![Não é estranho que ela, dona de si e de seu próprio nariz, tenha vivido as predições da paixão - Foto: Reprodução](https://cdn.dm.com.br/img/Artigo-Destaque/130000/1200x720/Artigo-Destaque_00131855_00-ScaleDownProportional.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.dm.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F130000%2FArtigo-Destaque_00131855_00.jpg%3Fxid%3D626913%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1721244094&xid=626913)
Com 1,66 metro distribuído num corpo estupendo, a atriz Brigitte Bardot arrancava suspiros de homens e mulheres. Era linda, sensual, encantadora. Naquele rosto desenhado por olhos fortes, deslizavam os cabelos. Uma franjinha delineava a expressão facial. À boca, os cigarros reforçavam o ar de femme fatale, que o cineasta Roger Vadim ajudou a construir nos anos 1950 com o filme “E Deus Criou a Mulher”, em cartaz no Cine Cultura durante o Festival Varilux, a partir desta quinta-feira, 23. Aquilo se revelou, como sabemos, uma explosão libidinosa: imaginava-se encontrá-la nas esquinas, por aí, tipo uma linda garota comum.
Pelé, por exemplo, apaixonou-se perdidamente pela francesa, mas não podia assistir aos seus filmes, porque ainda não havia completado 18 anos. Símbolo cultural inconfundível, Bardot despertou atenção do cantor e compositor Tom Zé, numa música na qual projeta um triste envelhecimento à sexy simbol. Em músicas, é citada ainda por Elton John e Red Hot Chili Peppers, The Who e Caetano Veloso, além de ser retratada pelo artista Andy Warhol e se tornar objeto de biografias. Um símbolo do desejo eternizado pela magia cinematográfica.
Para a filósofa Simone de Beauvoir, Bardot passou como uma locomotiva pela história das mulheres. Nenhuma ousou saborear com tamanha emancipação os prazeres da liberdade no período pós-guerra. A “Bardot mania”, termo cunhado pela imprensa norte-americana, despertou atenção feminina, influenciando o estilo com que elas passaram a se vestir e o comportamento adotado por lá a partir dos anos 1950. Quando decidiu encerrar a carreira logo após completar 40 anos, em 1974, informou a todos os desavisados que valia mais seu sorriso jovem gravado em nossas pupilas do que a imagem dela ficando velha à luz do dia.
![Varilux homangeia diva Brigitte Bardot no Cine Cultura](https://cdn.dm.com.br/img/inline/130000/412x0/inline_00131855_00-3.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.dm.com.br%2Fimg%2Finline%2F130000%2Finline_00131855_00.jpg%3Fxid%3D626920&xid=626920)
Não é estranho que ela, dona de si e de seu próprio nariz, tenha vivido as predições da paixão com o roqueiro Mick Jagger assim que os Rolling Stones terminaram um show em Paris lá pelos idos de setenta e poucos. Uma das filhas de Jagger, se você nunca reparou, guarda reveladoras semelhanças com a atriz francesa. Ora, certíssima de fato estava Bardot: sempre negou qualquer envolvimento com o líder dos Stones, predador sexual terrível, conforme registrado pelos inúmeros biógrafos que se meteram a perfilá-lo nos últimos anos.
Bom, seja como for, o mito BB estava instaurado. Nós apenas iríamos saboreá-lo, ano a ano. Vejam só como “E Deus Criou a Mulher” é paradoxal: embora envelhecido, Bardot aparece em cena deslumbrante. Certos filmes requerem que nossa atenção para que, com eles, entendamos que tipo de fascínio estrelas como a francesa provocam no público. “Que foto você gostaria de ver publicada após a sua morte?”, perguntou a lendária sexy symbol. Ah, e eu lá sei, difícil até: talvez uma atuando em qualquer cena da película dirigida por Vadim.
