Cultura

Sedução, amor e vinho

Diário da Manhã

Publicado em 30 de março de 2017 às 03:14 | Atualizado há 4 meses

Nenhuma comida é mais ou menos romântica, pois o romantismo está na ideia que nós temos sobre o que é “ser romântico” associado a determinada comida. É assim, por exemplo, que dizemos existir comidas afrodisíacas. . Na verdade, o que existe são ideias, geralmente relacionadas ao que a comida parece fazer em nosso corpo, mas que na prática é fruto apenas da nossa associação com nossos desejos. O romantismo e a sedução começam justamente nesse “jogo de ideias”, que quando valorizados o suficiente, tem o poder de impressionar e chamar atenção para o objetivo pretendido. Ou seja, não importa se a comida é um filé de salmão grelhado, regado no molho de maracujá e acompanhado por um vinho branco, ou uma feijoada com orelha de porco e caipirinha, a questão está na ideia associada a esses dois tipos de comida.

Quando falamos de “Jantar Romântico”, por exemplo, na verdade o romantismo não está no jantar, mas sim no conjunto de coisas que estão associadas a ele, por exemplo; o ambiente, que pode ser um restaurante, uma linda paisagem, uma mesa decorada de modo especial, luz de velas, música ambiente, etc. A vestimenta, afinal, quem não capricha na hora de escolher a roupa, penteado e o perfume? A abordagem, geralmente mais sutil,com fala mansa, um olhar desejante, etc. Ou seja, perceba que a comida no prato e as bebidas são apenas pretextos para a criação de um cenário muito maior que vai, de fato, compor o clima gostoso, atraente e sedutor do que chamamos de “jantar romântico”. Esse é o verdadeiro poder de sedução. Todavia, não podemos negar que há comidas mais adequadas do que outras, dependendo da hora que será servida, mas, principalmente, do seu objetivo (…)!

Na primeira vez que uma pessoa especial jantar em sua casa: podendo ser o primeiro encontro ou não, o que interessa é que impressione! Prepare um ambiente romântico e apelativo, e claro, sirva o tipo de comida que o pretendente mais gosta, afinal um namoro também se pode conquistar pelo estômago! E então o que servir? Esta questão infelizmente não passa só pela simples opção carne ou peixe, passa por uma infinidade de ofertas gastronômicas que poderão ser grandes desastres ou pelo contrário: uma escolha acertada e sem nada a apontar, seguida talvez de um agradecimento especial e já que estão em casa, mais vale aproveitar…

Quanto mais conseguir antecipar, melhor, pois mais especial será o resultado deste encontro. Neste tipo de situações assumir nunca é boa ideia, pois comprar uma garrafa de vinho caro e a pessoa não gostar de vinho ou servir um filet mignon delicioso sendo ela vegetariana pode ser um verdadeiro fracasso. Se pretende impressionar muito, não é muito aconselhado ser você a preparar o jantar – deixe esse trunfo para outros encontros –, a não ser que seja um chefe de cozinha exímio e capaz de elaborar o tipo de cozinha que mais ira impressionar. Assim sendo, encomendar o jantar num bom restaurante ou take-way pode ser a solução ideal: dá menos trabalho e o risco de falhar é bem menor.

Contudo, antes de decidir que tipo de comida vai servir, investigue se isso vai ser uma mais-valia ou um tiro nos pés! Quando ela aceitar o convite pergunte-lhe que tipo de comida prefere, e se ela não for muito clara na resposta, questione-a acerca de quais/qual o(s) restaurante(s) favorito(s) dela, desta forma será bem mais fácil não errar!

O vinho certo pode fazer toda a diferença na hora da sedução e transformar uma noite já especial em um momento ainda mais sensual. Vinhos “redondos” – não é só a cerveja que desce assim – e pratos leves podem ser como preliminares que conquistam o parceiro e antecipam uma noite ardente. Vinhos mais suaves e femininos são a aposta do sommelier francês Guillaume Turbat, que vive no Brasil.

“Escolher o vinho é como a escolha da lingerie”, compara a sexóloga e ginecologista Carolina Carvalho Ambrogini. O fato de degustar o vinho, aos poucos e lentamente, cria um clima e também um ritual, que quebra a rotina e estimula o sexo. “Quando a pessoa vê champanhe com morango já percebe a segunda intenção”, completa Carolina.

