Cultura

Wu Thang Thug, ouvindo o som das ruas

Redação DM

Publicado em 9 de abril de 2016 às 02:51 | Atualizado há 9 anos

Falando mais uma vez de expressões reais da periferia que vão além de entretenimento para a alta classe e vista apenas com exotismo, existe a resistência do rap goiano. Pra quem não conhece, apresento a galera do Wu Tang Thug. O lugar do rap são os corações e mentes da periferia e também os de quem sabe apreciar o real valor desse som.

A palavra, que integra o nome do grupo, é uma referência à expressão usada pelo grande nome do rap americano Tupac Shakur. Como o integrante Vedeze do Wu Tang relata “O nome do grupo vem do grupo gringo (Wu Tang Clan) e da expressão muito usada por Tupac que é o thug life.

O próprio rapper Tupac revelava o significado da expressão: “Este é meu novo pelotão, a minha filosofia thug life. Por thug, não quero dizer bandido ou alguem que te bate… Refiro-me a um desfavorecido, a pessoa que não tinha nada e vence é um thug, por ter superado obstáculos. Não tem nada a ver com a versão do dicionário. Até as gangues podem ser positivas, é uma questão de organização. Fiz com que gangsters das prisões da West Coast e East Coast criassem códigos de éticas para criminosos chama-se código THUG life. É um código para por ordem na violência das ruas. Seguimos esse código, somos contra a ataques a pessoas não envolvidas com gangues de ruas”.

Vedeze fala sobre qual o recado e essência das músicas de seu grupo. “Cantamos a realidade do que acontece nas ruas. Coisas boas e ruins, mas tudo tem suas consequências e mostramos isso pra periferia. Sobre as influências musicais desses caras da zona sul Vedeze conta “Nossas influências são Wu Tang Clan, Tupac, Big, Sabotage, Realidade Cruel,  Thiagão e Atitude Consciente”.Vedeze conta a trajetória de rua e de som do WU Tang Thug.

“Antes de formarmos o grupo eu tinha uma caminhada com o vulgo Vedeze Sulmemo, no final de 2014 eu e um dos integrantes decidimos formar um novo grupo. Em novembro de 2014, já nessa época foi nossa primeira apresentação a convite do grupo Relatos da Leste no pré lançamento do seu CD”.

Sobre a formação e a inclusão de uma mina ao grupo, pra lembrar a representatividade das mulheres no rap Vedeze conta “No começo era formado por três integrantes: Wildeglan (Will) eu e Petherson (Petim), no final do ano passado entrou mais uma integrante, a Ana Paula (Rapunzel) e o Dj Bromo”.

Ao falar das participações na cena goiano o rapper agradece o espaço que o grupo conquistou e continua conquistando “Graças a Deus tivemos muitas oportunidades de poder apresentar nosso trabalho e ideologia. Um dos movimentos que participamos mais marcantes no inicio foi um evento num acampamento do MST, na maternidade abandonada próximo ao Tiradentes.

Das experiências com a realidade dos trabalhadores da periferia Vedeze cita a proximidade do grupo com as questões do povo “Tivemos um contato bem próximo da realidade, da resistência do povo. Durante a apresentação (próximo ao bairro Tiradentes) tinham várias crianças em volta da gente, foi um momento único”.

Das apresentações que marcaram a história do grupo o rapper inclui uma simbólica por tocar no bairro onde foi criado “Porém a mais marcante de todas as apresentações foi na turnê do Gasper “A cor do futuro” realizada no Parque Atheneu. na praça do pequi, que é o setor onde cresci. Quase todos que conhecem minha caminhada estavam presentes, foi o melhor momento de todos”.

Os objetivos desses garotos como grupo são resumidos por Vedeze, que é alertar a juventude da periferia aonde leva a criminalidade “Temos como objetivo poder levar uma ideia consciente a todas quebradas. Pois podemos ver com vários exemplos que o crime está destruindo muitas famílias. Como muitos rappers e grupos tentamos alertar a todos sobre esse caminho sem volta. Em todas as letras uso exemplos reais de amigos e muitos outros que não tiveram um bom fim nessa caminhada”.

Os meninos do Wu Tang realizam nesse fim de semana a gravação do seu primeiro videoclip da música “Luto Zona Sul”.Um recado do Wu Tang Thug  a todas as periferias: “Sei que não podemos mudar a realidade da cidade, mas podemos influenciar essa juventude, mostrando que a gente pode curtir a vida sem precisar ser um bandido, sem fazer mal próximo. A gente busca sempre deixar uma mensagem de paz e de fé para a periferia. Não desistir dos seus sonhos, com Deus na frente tudo dá certo”.

 

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