Cultura

Quaresma

Redação DM

Publicado em 22 de março de 2016 às 21:52 | Atualizado há 5 meses

 

A igreja católica estabeleceu entre um de seus ritos, a quaresma, um período que se estende desde a quarta de cinzas até a quinta feira santa. A parte boa é que se você foi um digno folião católico e desandou no carnaval, dá pra recuperar o corpo nesse período, de todo o abuso alcoólico e o desgaste da folia. Mas é óbvio que a preocupação da igreja está ligada a uma purificação espiritual

Trata-se de um período de proibições relativas à matéria e reflexão a cerca do espírito com o intuito de se preparar para a acolhida de cristo. A quaresma é uma referência aos 40 dias de reflexão, tentação e provações que cristo passou no deserto.

A quaresma então é dividida em duas práticas de jejuar: O jejum externo, relacionado a matéria e ao corpo; o jejum interno, espiritual que se trata de um momento dedicado a orações e a contemplação do mistério divino e reflexões sobre si em relação ao deus cristão e a vida pregada pela bíblia.

Muito se comenta sobre a orientação de não consumir carne vermelha nesse período. Mas tem que se lembrar que as pregações e termos ligados a religião muitas vezes são simbólicos. A questão de não comer carne inicia-se com a ideia de não sucumbir ao prazer dos prazeres corpóreos.

A crítica que a igreja católica faz ao modo que caminha a sociedade em defesa das práticas quaresmais é que vivemos tempo de hedonismo. Ou seja, a igreja acusa que as pessoas tem se preocupado apenas com seu próprio prazer imediato. Por isso propõe esse período que estabelece proibições relativas a

abstinência de algumas comidas, bebidas e outras diversões como a música, as festas e os jogos de azar.

A teologia da libertação apresenta uma explicação sobre um significado mais profundo da quaresma, que vai além da penitência como um ato vazio e sistemático e mesmo o porquê da necessidade de comparecer nesses dias as celebrações religiosas. “Os exercícios quaresmais podem tornar-se fontes para reflexão sobre o sentido cristão da oração, do jejum e da esmola. Além disso, o estímulo à participação na piedade popular (procissões, vias-sacras, sermão do descendimento, sermão das sete palavras) pode motivar conversas posteriores sobre o significado destas práticas e o seu valor e potencial evangelizador”.

Muitos membros da igreja criticam o fato de que essa prática ter ficado restrito a meros formalismos e não mais a evolução espiritual. A ideia era alinhar a religião a prática diária de humildade, generosidade e solidariedade. Afinal deixar de comer carne não torna a religião lá muito útil socialmente, a prática solidária é bem mais impactante.

Aqui vai uma lista do que a igreja católica recomenda nesse período:

Práticas corporais, ou externas

– Comer menos das  comidas que você mais gosta e mais daquelas que não gosta

– Não comer nada entre as refeições

– Não utilizar condimentos na comida

– Não utilizar adoçantes nas bebidas

– Evitar escutar música na rádio todo o dia

– Evitar a televisão e os vídeos; em vez disso , ler a Paixão de Cristo na Bíblia ou Missal

– Rezar um rosário extra.

Praticas espirituais, ou internas

– Não conversar mais do necessário; em vez disso, faça algumas pequenas jaculatórias em todo o dia.

– Exercitar a paciência em todas as coisas

– Não fazer nenhuma queixa

– Controlar a ira; em vez disso, sugere-se sair ao encontro da pessoa que provocou a irritação.

– Evitar a intriga.

– Quando alguém lhe pedir que faça  algo extra faça-o com alegria e boa disposição.

– Evite utilizar o telefone

– Sempre fale a verdade em todas as circunstâncias de sua vida

– Evitar a vaidade e o egoísmo

 

Nos terreiros de Umbanda, a quarta-feira de cinzas costuma ser marcada por uma gira de pretos velhos, que vem da terra, trazer as cinzas que nos darão a redenção dos atos pecaminosos praticados no Carnaval, e afastar os espíritos obsessores, que se aproximam durante as festividades de do Rei Momo. No Candomblé, para serem aceitos pelas comunidades locais, antigos zeladores entravam para as Irmandades Leigas, e seguiam seus preceitos e ritos. Desta forma, introduziram dentro do Candomblé o ato de resguardar a Quaresma, neste período as casas de atendimento ficam fechadas. Em algumas casas de Angola, Jejê e Kêtu, elas permanecem fechadas neste período por acreditarem que os santos estão “dormindo”, ou seja, afastados da Terra e que só Exú responde e governa nesta época. No Sábado de Aleluia, o toque sagrado do Adarrun invoca os orixás de volta à Terra.

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