um vinho recebe mais de 90 pontos do crítico americano Robert Parker, seu preço pode não subir imediatamente, mas acaba subindo num prazo relativamente curto. Isso aumenta a qualidade do produto? Não, mas uma boa nota é sinal de que o vinho deve ser bom. Mas pode não ser do seu estilo seu preferido. Robert Parker, por exemplo, costuma gostar de vinhos potentes. Já Jancis Robinson, em geral, prefere os elegantes. Eu Também!
O Château Petrus, por exemplo, cujas safras mais baratas não custam menos de R$ 15 mil, deve ser de fato um ótimo vinho (nunca tomei), mas é tão mais famoso do que os outros cru classé de Bordeaux simplesmente por uma questão de estudo de marketing muito bem-sucedido.
Quanto menor o rendimento na parreira que é a quantidade de frutas que brotam de uma única planta -, maior a qualidade do vinho. Isso porque a parreira tem uma cota de nutrientes a ser distribuída igualmente entre as uvas. Esses nutrientes se transformam, no fim das contas, nas substâncias que dão aroma e sabor ao vinho. Assim, uma parreira que rende pouco acaba produzindo frutas de sabor mais concentrado.
O baixo rendimento pode advir da idade da planta: as mais antigas têm menos cachos, daí o valor dado às bebidas que estampam no rótulo a expressão “vinhas velhas”. Outro fator determinante é a disponibilidade de água. Pouca água é melhor, pois a planta se estressa, não dá muitos frutos e dedica toda sua energia àquelas poucas crias. Ao extrair menos vinho por metro quadrado, o produtor compensa a diferença na etiqueta da garrafa. Os produtores reservam para seus rótulos mais caros as melhores uvas. A seleção é feita de dois modos: separando a melhor terroir ou escolhendo e os cachos mais saudáveis para o vinho especial. Ambos os casos exigem atenção artesanal para o vinhedo (colheita manual), o que encarece o processo. Os produtores escolhem os cachos mais saudáveis para o vinho especial. A elaboração exige uma atenção artesanal para o vinhedo o que encarece o processo. O vinho, como toda atividade agrícola, depende dos fatores imponderáveis da natureza. As perdas causadas por fatores climáticos, incêndios, terremotos e pragas fazem oscilar, principalmente, o preço dos vinhos mais caros.
Exemplo: uma certa safra foi terrível, com geadas que mataram 30% das parreiras e comprometeram a qualidade das uvas sobreviventes. O produtor dos vinhos de excelente qualidade, de vinhos médios e vinhos baratos decide: não há condições de engarrafar o vinho de qualidade naquele ano. A produção de vinhos médios é reduzida e o grosso das uvas vai para vinhos baratos. Em falta no mercado, as garrafas de qualidade sobem de preço devido ao desequilíbrio entre oferta e demanda. O vinho caro recebe tratamento especial e todo o processo de vinificação é acompanhado de perto pelo enólogo. O líquido permanece mais tempo na vinícola, ocupando as instalações e a mão de obra. Lá, envelhece em barris de carvalho Francês ou na garrafa por vários meses ou anos.
Os vinhos de excelência, são envasados em garrafas mais pesadas, com rolha e cápsula (revestimento da rolha) de melhor qualidade e rótulos trabalhados. Quando um rótulo se torna sucesso de vendas, o preço tende a subir. O mesmo pode ocorrer com todos os vinhos de uma zona de origem que ganha fama repentina. Há casos difíceis: na Borgonha (França), a demanda sempre foi maior que a oferta, que, por razões geográficas não tem como crescer. Assim, os vinhos borgonheses têm preço muito acima da média. Um crítico de vinhos também pode jogar para cima ou para baixo seu valor de mercado antes mesmo de ocorrer um reflexo na demanda. O comércio sempre fica muito atento à avaliação dos profissionais das revistas especializadas: americana Wine Spectator, da equipe do crítico americano Robert Parker, da inglesa Jancis Robinson e de publicações regionais, como os guias Descorchados (América do Sul), Peñín (Espanha) e Gambero Rosso (Itália).
Quando um desses veículos dá boa nota a um rótulo, o vinho em questão tende a ter preço maior na safra seguinte; quando vinho recebe boas notas de forma consistente, ano após ano, ele tende a subir de preço. Há vinhos que chegam a custar milhares de reais o que não existe nenhum fator inerente à produção que justifique essas cifras. Acho um absurdo! Os tais vinhos são tão caros que são disputados a tapa por gente muito rica que os usa como objeto de status. Não há teto para o preço de um vinho assim: enquanto houver quem pague, o valor vai subir.
Vocês sabem que muito do que se paga por um vinho no Brasil se deve aos impostos? Mas você tem ideia de quanto? A carga tributária sobre um vinho nacional é de cerca de 65% do preço. E no europeu, chega a quase 85% do preço. Isso faz o vinho caro. Um absurdo!
E os vinhos mais baratos são feitos com irrigação abundante, o que estimula a multiplicação dos cachos e a diluição do sabor da uva. Depois de colhidas e prensadas, as uvas do vinho barato vão para grandes tanques de fermentação e de lá para as garrafas e para o mercado. Tudo isso é feito da forma mais rápida e com menor custo possível. Eu particularmente gosto de vinhos que encanta meu paladar e mostre a sua poesia não importa se são baratos ou caros.
Caçarolas e vinhos
CONCURSO GASTRONÔMICO ENCHEFS –GO
SERÁ LANÇADO EM GOIÂNA
Goiânia será palco para que profissionais, estudantes e amadores da gastronomia mostrem seus talentos no maior evento dedicado à área na capital. É o Enchefs- Encontro de Chefs Brasil que terá a etapa regional realizada em Goiás. O lançamento oficial do concurso Enchefs- Goiás, foi realizado dia 26 de junho, às 19:30, no restaurante Viela Gastronômica. Durante o evento foram anunciadas as regras e divulgados os editais para a inscrição nos concursos que serão realizados.
