Cultura

Robert Redford fez ressoar temas como sofrimento e corrupção

DM Redação

Publicado em 16 de setembro de 2025 às 19:51 | Atualizado há 2 segundos

Watergate: artista viveu jornalista Bob Woodward em “Todos os Homens do Presidente”, de 1976 - Foto: Divulgação/Warner Bros
Watergate: artista viveu jornalista Bob Woodward em “Todos os Homens do Presidente”, de 1976 - Foto: Divulgação/Warner Bros

Guilherme Luis

Morreu nesta terça-feira (16/09), aos 89 anos, o ator e diretor Robert Redford, um dos grandes nomes do cinema no século 20. A morte foi confirmada Cindi Berger, diretora da empresa de relações públicas Rogers & Cowan PMK, que trabalhou com Redford ao longo de sua carreira. Ela não informou o motivo da morte.

Como cineasta, Redford ficou conhecido por comandar o drama vencedor do Oscar de melhor filme “Gente como a Gente”, de 1980. Ganhou a estatueta de melhor diretor. Fez o drama “Nada É para Sempre”, que concorreu a três Oscar. 

Depois “Quiz Show – A Verdade dos Bastidores”. Em 2007, dirigiu e atuou em “Leões e Cordeiros”, repetindo a parceria com Meryl Streep. Três anos mais tarde lançou “Conspiração Americana”, com James McAvoy no elenco.

Ícone da beleza: Redford contracena com atriz Jane Fonda no filme “Descalços no Parque”, de 1967 – Foto: Divulgação

De frente para as câmeras, trabalhou no filme de faroeste “Butch Cassidy and the Sundance Kid”, de 1969, que marcou um ponto de virada na sua carreira de ator, dando a ele projeção internacional. Quatro anos depois, fez “Golpe de Mestre”, pelo qual recebeu indicação ao Oscar de melhor ator pelo papel de um jovem golpista. 

Em ambos os títulos, Redford contracenou com o ator Paul Newman, no que se tornou uma das duplas mais emblemáticas do cinema de faroeste. Newman, já mais experiente à época, ajudou a fazer de Redford uma estrela em Hollywood. A crítica elogiava a química dos dois em tela, apontando balanço entre humor e charme.

Nos bastidores da indústria, Redford foi um importante ativista ambiental, tendo defendido diversas campanhas ecológicas. Era progressista no âmbito político. Ele pedia pela conservação e ampliação dos parques nacionais nos EUA, advogou por iniciativas do uso de energia solar e eólica e falava publicamente sobre os perigos do aquecimento global.

Em 2005, fundou a instituição The Redford Center, que promove documentários sobre temas ambientais. Seu interesse pelo ativismo aumentou com o filme “Todos os Homens do Presidente”, de 1976, no qual interpreta um jornalista que investiga o esquema de corrupção que tomava a Casa Branca na época do mandato de Richard Nixon. 

O escândalo, depois chamado de Watergate, levou à renúncia do Presidente. Encarnar o repórter neste filme que é considerado até hoje um dos principais thrillers sobre o universo do jornalismo fez Redford querer se engajar mais em debates sociais. “Nasci com um olhar crítico”, disse ao “The Hollywood Reporter” em 2014. 

“Por causa da minha maneira de encarar as coisas, eu via o que estava errado. Eu via o que poderia ser melhorado”, afirmou à mesma publicação. “Desenvolvi uma visão bastante pessimista da vida, olhando para o meu próprio país.”

Sundance

Cinco anos depois de “Todos os Homens do Presidente”, criou o Sundance Institute, instituto de apoio a cineastas novatos, que deu origem ao Festival de Sundance. O evento se tornou um importante reduto do cinema independente nos EUA. O festival foi nomeado em homenagem ao personagem de Redford em “Butch Cassidy and the Sundance Kid”.

Ali ganharam projeção nomes importantes da indústria, como Quentin Tarantino, que fisgou a atenção da crítica ao lançar “Cães de Aluguel” no festival em 1992, dois anos antes de explodir com “Pulp Fiction: Tempo de Violência”.

O Sundance ajudou também a catapultar as carreiras de Steven Soderbergh, Alexander Payne e, mais recentemente, da diretora Chloé Zhao, que venceu o Oscar por “Nomadland”, também exibido no festival. Sundance servia como um braço do ativismo de Redford, que via no apoio a cineastas inexperientes uma forma de reoxigenar a cultura americana.

Redford atuou com a beldade Barbara Streisand em “Nosso Amor de Ordem”, de 1973 – Foto: Coleção Everett/ Divulgação

Elegante e com cara de simpático, Redford foi considerado um dos maiores galãs da sua época. Ganhou esse status de forma definitiva com o filme “Nosso Amor de Ontem”, de 1973, em que vive um romance com a atriz Barbra Streisand.

Para a crítica Pauline Kael, em texto publicado na revista “The New Yorker” quando o longa estreou, Redford brilhou ao lado de Streisand. “Nunca esteve tão radiante e glamuroso como quando o vimos através dos olhos apaixonados de Streisand”, escreveu Kael.  

Antes disso, o ator fez par com Jane Fonda em “Descalços no Parque”, de 1967, e na década seguinte viveu uma paixão com Meryl Streep no longa “Entre Dois Amores” (1985). Nos anos 1990, enveredou pelo caminho da direção e da produção. 

Entre seus últimos trabalhos estão “The Old Man and the Gun”, lançado há sete anos, sobre um criminoso aposentado. Redford disse que se aposentaria depois do longa. Mas ainda gravou participação na terceira temporada da série “Dark Winds”. (Folhapress) 


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