Olá, eu sou Johnny Cash
Redação DM
Publicado em 29 de fevereiro de 2016 às 21:53 | Atualizado há 7 meses
“Hello, I’m Johnny Cash” essa era a célebre frase que Johnny Cash mandava antes de seus marcantes shows. Cash era de uma família muito pobre do Arkansas, estado norte-americano. Até entrar no exército ele não tinha nada, sequer nome, sério, a família o chamava apenas de J.R. por não conseguir pensar um nome para o garoto.
Desde muito jovem ele era fascinado pela música, apaixonado em ouvir no rádio os grandes nomes da música country. De família religiosa seu primeiro contato direto com a música foram as canções gospel. Ele manteve-se no gênero gospel durante muitos anos em que tentava fazer música. Inclusive ele gravou um disco de músicas evangélicas chamado “My Mother’s Hymn Book”.
Johnny teve uma vida difícil com sua família. Um pai alcóolatra, pobreza extrema e o trabalho duro desde sua mais remota infância. Trabalhava na colheita de algodão desde os cinco anos de idade, conhecia o lamento do blues por sua própria experiência. Na infância perdeu seu porto, o irmão mais velho Jack que teve um acidente enquanto trabalhava com uma serradeira. Cash sentiu culpa por ter ido pescar ao invés de ajudar o irmão na lida, mas era apenas um garoto que saiu pra pescar em uma tarde quente.
O sucesso de Folsom
Sua entrada no exército trouxe novas experiências ao jovem Johnny e foi durante seu serviço militar que escreveu sua primeira música que um dia faria muito sucesso “Folsom Prison Blues”. Ele escreveu a letra depois de assistir ao filme “Dentro dos muros da prisão de Folsom”, enquanto servia na Alemanha Ocidental com a Força Aérea dos EUA.
Cash entrou em um momento difícil de sua carreira em que chegou a uma extrema decadência devido ao abuso de drogas. Ele que sempre se mostrou um subversivo resolveu tentar erguer sua carreira em um show polêmico no interior de uma prisão da Califórnia tendo os presos como seu público.
Johnny resolveu, foi e fez. Gravou então na prisão da califórnia o disco “At Folsom Prison”. O jornalista Robert Hilburn conta um emocionante relato sobre o momento do show: “Eu era o único jornalista de música em Folsom naquele dia. A Columbia Records não convidou nenhuma imprensa. Eles pensavam que Cash seria apedrejado. Além disso, duas semanas antes, alguns presos tinham tomado um guarda como refém, e ainda havia tensão ali. Os Funcionários disseram aos presos que, se alguém deixasse sua cadeira durante o concerto iriam parar o show, e havia guardas com rifles sobre passarelas acima do palco.”
Hilburn ainda diz em sua história “Johnny parecia nervoso enquanto observava as bandas de abertura. Ele estava em uma encruzilhada em sua carreira, e se ele falhasse, teria ido para baixo. Mas quando ele saiu e disse: “Olá, sou Johnny Cash,” e começou Folsom Prison Blues, todos sabiam que ele havia acertado. Ele não veio com um show de grandes sucessos. Ele entrou com um conjunto projetado para os prisioneiros, para fazê-los rir e dar-lhes esperança.”
Andando na linha por June
Quando Johnny deixou o exército casou-se com sua paixão de adolescência Vivian Liberto, com ela teve quatro filhas. Porém Vivian, não era o grande amor da Vida de Cash, esse espaço pertencia a cantora country June Carter.
June era talentosa, engraçada e conquistava sua platéia e assim tornou-se o eterno amor do homem de preto. Eles viveram um romance conturbado por muitos anos, mesmo enquanto Cash era casado. Porém depois que ele se separou de Vivian ele pediu June em casamento no palco durante um show dos dois. Como dizer não? E dali se foram 35 anos de casamento até a morte de June em 2003.
Menos de quatro meses depois Johnny Cash também nos deixou. A bela história de amor dos dois cantores deu origem ao filme “Walk The Line”. O nome se refere a uma canção que Cash escreveu para Carter onde dizia que por ela ele andava na linha. O filme é de 2005 com direção de James Mangold e brilhantes atuações de Joaquim Phoenix, que tirou do peito uma voz e postura de Cash, e Reese Witherspoon no papel de June.