O Concurso ENCHEFS GO tem como tema “¬¬¬¬ Gastronomia que desenvolve o turismo”. O objetivo é resgatar a cultura local e regional, o que torna possível ao candidato mostrar novas técnicas, novos ingredientes, a execução de novos pratos que valorizem os costumes da região de cada um.
O Enchefs-Goiás é coordenado pela chef de cozinha e professora de gastronomia, Juliana Barroso. “Esta será uma grande oportunidade para valorizar a cultura regional e ainda proporcionar ao público em geral mais conhecimento a respeito da gastronomia local e dos ingredientes típicos” – explica Juliana.
A programação será bastante extensa e segue até setembro e terá os seguintes concursos: Concurso gastronômico profissional, Concurso gastronômico estudante, Concurso gastronômico infantil, Concurso gastronômico amador, Concurso o melhor brigadeiro goiano, Rota gastronômica, Competência profissional e boas práticas, Gastronomia responsável. Bacana!!
Botecagem
Neste sábado, dia 1º de julho, a cidade de São Paulo recebe o evento de encerramento do festival gastronômico Botecagem, que aconteceu durante todo o mês de junho em mais de 80 bares de 12 cidades brasileiras.
Das 12h às 22h, com entrada gratuita na área externa do Shopping Villa Lobos, música ao vivo e DJs, além de espaço kids, o festival conta com petiscos de 19 estabelecimentos de diferentes cidades do Brasil, acompanhados de cerveja Serra Malte e Original.
CASTRO’S realiza 2ª edição do Wine Weekend
Depois de conquistar o público da região que aprecia bons vinhos, o Castro’s Park Hotel realiza no final de semana de 07 a 09 de Julho a 2ª edição do Castro’s Wine Weekend. O evento, especialmente preparado para amantes da bebida, proporciona dias de imersão no assunto.
A programação contempla palestras com degustação para aprender mais sobre as bebidas diretamente com especialistas no tema e o jantar português acontecerá na noite de 07 de julho, preparado pela Chef Edvânia Nogueira, no Restaurante Bouganvillea do hotel.
No sábado, 08 de julho, acontece o Wine Festival, na área das piscinas a partir das 18h. Serão mais de 100 rótulos para degustação acompanhados de música ambiente com VJ e outras atrações musicais ao vivo. Com muitas novidades, o festival também terá a gastronomia do Castro´s com deliciosos acompanhamentos. Esta colunista foi convidada para ser a embaixatriz do evento dia 08 de julho. Um luxo!
Chapada dos Veadeiros: um paraíso também durante o inverno
Quem acha que a Chapada dos Veadeiros (GO) é destino apenas na época do calor se engana completamente. Programas de inverno, que podem ser curtidos principalmente a dois, estão cada vez mais fortes na programação da região nesse período das férias de julho. O roteiro da temporada pode ir muito além das cachoeiras e contar com opções de degustação de vinho, uma noite aquecida por uma bela lareira e receitas quentes exclusivas, tudo para tornar o seu momento inesquecível.
Numa noite com sensação térmica que beira os 5o C, quem não gostaria de estar bem agasalhado para curtir, por exemplo, uma alta gastronomia harmonizada com rótulos de alguns dos melhores vinhos do mundo? Essa é uma opção de Alto Paraíso (GO), o portal de entrada da Chapada dos Veadeiros. No restaurante L’Alcofa, pode-se dizer que a adega e o cardápio são os pontos mais fortes da casa.
Apesar de ser localizado dentro da pousada-boutique Inácia, o restaurante é aberto ao público para o café da manhã, almoço e jantar. O local possui opções especiais para o inverno, como os incomparáveis risotos – a exemplo do confit de pato, risoto de codorna e o arroz de cordeiro, algumas das especialidades assinadas pelo chef italiano Giacomo Campodônico. Como sugestão, a casa oferece uma carta com mais de 200 rótulos, das mais variadas nacionalidades.
Com cerca de 20m2 de área climatizada, a adega possui garrafas premiada garimpadas por todo mundo, que variam de 80 a 60 mil reais, tornando o espaço um dos mais completos de toda a região. “Este é um dos grandes diferenciais. Usamos o bom vinho como uma espécie de ritual para o início de uma boa conversa e para aproveitarmos ainda mais a nossa gastronomia”, conta Gabriela Alcoforado, proprietária do local.
Receita da semana
Dadinhos de Tapioca
Um tira-gosto perfeito para receber os amigos e até para comer na hora do lanche, os dadinhos de tapioca ganham muitos fãs. “A receita é do chef Rodrigo Oliveira, do restaurante Mocotó, em São Paulo”.
Ingredientes
1L de leite
500g de queijo coalho ralado grosso
500g de tapioca granulada
Sal a gosto
Pimenta-do-reino a gosto
Modo de preparo
Leve o leite para ferver em uma panela média, com uma pitada de sal e pimenta-do-reino (lembre-se de que o queijo já é salgado, então use pouco sal).
Em um bowl, misture com as mãos a tapioca e o queijo.
Quando o leite ferver, desligue o fogo, adicione o queijo com a tapioca e misture bem.
Assim que estiver homogêneo, disponha o conteúdo da panela em uma assadeira forrada com plástico ou papel-filme.
Leve à geladeira por cerca de três horas, para firmar bem a massa.
Corte em quadradinhos. Coloque em uma assadeira antiaderente e leve ao forno, a 180°C, até dourar–de 30 a 40 minutos.
Sirva com um molho de pimenta agridoce.