Home / Cultura

Música

"Precisamos de artistas que não sejam militantes", afirma produtor Rick Bonadio

Bonadio manifesta desânimo com o que anda ouvindo na música brasileira. Relembre outras falas controversas ditas por ele

Público aponta contradição na fala do produtor, que recorre à interpretação de texto - Foto: Instagram/ Divulgação Público aponta contradição na fala do produtor, que recorre à interpretação de texto - Foto: Instagram/ Divulgação

O produtor Rick Bonadio resolveu se manifestar sobre a música brasileira atual. Influente produtor de bandas de rock nos anos 1990 e 2000, de Mamonas Assassinas - a quem eles se referiam como o "Creuzebeck" - a Nx Zero, Rick parece estar desanimado com o que anda ouvindo. Nem seu notável currículo de serviços prestados à indústria da música o impediu de causar descontentamento com comentário realizado na última segunda-feira, 22.

“Precisamos urgentemente de artistas novos que não sejam militantes de nada. Que sejam contra a manada, contra o sistema, contra tudo até, mas que tragam algo novo de verdade”, reclamou Bonadio, durante postagem publicada no antigo Twitter, hoje X, rede social comandada pelo magnata sul-africano Elon Musk.

Logo o comentário suscitou debates na rede social. Alguns apontaram a aparente contradição no que o produtor reivindica. “E como que é ser contra o sistema sem ser militante de nada?”, comentou um usuário. Outros apontaram para um juízo de valor sobre a militância com a qual o artista se envolve. “Entendi, ‘militante’ é quem faz música contra o que você gosta, e tá errado. Se concorda contigo, é música boa”, questionou outro.

Também houve quem ironizasse se ele estava “sentindo falta” de trabalhar um artista que se encaixasse em um padrão mais comercial, que pouco questiona ou, nas palavras do produtor, “militam”. Conhecido pelo trabalho com Charlie Brown Jr., Rouge, NX Zero, o produtor tentou se explicar e disse que falta “interpretação de texto” nas redes sociais.

‘Funk exportação’

Esta não é a primeira vez que Rick Bonadio se manifesta com opiniões polêmicas sobre os novos rumos musicais. No Grammy 2021, após a cantora Cardi B se apresentar com um remix funk da música WAP, feito pelo DJ brasileiro Pedro Sampaio, o produtor reprovou o “barulho” que o público do Brasil fez com a chegada do funk na premiação.

“Já exportamos bossa nova, já exportamos samba-rock, Jobim, Ben Jor. Até Roberto Carlos. Mas o barulho que fazem por causa de 15 segundos de funk na apresentação da Cardi B me deixa com vergonha”, escreveu, criando polêmica pelo controverso posicionamento.

O comentário chegou até a Anitta, que trabalha sua carreira internacional com ritmos próximos ao funk. A cantora rebateu: “Tenho uma sugestão top pra você também. Escolhe um ritmo brasileiro à sua altura, faz uma música e exporta pro mundo. É facin... e rápido.. e de uma hora pra outra, claro, não dá pra começar com míseros segundos no Grammy. Quando você chegar lá a gente comemora com você”, rebateu a funkeira.

Depois, o produtor explicou que não teve intenção de desmerecer o trabalho de ninguém, mas sim fazer uma crítica a uma suposta falta de evolução do ritmo. “Não dá para aceitar que sempre a mesma batida (...) seja algo necessário ou a ‘cultura do país’. De qualquer forma, eu respeito todos do funk por suas batalhas e vitórias. Desculpem se ofendi, nunca é minha intenção”, completou. Desde os anos 80, quando DJ Marlboro inventara a batida do funk, o estilo passou por transformações estéticas, rítmicas e discursivas.

Em 2018, o produtor repercutiu nas redes ao sugerir uma nova guinada no estilo que ajudou a promover no Brasil. “Sabe o que funcionaria no rock?”, perguntou. “Uma banda com influências de Led e Sabbath mas com vocal bem jovem com pegada nas melodias e que saiba rimar, fazer rap. Letras bem ácidas e agressivas”. Ná época, internautas ironizaram que Rick estaria, tardiamente, bandas como Rage Against the Machine ou até Linkin Park, que já seguiam proposta estética parecida nos anos 2000.

Em 2017, Rick criticou remix do DJ goiano Alok para “Pelados em Santos”, dos Mamonas Assassinas. “Conceito é uma coisa, falta de musicalidade é outra. Tá péssimo e precisa ser mudado. Os Mamonas não mereciam um remix tão ruim como esse”, disse o produtor.

Alok se manifestou: “ele diz que o momento que está tocando Si menor, está Si maior. Mas a gente tocou Si menor mesmo. Na verdade, ele está soando a nota certa, só que às vezes dependendo da nota tocada pode soar um pouco diferente. E isso que a gente fez é uma releitura, um remix de ‘Pelados em Santos’, e acaba que a gente tem o direito de mudar o arranjo dela, mudar a estrutura, assim como fiz com o remix de Mick Jagger. Atualmente, Rick é CEO da Midas Music, que trabalha artistas como o cantor Vitor Kley. (Colaborou Ricardo Vinícius)

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias