Cultura

O RAP DA LESTE SEMPRE PRESENTE

Redação DM

Publicado em 6 de janeiro de 2016 às 17:58 | Atualizado há 5 meses

A cena goiana de rap deu um salto desde o ano 2000 e se perpetua por todos os cantos da cidade, como marca de produção independente. O rap em Goiás, assim como em outros lugares, tem o poder de dar voz a galera das periferias ao invés de se apropriar do produto que é oferecido pelo mercado fonográfico.Cinco amigos de infância que moravam perto uns dos outros, no Conjunto Aruanã I. Todos  cresceram juntos na zona leste de Goiânia e formaram o grupo de rap Boca Seca, que está desde 2009 fazendo som pra mandar o recado dos fundões da Gyn City.

O Mc Fabones manda a letra sobre a construção do Boca Seca “Cantar sempre foi um sonho de infância, só não sabíamos como seria, mais o Boca Seca começou em meados de 2009.Nos conhecemos desde a infância, o elo é muito forte, o grupo de certa forma serviu pra fortalecer nossa amizade, pra gente estar junto. Se não fosse ele provavelmente eu não veria meus amigos, pois cada um seguiu sua trajetória”

O grupo é formado por cinco Mc’s que são: Peregrino, Boikot, Slot, Fabones e Duel acompanhados pelo Dj Pirata. A primeira música gravada pelo grupo foi “Resista” e partir daí o grupo ganhou força e começaram a trabalhar na produção da primeira demo.Sobre o início do trajeto do BS Fabones conta “Em 2010 tivemos a primeira oportunidade de cantar para um grande público, o evento era de música eletrônica na cidade de Pirinópolis com participações de outros estilos musicais

O SIGNIFICADO DO BOCA SECA E SUAS INFLUÊNCIAS

Fabones explica a origem do nome do grupo, que remete a todas as carências das pessoas, nomeadas por eles como sede “Boca Seca remete a fome, a falta de cultura, de informação, de espiritualismo da sociedade, de justiça, de conquistas da igualdade oca Seca por causa da sede que tem no mundo”.Sobre as influencias  do BS estão variados estilos, como o reggae de Bob Marley, do Planta e Raiz, Mato Seco e diversos outros grupos. Fabones completa “Gostamos de música de qualidade, de todos os estilos, mas que venham do coração. Se for do coração vai bater na alma, não tem jeito”.

Nas influências do grupo também estão gerações mais antigas de rap goiano. Nomes como CL a Posse, Sociedade Black, Testemunha Ocular, KavernaMan entre outros monstros que abriram as portas para o rap crescer em Goiás. O integrante Fabones agradece o trabalho de quem foi front por essas bandas “Se não fosse eles hoje a caminhada ia ser muito mais difícil, pois fazemos rap na capital do sertanejo

A ESTRADA E OS SHOWS QUE FICARAM NA MENTE

O Mc Fabones relata quais foram as apresentações que marcaram a história do grupo “Olha foram vários shows que eu transcendi muito, arrepiei, senti mesmo uma força extra como se fosse o ápice, um deles foi o que fizemos na na febem no ano de 2013”

O ano de 2014 foi muito importante para o BS, os moleques fizeram seu som em shows de grandes públicos, entre eles no FICA (Festival Internacional de Cinema Ambiental) que reúne milhares de pessoas.

Em 2015 abriram o show do Ratos de Porão no Centro de Convenções. Eles contam a importância dessa apresentação “Foi o show mais diferente e bizarro que fizemos, muito bom, gratificante eu lotação máxima e dali acho que ficamos mais conhecidos em Goiânia. Foi um evento que ajudamos a organizar, demos o sangue, ninguém botava fé e deu lotação máxima”.

No ano que passou o Boca Seca abriu o show do respeitado grupo de rap  Racionais Mc’s. Fabones ainda lembra outros marcos do BS “Fomos o único grupo de rap a cantar no festival Goiânia Noise 20 anos, ano passado, e saimos no documentário representando o rap goiano, o único grupo de rap do documentário”.

Eles lançaram  em 2012 seu primeiro CD, intitulado “Quebrando As Correntes” com dois video clipes das músicas “Quebrando As Correntes” e “Game Over”. Eles produziram também um documentário quando o grupo completou  2 anos de estrada, que está disponível no youtube, contando um pouco da trajetória que eles percorreram.

Com pouco tempo de estrada, os moleques já tem no seu caminho diversas apresentações com grandes nomes do rap e da musica nacional como: Racionais MC´s, Mv Bill, Realidade Cruel, Thiagão e os Kamikaze do Guetto, Marechal, Facção Central, Rael da Rima, RZO e outros grandes.

Em 2015 em parceria com os grupos de rap Ápice, SCA e KavernaMan produziram a música e clipe “Liga Os Monstros”. O clipe é cheio de movimento e energia, mostrando a que veio o rap desse nosso Goiás “véi”.

Os planos para 2016 é o lançamento de um novo álbum chamado “Emancipado”. A produção do disco está por conta da Quilombo Louco beats, Sutor, Ápice e Akord SCA nos instrumentais e nas artes. O MC fala sobre o conteúdo do novo trabalho “As letras são todas pessoais, o que a gente viveu, viu, sentiu e ouviu falar. Todos os ensinamentos que passamos e tudo que ainda estamos aprendendo faz parte do conteúdo.

FALTA DE GRANA E RECONHECIMENTO

O MC Fabones fala da importância do rap alcançar espaço nos grandes meios de comunicação “A gente gasta muito com ensaios, produções e gravações, precisamos da grande mídia para fazer eventos em lugares que tenham pessoas que possam pagam nossa arte. Se não vamos ser mais um grupo pra estatística. Mas o rap é do gueto e nunca vai sair de lá”.

Ele continua sobre as dificuldades de se dedicar e viver do rap por aqui “Então precisamos das boates, das arenas, das chácaras, dos espaço privados e públicos pra viver disso. Em Goiânia ninguém vive de rap, a gente sobrevive de rap, essa é a verdade. São poucos os grupos que cobram cachê, o resto canta de graça”.

O rap goiano ainda é desconhecido fora do estado, o Mc fala sobre o fato e a necessidade do crescimento e reconhecimento deste segmento cultural “Esses tempos passei uns dia no Rio de Janeiro, ninguém que conversei, com quem me relacionei e era do hip hop, conhecia o rap de Goiânia. Precisamos expandir , fazer músicas e clipes de qualidade, e conquistar uma boa mídia fora do estado”.

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