Um Malbec argentino mais encorpado com carne vermelha como chorizo é um exemplo. “A digestão é mais difícil, leva horas, o que não é ideal para uma noite de amor.”

Se a opção do jantar é um fondue de queijos em casa, eu sugiro vetar os vinhos tintos. “A acidez e a temperatura do queijo podem acentuar os taninos e, eventualmente, a sensação de secura e adstringência desconfortável. Aposte em brancos secos frutados, combinação ideal com a riqueza do queijo.”

Crie intimidade especialmente se a relação ainda estiver no início é importante criar um diálogo e nortear o processo com delicadeza, principalmente na primeira vez entre os dois. “Esse cuidado é tão positivo que se torna mais importante do que as preliminares propriamente ditas”. Por isso a sedução dos prazeres à mesa.

Nada melhor do que um bom espumante do método tradicional, morangos, cerejas e mel para uma conquista arrebatadora.

Além desses fatores, a comida em si mesma também inspira paixão, especialmente quando é preparada pela pessoa que oferece, pois o ato de cozinhar para alguém significa doação, dedicação, refletindo uma das muitas formas de expressar para o outro amor, carinho e interesse. As vezes, o detalhamento da comida, decoração do prato e da mesa, escolha de cada ingrediente, etc, representam o quando alguém se importa com você, e deseja ver, no seu prazer de comer, uma resposta positiva ao amor ali demonstrado. Por essa razão, cozinheiros experientes sabem que o melhor tempero, além da fome (risos), é o amor! E bote amor nisso, porque até quando o cozinheiro é ruim e a comida sai uma tragédia, quem ama come e diz que está uma delícia, é ou não? (risos)

Sendo assim, se você quer conquistar alguém, ou demonstrar um amor que já existe, quem sabe não é a hora de dar um treino na cozinha e tentar preparar algo especial para hoje hem?

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Dicas de vinhos portugueses

O friozinho já começa no Pais e, com ele, chega a época de saborear bons vinhos. Com as temperaturas mais baixas, a bebida acaba sendo uma das melhores opções para acompanhar os mais variados pratos. Para deixar suas refeições ainda mais gostosas, consultei alguns especialistas e sommeliers que indicam alguns rótulos para você aproveitar a temporada de inverno. Confira as sugestões e a melhor forma de combinar cada uma delas:

A lista que se segue contempla, por um lado, vinhos escolhidos em função da qualidade, sem olhar a outros fatores, nomeadamente o preço, e, por outro, vinhos selecionados precisamente pela boa relação entre a qualidade e o preço. Como esta, poderiam fazer-se muitas listas com igual mérito: não falta por onde escolher e o gosto pessoal é o critério determinante.

 

Barca Velha  

Douro 2008 

7-1

Impressiona com a cor rubi profunda; o aroma intenso e complexo com notas de frutos vermelhos e de especiarias; o paladar elegante com admirável volume, taninos poderosos, acidez viva bem integrada, as notas de fruta e de especiarias, a estrutura e o equilíbrio, o final muito longo e harmonioso. Um vinho inebriante, incrível!!!

 

Casa de Santar

Dão Nobre Tinto 2013

Resulta da seleção das 15 melhores barricas, num total de 100, e resume o Dão no seu melhor. Cor intensa; aroma complexo, ainda fechado, mas a deixar transparecer a sua elegância; paladar cheio, potente, com perfeito equilíbrio de todos os elementos. Pronto para beber, mas promete evoluir bem em garrafa.

Herdade das Servas Parcela V Tinto 2011

As vinhas velhas que deram as uvas – a parcela V, nome dado à “vinha dos Clérigos” – e o ano excecionalmente propício permitiram a obtenção deste excelente vinho de aroma complexo, sabor intenso e estrutura elegante, diferente da tradição dos vinhos do Alentejo pela ausência da compota e a presença marcante da acidez. Para guardar, se possível.

Chryseia Douro 2014

Um vinho de classe pura, marcada pela elegância. Nasceu na viragem do século com a primeira colheita lançada em 2000 e mantém o mesmo perfil equilibrado e distinto. Feito de uvas das castas Touriga Nacional e Touriga Franca, tem cor rubi carregada, aroma complexo com notas de frutos maduros, de plantas silvestres e madeira de alta qualidade, paladar inebriante com estrutura, balanço, envolvência.

