Uma rebelde com causa
Redação DM
Publicado em 9 de junho de 2015 às 03:10 | Atualizado há 10 anos
Rariana Pinheiro,Da editoria DMRevista
No dia de hoje, mas do ano de 1910, nascia, em São João da Boa Vista, em São Paulo, uma figura notavelmente à frente de seu tempo – talvez, até uma das primeiras feministas brasileiras. Seu nome era Patrícia Rehder Galvão, mas ela ficou conhecida como Pagu. De família tradicional, nunca se conformou com o papel submisso destinado à mulher da época em que viveu. Logo, fazia o que queria: fumava nas ruas, carregava na maquiagem, usava blusas transparentes e cabelos curtos. Sua natureza indomável e criativa a transformou em uma talentosa escritora, poeta, diretora, tradutora, desenhista e jornalista e militante. Já a inspiradora beleza, lhe deu a fama de “musa dos modernistas”.
Com eles – os modernistas –, ela se enturmou em 1928, ao se integrar no ao movimento antropofágico. Foi entre estes intelectuais, que nascia – é verdade que de um equívoco –, o apelido com o qual se tornou conhecida. Inspirado na beleza da moça, Raul Bopp, pensando que o sobrenome de Patrícia era Goulart, e no intuito de brincar com as primeiras sílabas de seu nome, ele criou o poema Coco de Pagu, que dizia: “Pagú tem uns olhos moles, uns olhos de fazer doer. Bate-coco quando passa. Coração pega a bater. Eh Pagú eh! Dói porque é bom de fazer doer”.
Mas, não foi apenas em Bopp, que Pagu despertou paixões. A escritora se envolveu em um romance secreto com Oswald de Andrade, que, inclusive, culminou no fim do relacionamento com a artista plástica Tarsila do Amaral. Depois disso, Pagu se casou com célebre escritor, mesmo com a reprovação da sociedade paulista e até dos próprios modernistas.
Militante
Ao lado de Oswald, Pagu também se envolveu intensamente com o Partido Comunista Brasileiro. Participando de uma greve, ela foi presa e, logo, se tornou a primeira mulher detida por questões políticas. Mas sua militância não parou por aí e, pela vida atuante, ainda foi presa por mais de 20 vezes.
E é de se esperar que sua obra literária também era engajada, em Parque industrial, por exemplo, sob o pseudônimo de Mara Lobo, ela foi até considerada planfletária. Coma esta obra inaugurou uma literatura política militante que passou a ser mais valorizada recentemente.
Depois deste livro, ela se envolveu ainda mais com a militância, chegou a deixar o filho pequeno, com Oswald de Andrade e viajar pelo mundo. Mas algumas experiências frustrantes com países comunistas e as dezenas de prisões deixaram a jovem desbocada mais amarga. Seu segundo romance, A Famosa Revista (1945) denunciou os desmandos do Partido Comunista.
Aos poucos, Pagu também se aproximou com atividades teatrais e liderou a construção do Teatro Municipal de Santos, formando grupos cênicos amadores e fundando a Associação dos Jornalistas Profissionais de Santos. Trabalhou incessantemente até morrer no dia 16 de dezembro de 1962, vítima de um câncer.