Parisiense nascida em setembro de 1934, Brigitte Anne-Marie Bardot se achava feia até o dia em que cruzou com Roger Vadim, lindo como um deus dirigindo um Cadillac conversível. Segundo a jornalista Marie-Dominique Lelièvre, do jornal “Libération”, a maravilhosa falta de jeito dela, a lentidão com que lidava com as coisas práticas da vida e a charmosa estranheza faziam os corações sensíveis à beleza das mulheres dispararem dentro do peito. Roger Vadim experimentou tal sensação. Amou-a intensamente e, sendo artista, filmara seu corpo, que parecia ser atraído às lentes da câmera como um imã grudando na geladeira.
![Varilux homangeia diva Brigitte Bardot no Cine Cultura](https://cdn.dm.com.br/img/inline/130000/780x0/inline_00131855_01-3.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.dm.com.br%2Fimg%2Finline%2F130000%2Finline_00131855_01.jpg%3Fxid%3D626921&xid=626921)
Na pele de Juliete Christiane Hardy, Brigitte Bardot transava porque queria, amava um homem pelo mesmo motivo e depois caia nos braços do outro porque se vive uma vez só. Longe de sentir-se envergonhada por isso, aliás. Quando pais e mães começaram a se dar conta de que estava em curso um tipo de revolução sexual, então a acusaram - dedos em riste - de corromper a juventude. Estamos falando de uma França púdica, de pais castos e mães recatadas. Uma França pré-Maio de 68, bem antes de Serge Gainsbourg, Jane Birkin, Fruffaut e Godard. Sob a batuta do general De Gaulle, os reaças impunham seus valores.
Se criar uma obra de arte em cima da liberdade sexual feminina irritava os conservadores, o mesmo não se podia dizer das colônias sob domínio francês. Mas quer saber? Ainda hoje é delicioso assistir ao milionário Eric Carradine (Curd Jürgens) enquanto ela, maravilhosa, sente tesão por outro cara da região, Antonie Tardieu (Georges Poujouly). No entanto, acaba se casando com o irmão de Antonie, Michel André Tardieu (Jean-Louis Trintignant). Afinal de contas, deus criou a mulher e o olhar enigmático dela, pelos quais a gente só o agradece.
PROGRAMAÇÃO
23/11 – Quinta-feira
– 14h: Sob as Estrelas (2023, 110 min, livre, dir: Sébastien Tulard)
– 16h15: O Renascimento (2023, 95 min, livre, dir: Rémi Bezançon)
– 18h20: O Livro da Discórdia (2023, 97 min, livre, dir: Baya Kasmi)
– 20h25: A Musa de Bonnard (2023, 122 min, 14 anos, dir: Martin Provost)
24/11 – Sexta-feira
– 14h: O Livro da Discórdia (2023, 97 min, livre, dir: Baya Kasmi)
– 16h05: O Astronauta (2022, 110 min, livre, dir: Nicolas Giraud)
– 18h20: Crônica de Uma Relação Passageira (2022, 100 min, 14 anos, dir: Emmanuel Mouret)
– 20h25: O Desafio de Marguerite (2023, 112 min, 14 anos, dir: Anne Novion)
25/11 – Sábado
– 14h: Almas Gêmeas (2023, 100 min, 14 anos, dir: André Téchiné)
– 16h05: Conduzindo Madeleine (2022, 91 min, livre, dir: Christian Carion)
– 18h: Maestro(s) (2022, 96 min, livre, dir: Bruno Chiche)
– 19h55: As Bestas (2022, 137 min, 14 anos, dir: Rodrigo Sorogoyen)
26/11 – Domingo
– 14h: A Viagem de Ernesto e Celestine (2022, 81 min, livre, dir: Julien Chheng e Jean-Christophe Roger)
– 15h45: Meu Novo Brinquedo (2022, 112 min, livre, dir: James Huth)
– 18h: Making Of (2023, 119 min, livre, dir: Cédric Kahn)