 

Periquita

Superyor 2014

Feito de uvas da casta Castelão (90%) com um pouco da Cabernet Sauvigon (7%) e Tinta Francisca (3%), tem cor vermelha intensa, aroma concentrado com boas notas de frutos pretos e vermelhos e de especiarias, paladar elegante com taninos bem presentes e assinalável frescura.

 

Ex Aequo 2011

A casta Syrah encontrou um território de eleição na Quinta de Monte d’Oiro e tem no Ex Aequo a sua expressão mais feliz. É um vinho excecional, feito com 75% de Syrah e 25% de Touriga Nacional, com estágio de 18 meses em barricas de carvalho francês, com um recorte primoroso: cor escura e concentrada, aroma complexo a frutos pretos com notas balsâmicas e um elegante toque vegetal, paladar elegante com a fruta, os taninos e a acidez perfeitamente envolvidos, e um final longo. Sensacional!

 

Leo d’Honor

Tinto 2009

É a expressão máxima da casta Castelão (ou “Periquita”, como continua a ser popularmente designada), que tem aqui o seu território de eleição. Muito concentrado na cor e no aroma, denso e complexo no paladar, com taninos afirmativos, mas finos, e elegante final de boca.

 

Quinta da Alameda

DOC Dão Tinto Reserva Especial 2012

A Quinta da Alameda tem lugar na história dos grandes vinhos do Dão e este diz porquê: bela cor granada intensa; grande finura aromática com delicadas notas silvestres e alguma tosta harmoniosamente integrada; paladar muito delicado com taninos finos e macios; um final longo, pleno de elegância e de charme.

 

Poeira Ímpar

Tinto 2009

Nascido de uvas das castas Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional e Sousão, de uma vinha que o enólogo considera “ímpar” por ser “caprichosa e arrebatadora quando quer”, como sucedeu com esta colheita, o vinho é grandioso, com grande textura e harmonia que resultam do equilíbrio do volume, da fruta, dos taninos, da acidez e dos demais elementos.

 

Pêra-Manca Tinto 2011

É feito de uvas das castas Trincadeira e Aragonez provenientes de talhões selecionados. A vinificação faz – se com os mesmos cuidados: desengace total, ligeiro esmagamento, fermentação em balseiros de carvalho francês, maceração pós-fermentativa prolongada, posterior estágio de 18 meses em tonéis de carvalho francês e em garrafa. Aroma concentrado e muito complexo com notas de frutos pretos, especiarias e alguns fumados; paladar fino, estruturado, vigoroso, com assinalável frescura, taninos maduros e finos, harmonia perfeita; final longo, elegante, de encantar um amor.

 

Quinta de la Rosa

Reserva Tinto DOC Douro 2013

Choveu na vindima de 2013, o que “originou vinhos mais frescos e aromáticos que podem ser apreciados mais cedo”, diz o enólogo Jorge Moreira no texto de apresentação deste excelente Reserva, que está irresistível: bela cor violeta; aroma intenso com a combinação virtuosa de fruta madura e floral, característica dos grandes Douro; paladar harmonioso com taninos suaves e madeira muito sutil.

 

Luís Pato Vinha Barrosa

Vinha Velha 2013

É um monocasta, só Baga – casta autóctone portuguesa perfeitamente adaptada ao clima e aos solos da Bairrada –, de uma vinha tradicional, rodeada por uma floresta de pinheiros e eucaliptos, que lhe conferem uma fragrância característica. A vinha chama-se Barrosa e o vinho é a expressão fiel do seu terroir. Cor aberta e bonita, aroma concentrado e complexo a refletir o que é a uva e o que a rodeia, paladar muito fino e delicado. Por não ser filtrado, precisa ser decantado.

 

Quinta do Crasto Vinha da Ponte 2012

Feito de uvas de várias castas provenientes de vinhas velhas. Quase opaco, com tons fortes de violeta. Aroma muito complexo com notas de frutos silvestres maduros e delicados apontamentos florais e de especiarias. Paladar envolvente, cheio com taninos redondos e finos. Final elegante e persistente. Um vinho distinto, que é modelo de equilíbrio. €149,90


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