Cultura

Quando a cozinha vira hobby

Redação

Publicado em 24 de março de 2017 às 02:37 | Atualizado há 4 meses

Hábitos saudáveis de vida foram incorporados na rotina do arquiteto Paulo Renato Alves, 41 anos, depois de ficar por quase 30 dias internado com pancreatite aguda no hospital Albert Einstein em São Paulo, em 2012. A superação da doença fez com que ele abandonasse o tabagismo, adotasse a prática do esporte, uma alimentação saudável e, de efeito colateral, gerou uma paixão pelas panelas.

Como assim? “Sempre gostei de comer, mas aprendi a cozinhar depois da minha doença. Minha dieta ficou tão restrita que eu e minha esposa precisamos dar mais atenção ao modo de preparo dos alimentos. Buscamos mais informações sobre ingredientes e suas composições, começamos a testar receitas, e assim o gosto surgiu”, revela.

Palavras e expressões como mango chutney ou geléia de cabernet sauvignon, noz moscada ou cardamomo passaram a ser uma nomenclatura tão familiar como termos técnicos da arquitetura. Apesar das restrições alimentares que seu estado de saúde impunha, ele passou a usar a liberdade de experimentar combinações permitidas para descobrir receitas. E elas foram surgindo. Até um caderno a família reservou para registrar as invenções–apesar de Paulo Renato revelar que sempre quando vai repetir uma receita, acaba mudando alguma coisa para fazer novos testes. “Eu olho para uma folha de endívia e vejo um milhão de pratos dentro dela. O grande barato é descobrir sabores diferentes”, diz.

Assim, o arquiteto descobriu uma nova faceta para a cozinha. O espaço para se preparar alimentos ganhou um tom de criatividade e diversão. O lugar do qual muitos correm no fim de semana é onde ele passou a sentir prazer em estar. A fase difícil da dieta passou, mas o gosto pela cozinha permaneceu.

“Eu nem preciso ter um convidado em casa para ir para a cozinha. Aliás, é sozinho que faço experimentos com misturas inusitadas. Gosto de abrir a geladeira sem saber ao certo o que vou preparar. Pego os recursos que tenho, analiso as combinações possíveis e parto para a execução. É exatamente como projeto um edifício”, compara.

Um exemplo: dias desses, ele criou um Noisette de Fraldinha com Alho Poró. Cortou a carne em tiras e pediu às filhas para dar nós nas tirinhas antes de assar. Com essa artimanha, ela ficou ao ponto por fora e suculenta na parte dos nós, surpreendendo o paladar. “O grande diferencial das carnes é o ponto”, conta um segredo. Invenção que deu certo.

Sua fama espalhou logo e as receitas passaram a fazer sucesso entre as filhas, os familiares e os amigos nos encontros de fim de semana. A descoberta da habilidade de alcançar o paladar do outro lhe proporcionou um sentimento de gratificação. “O prazer de servir veio como consequência da realização de saber preparar”, conta ele, que hoje aproveita os fins de semana de folga para cozinhar para os amigos.

A grande especialidade de Paulo Renato são as carnes. Uma delas são as carnes assadas no chair broiler (um equipamento composto por grelhas com queimadores que aquece materiais radiantes responsáveis por proporcionar um sabor exclusivo aos alimentos), e aperitivos do tipo comida di buteco–sempre feitos à partir de receitas mais saúde. O hambúrguer artesanal, preparado com um blend de cortes magros bovinos e gordura suína é uma unanimidade entre seus convivas. “Hoje minhas filhas de 11 e 7 anos preferem comer nosso hambúrguer caseiro que as armadilhas kids de fast food”, explica o arquiteto com jeito de mestre cuca.

Mas ele também acumula outros feitos culinários. Sabe fazer como poucos a tradicional receita do Bife Wellington, ou o inusitado risoto do sertão italiano, feito à base da nossa carne de sol com o gorgonzola milanês, entre tantos outros são bastante apreciados pelos amigos.

A esposa, a veterinária Camila Amorim, que nos fins de semana faz o papel de assistente, garante que depois que o Paulo Renato aprendeu a cozinhar a casa nunca mais ficou vazia aos fins de semana. “Ele cozinha desde pratos elaborados a um hambúrguer. O resultado sempre é muito afinado, desde o sabor até a forma de apresentação sempre impecável dos pratos”, conta.

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