– 20h25: Crônica de Uma Relação Passageira (2022, 100 min, 14 anos, dir: Emmanuel Mouret)
27/11 – Segunda-feira
– 14h: Disfarce Divino (2023, 98 min, 14 anos, dir: Virginie Sauveur)
– 16h05: A Musa de Bonnard (2023, 122 min, 14 anos, dir: Martin Provost)
– 18h35: O Renascimento (2023, 95 min, livre, dir: Rémi Bezançon)
– 20h40: Culpa e Desejo (2023, 104 min, 16 anos, dir: Catherine Breillat)
28/11 – Terça-feira
– 13h: Orlando, Minha Biografia Política (2023, 98 min, 14 anos, dir: Paul B. Preciado)
– 15h05: Memórias de Paris (2022, 105 min, 14 anos, dir: Alice Winocour)
– 17h15: As Bestas (2022, 137 min, 14 anos, dir: Rodrigo Sorogoyen)
– 20h: Sob as Estrelas (2023, 110 min, livre, dir: Sébastien Tulard)
29/11 – Quarta-feira
– 13h: A Musa de Bonnard (2023, 122 min, 14 anos, dir: Martin Provost)
– 15h30: O Renascimento (2023, 95 min, livre, dir: Rémi Bezançon)
– 17h35: Meu Novo Brinquedo (2022, 112 min, livre, dir: James Huth)
– 19h50: Maestro(s) (2022, 96 min, livre, dir: Bruno Chiche)
30/11 – Quinta-feira
– 14h: O Desafio de Marguerite (2023, 112 min, 14 anos, dir: Anne Novion)
– 16h15: Disfarce Divino (2023, 98 min, 14 anos, dir: Virginie Sauveur)
– 18h20: Conduzindo Madeleine (2022, 91 min, livre, dir: Christian Carion)
– 20h20: O Livro da Discórdia (2023, 97 min, livre, dir: Baya Kasmi)
01/12 – Sexta-feira
– 14h: Crônica de Uma Relação Passageira (2022, 100 min, 14 anos, dir: Emmanuel Mouret)
– 16h05: Memórias de Paris (2022, 105 min, 14 anos, dir: Alice Winocour)
– 18h15: Almas Gêmeas (2023, 100 min, 14 anos, dir: André Téchiné)
– 20h15: As Bestas (2022, 137 min, 14 anos, dir: Rodrigo Sorogoyen)
02/12 – Sábado
– 13h30: Meu Novo Brinquedo (2022, 112 min, livre, dir: James Huth)
– 15h45: Making Of (2023, 119 min, livre, dir: Cédric Kahn)
– 18h10: Sob as Estrelas (2023, 110 min, livre, dir: Sébastien Tulard)
– 20h25: Culpa e Desejo (2023, 104 min, 16 anos, dir: Catherine Breillat)
03/12 – Domingo
– 14h: O Desafio de Marguerite (2023, 112 min, 14 anos, dir: Anne Novion)
– 16h15: O Astronauta (2022, 110 min, livre, dir: Nicolas Giraud)
– 18h30: Clássico: E Deus Criou a Mulher (1956, 95 min, 14 anos, dir: Roger Vadim)
– 20h30: Maestro(s) (2022, 96 min, livre, dir: Bruno Chiche)
04/12 – Segunda-feira
– 14h: A Viagem de Ernesto e Celestine (2022, 81 min, livre, dir: Julien Chheng e Jean-Christophe Roger)
– 15h45: Conduzindo Madeleine (2022, 91 min, livre, dir: Christian Carion)
– 17h40: Crônica de Uma Relação Passageira (2022, 100 min, 14 anos, dir: Emmanuel Mouret)
– 19h45: Making Of (2023, 119 min, livre, dir: Cédric Kahn)
05/12 – Terça-feira
– 14h: Sob as Estrelas (2023, 110 min, livre, dir: Sébastien Tulard)
– 16h15: Memórias de Paris (2022, 105 min, 14 anos, dir: Alice Winocour)
– 18h25: O Astronauta (2022, 110 min, livre, dir: Nicolas Giraud)
– 20h40: Almas Gêmeas (2023, 100 min, 14 anos, dir: André Téchiné)
06/12 – Quarta-feira
– 13h: As Bestas (2022, 137 min, 14 anos, dir: rodrigo sorogoyen)
– 15h45: Making Of (2023, 119 min, livre, dir: cédric kahn)
– 18h10: Disfarce Divino (2023, 98 min, 14 anos, dir: virginie sauveur)
– 20h15: Orlando, Minha Biografia Política (2023, 98 min, 14 anos, dir: Paul B. Preciado)