Quatro vezes que Kléber Mendonça “lacrou” antes de Aquarius
Redação DM
Publicado em 29 de janeiro de 2017 às 00:44 | Atualizado há 5 meses
Se tem um cineasta brasileiro que tem feito barulho nos festivais de cinema mundo afora é Kléber Mendonça Filho. Seu longa Aquarius (2015), que traz como protagonista Sônia Braga, nesta semana foi indicado para concorrer ao César (considerado o Oscar da França) como filme estrangeiro. E, quem não se lembra do protesto contra o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, em que o diretor e parte do elenco carregaram cartazes denunciando que no Brasil estava acontecendo um golpe, quando foi indicado ao Palma de Ouro, premiação principal do Festival de Cannes? A foto da ação rodou o mundo. E por coincidência, ou não, Aquarius não foi indicado ao Oscar. Mas, é bem provável que algum filme deste diretor um dia será. Pois, a julgar por Aquarius, seu passado no cinema e premiações, deverá vir muita coisa boa por aí. E para relembrar um pouco da trajetória deste Pernambuco, que consegue tão bem traduzir sua Recife e trazer narrativas cotidianas de maneira poética, mas sem perder o humor e o olhar agudo sobre a sociedade, mostramos a seguir, outros filmes que Kléber Mendonça produziu antes do emblemático Aquarius.
Vinil Verde
Este curta-metragem não é nada novo. Estreou em 2004 e conta uma história mais antiga ainda, pois trata-se da livre adaptação de uma fábula infantil russa também intitulada Luvas Verdes. O curta é dirigido por Kleber Mendonça Filho e escrito por ele, em parceria com Bohdana Smyrnov. O filme, trabalha com suspense e humor sobre as consequências de se quebrar certas, regras, sobretudo maternas. Conta a história de uma mãe que presenteia a filha com uma caixa de vinis colorido. Mas lhe faz uma exigência: “não escute o vinil verde”, ela. A menina corroída pela curiosidade, claro, ouve o disco diariamente. Porém a cada vez que escuta, coisas muito estranhas acontecem com sua mãe.A história se apropria da narrativa infantil, com direito a narrador e “era uma vez”, mas traz um humor negro, que dá toda a razão de o curta existir. A montagem não foi filmada e sim fotografado, e tal formato possibilitou com que o público tivesse a sensação de ver fragmentos de memória.
Som ao Redor
Lançado em 2013, este foi o primeiro longa de Kléber Mendonça Filho e teve grande repercursão. Foi um dos filmes pernambucanos mais premiados na história do cinema brasileiro e tem a atuação de atores como Irandhir Santos, Gustavo Jahn Maeve Jinkings. A tenta capturar o espírito da classe média de recifense, diversas histórias diferentes, como se fosse vários curtas. A história começa com a presença de uma milícia em uma rua na zona sul do Recife, que muda a vida dos moradores do local. Ao mesmo tempo traz a história de uma mulher casada e mãe de duas crianças, que tenta encontrar um modo de lidar com o barulhento cachorro de seu vizinho.
A produção, de 2009, foi o curta-metragem brasileiro mais premiado desde Ilha das Flores (1989), de Jorge Furtado – ganhou cerca de 50 premiações no Brasil e no exterior. Trata-se de um “falso documentário” sobre mudança climática na quente e calorosa Recife, que, inexplicavelmente, passa a ser fria. Isso gera mudanças no comportamento da população acostumada com o clima tropical da cidade praiana. De acordo com Mendonça, o filme trata-se de um “lamento por Recife”.
A Menina do Algodão
Neste curta lançado em 2003 faz uma releitura das lendas urbanas, que ouvia . A Menina do Algodão era uma garotinha morta que estaria rondando os banheiros escolares dos anos 70, suas narinas entupidas com pedacinhos de algodão”. Este filme ele dirige em parceria com o cineasta Daniel Bandeira.