Paulo Coelho se oferece para cobrir gastos de festival recusado pela Funarte
Fernando Boeira Keller
Publicado em 14 de julho de 2021 às 16:03 | Atualizado há 4 anos
O escritor Paulo Coelho, 73, e sua esposa, a artista plástica Christina Oticica, 69, se ofereceram para cobrir os gastos de um festival de jazz da Bahia que foi recusado pela Fundação Nacional das Artes (Funarte).
Na madrugada desta quarta-feira (14), em sua conta oficial no Twitter, Coelho publicou uma foto ao lado de sua esposa, com quem tem uma fundação, anunciando que ambos estão à disposição para arcar com o valor.
Na publicação dizia: “Fundação Coelho & Oiticica se oferece para cobrir os gastos do Festival do Capão, solicitados via Lei Rouanet (R$ 145,000). Entrem em contato via DM pedindo a alguém que sigo aqui que me transmita. Única condição: que seja antifascista e pela democracia”.
O argumento antifascista citado por Paulo Coelho se refere à uma outra publicação feita pelo Festival de Jazz do Capão, que no ano passado, postou na página do evento ser “pró-democracia e antifascista”.
O parecer técnico
A Funarte mencionou Deus em um parecer técnico para recusar o pedido de auxílio do Festival de Jazz do Capão por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). No documento, é citada também uma publicação feita pela Funarte em 1º de junho do ano passado, na qual diz: “Não podemos aceitar o fascismo, o racismo e nenhuma forma de opressão e preconceito”.
A Funarte ainda mencionou uma citação concedida ao músico alemão Johann Sebastian Bach: “O objetivo e finalidade maior de toda música não deveria ser nenhum outro além da glória de Deus e a renovação da alma”.
O Secretário Especial de Cultura do Governo Federal, Mário Frias, se pronunciou em seu Twitter sobre a rejeição do festival, indicando que o evento teria um caráter político e ideológico.
“A matéria do Jornal Nacional é uma tentativa de criar um factoide em cima de uma decisão técnica. Os organizadores do evento disseram publicamente que iriam realizar um festival político e, para isso, queriam dinehiro [sic] da Cultura”, publicou ele.
“As décadas de aparelhamento ideológico dos mecanismos públicos da Cultura deixaram a elite sindical que sequestrou a pasta para fins políticos muito mal acostumada. Já disse inúmeras vezes, nós iremos tirar a cultura do palanque político e vamos devolver para o homem comum. Chega de a usarem para seus projetos partidários. Enquanto eu for Secretário Especial da Cultura ela será resgatada desse sequestro político/ideológico!”, completou Mário.