Música não é só lazer e entretenimento. Vários estudos científicos apontam que dedicar alguns minutos do dia à contemplação de músicas clássicas pode trazer benefícios à saúde. Elas possuem poderes como tornar menos ativos genes ligados à degeneração cerebral e também ajudam no controle emocional. Na noite de hoje, o leitor poderá apreciar de perto, no Teatro Sesi (Av. João Leite, nº 1.013, Setor Santa Genoveva), a apresentação da Orquestra Sinfônica de Goiânia, regida por Carlos Moreno, juntamente com a pianista Rosângela Sebba, que nasceu em Goiás e foi radicada nos Estados Unidos. O show começa às 20h e o ingresso sai por dois quilos de alimento não perecível ou um livro literário.
O programa do concerto, que faz parte da iniciativa Terça no Teatro, inclui grandes obras de compositores de diferentes gerações, como Mozart (1756-1791) e o brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959). A abertura do evento traz o clássico O Barbeiro de Sevilha, do italiano Gioachino Rossini (1792-1868).
ROSÂNGELA SEBBA
Serão pouco mais de trinta minutos de apresentação, que será aditivada pela presença ilustre da solista professora dra. Rosângela Yazbec Sebba, que nasceu em Goiânia e construiu uma sólida carreira internacional. Atualmente ela coordena a área de piano da renomada Mississipi State University, nos Estados Unidos, onde atua há mais de 23 anos. Também ministra aulas de piano, teoria, ditado/solfejo e literatura pianística, além de ser referência em pesquisa e divulgação da música clássica brasileira, especialmente através das obras de M. Camargo Guarnieri – em 2010 lançou um CD com sonatinas do compositor gravadas pela primeira vez.
Guarnieri é um dos maiores nomes da música erudita no Brasil e possui uma obra de mais de 700 peças. Nos anos 1960, ele atuou como professor na Universidade Federal de Goiás, mesma instituição onde Rosângela formou-se bacharel em Música em 1991.
De acordo com a organização do evento, a solista vive um intenso momento na carreira, com apresentações em vários países, além de várias outras atividades paralelas. “Atualmente sua agenda é bastante cheia com aulas na universidade, concertos, palestras e masterclasses. A pianista tem se apresentado nos Estados Unidos, Brasil, México, Portugal, Costa Rica, Inglaterra, Espanha e Taiwan, incluindo conferências nacionais e internacionais”. Enquanto morava no Brasil, foi vencedora de vários concursos estaduais e nacionais. Nos EUA, estudou, com bolsa integral, com os professores Dr. Gary Smart (University of Wyoming) e Dr. Stanley Waldoff (University of Southern Mississippi).
A pianista trabalhou em renomadas instituições do Brasil e dos EUA. “Antes de trabalhar na MSU, ela ocupou cargos no Conservatório Gustav Ritter–Brasil, na University of Southern Mississippi, e na Pearl River Community College”. Sua dedicação à música conquista homenagens de seus colegas de profissão. “Vários compositores Americanos dedicaram suas obras para piano solo e música de câmera à pianista, tendo ela apresentado as primeiras audições dessas em conferências e concertos”.
CARLOS MORENO
Premiado com o prêmio Carlos Gomes de Revelação de 2003, esteve por seis anos à frente da Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo, considerada uma das mais importantes do país. Junto com a OSUSP, também foi contemplado com o prêmio de Melhor Orquestra Sinfônica de 2006. Carlos Eduardo Moreno começou a estudar piano ainda na infância, influenciado pela mãe, que era pianista e mezzo soprano. “É dono de sólida formação de base europeia iniciou seus estudos musicais ao piano aos seis anos de idade, passando posteriormente ao violino. Em 1978, ingressou na Escola Cantorum do Brasil para crianças, o Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis, de tradição alemã. Teve como mestres os padres franciscanos Frei Leto Bienias-Alemanha, e Frei José Luiz Prim”.
Antes de assumir a OSUSP, passou quatro anos na República Tcheca, onde estudou com o maestro Kirk Trevor. Desde 2009, esteve à frente de outras duas orquestras: “Orquestra Sinfônica de Santo André de 2009 a 2013, e de 2014 a 2016, maestro da OER-Orquestra Experimental de Repertório, uma das mais importantes orquestras de formação da América Latina, pertencente à Fundação do Theatro Municipal de São Paulo”. Atualmente, ele é regente principal da Orquestra Acadêmica Mozarteum Brasileiro, além de ser regente principal convidado da Orquestra Sinfônica de Goiânia. Lançou seu primeiro livro, Do Arteiro ao Artista, em janeiro de 2016–um livro/método de ensino musical em massa.
SAÚDE
De acordo com estudo realizado por cientistas da Universidade de Helsinque, na Finlândia, escutar música clássica com frequência possibilita que os genes associados à função cerebral sejam ativados, o que ajuda na prevenção de doenças degenerativas. Submeter-se a algumas doses de música clássica, de acordo com os cientistas, causa diversas mudanças neurais e fisiológicas. O estudo foi realizado com 48 pessoas, que tiveram amostras de sangue examinadas antes e depois de escutarem o Concerto para violino nº 3 de Mozart. Os genes analisados, curiosamente, estão presentes também em pássaros e se relacionam à capacidade destes animais de aprender a cantar. Esse dado sugere um cenário evolutivo comum de humanos e pássaros na percepção de sons.
Outro estudo, “As vantagens de ouvir música: resposta e conectividade do sistema mesolímbico”, realizado na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, indica que escutar música clássica também traz benefícios psicológicos. O aumento do fluxo sanguíneo causado pela exposição às músicas, áreas do cérebro ligadas à autonomia, cognição e emoção são ativadas. A conclusão dos cientistas é que a música clássica pode não só auxiliar no tratamento de doenças como depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia, mas também pode ser usada para que as enfermidades sejam melhor compreendidas.