Visto de nômade digital: quem pode trabalhar remoto na Espanha?
Redação DM
Publicado em 25 de agosto de 2025 às 20:15 | Atualizado há 1 minuto
Nos últimos anos, o modelo tradicional de trabalho passou por uma transformação significativa. Com o avanço das tecnologias e a consolidação do trabalho remoto, milhões de profissionais ao redor do mundo passaram a buscar estilos de vida mais flexíveis, combinando carreira com mobilidade geográfica.
Atenta a essa tendência, a Espanha implementou uma política específica para atrair esses profissionais: o visto de nômade digital. A nova autorização oferece a possibilidade de viver legalmente no país, mesmo trabalhando para empresas de fora, com requisitos bem definidos.
Neste artigo, você vai descobrir como funciona o visto de nômade digital na Espanha, quem tem direito a essa autorização e quais as exigências para solicitar o documento. Confira!
O que é o visto de nômade digital?
O visto de nômade digital da Espanha permite que cidadãos de fora da União Europeia residam no país enquanto trabalham remotamente para empresas estrangeiras ou atuam como freelancers. A medida busca atrair talentos internacionais que contribuam com a economia local, mesmo sem vínculo com empresas espanholas.
Regulamentado pela Lei de Startups, em vigor desde janeiro de 2023, o visto faz parte da estratégia do governo para transformar a Espanha em um polo de inovação e tecnologia. Desde então, tem atraído profissionais de diversos países, especialmente da América Latina.
Seu principal diferencial em relação a outras autorizações de residência é a flexibilidade: não exige contrato com empresa espanhola nem atuação no mercado local. É ideal para quem vive de forma itinerante ou deseja morar na Europa mantendo clientes internacionais.
Quem pode solicitar o visto de nômade digital?
Destinado a cidadãos de fora da União Europeia que desejam morar na Espanha por longos períodos enquanto trabalham remotamente, o visto de nômade digital tem atraído especialmente brasileiros em busca de uma forma legal de residir e atuar profissionalmente no país.
O perfil mais comum inclui freelancers, profissionais liberais, autônomos, desenvolvedores, designers, consultores, entre outros. É necessário comprovar experiência e estabilidade profissional, além de atender a determinados critérios financeiros e documentais.
Um ponto-chave é que o solicitante não pode ter vínculo empregatício com empresas sediadas na Espanha, exceto se essa atividade representar no máximo 20% da renda anual. A maior parte dos ganhos deve vir do exterior.
Quais são os requisitos para conseguir o visto?
Para solicitar o visto de nômade digital da Espanha, é necessário cumprir uma série de exigências estabelecidas pelo governo. O objetivo é garantir que o requerente possua meios de se sustentar no país e que sua atividade profissional possa, de fato, ser exercida remotamente.
Entre os principais requisitos, estão:
- Comprovação de vínculo profissional ativo há pelo menos 3 meses com empresa estrangeira;
- Declaração da empresa informando que o trabalho pode ser realizado de forma remota;
- Comprovação de experiência profissional e/ou formação na área de atuação (mínimo de 3 anos de experiência ou diploma compatível);
- Renda mínima mensal de cerca de 2.763€ euros (aproximadamente R$ 17.960, com base no câmbio de julho de 2025);
- Seguro de saúde com cobertura na Espanha;
- Certidões negativas de antecedentes criminais, traduzidas para o espanhol e com apostilamento conforme a Convenção de Haia;
- Documentação adicional: passaporte válido, formulário de solicitação preenchido, comprovante de pagamento da taxa consular, entre outros.
Como funciona o processo de solicitação?
O processo pode ser iniciado tanto no país de origem (no caso do Brasil, junto ao consulado espanhol) quanto já em território espanhol, desde que o solicitante esteja em situação legal, como turista, por exemplo. Essa flexibilidade permite que muitos iniciem sua estadia de maneira informal e regularizem a situação posteriormente.
A autorização pode ser concedida em duas modalidades: visto de residência de até um ano (solicitado no consulado) ou autorização inicial de residência de até três anos (requerida diretamente na Espanha). Após esse período, é possível renová-la por mais dois anos.
Brasileiros que entrarem como turistas têm até 90 dias após a chegada para fazer o pedido. O prazo de análise do visto de nômade digital na Espanha é relativamente rápido, já que o governo precisa emitir uma resposta em até 20 dias úteis.
O processo inclui o pagamento de taxas administrativas e pode envolver entrevistas ou exigência de documentos adicionais. Dependendo da duração da estadia, o solicitante também pode passar a ser considerado contribuinte fiscal na Espanha.
Vantagens e direitos para quem obtém o visto
O visto de nômade digital permite a residência legal na Espanha, o que automaticamente dá acesso ao Espaço Schengen. Isso significa liberdade de circulação por diversos países da União Europeia, sem necessidade de visto adicional para turismo de curta duração.
Além disso, o titular do visto pode, em determinadas condições, utilizar os serviços públicos de saúde e educação. É necessário observar as normas regionais e os critérios específicos de cada comunidade autônoma da Espanha.
Outro ponto importante é a possibilidade de estender os direitos à família. Cônjuges e filhos menores podem ser incluídos no processo de solicitação, desde que o requerente comprove renda suficiente para sustentar todos.
Após alguns anos de residência contínua, também é possível solicitar a residência permanente ou até a nacionalidade espanhola, conforme os critérios legais.
Impostos e obrigações fiscais
Um dos aspectos que costuma gerar dúvidas é a questão tributária. Mesmo trabalhando para empresas de fora, o nômade digital pode ser considerado residente fiscal na Espanha se permanecer no país por mais de 183 dias ao ano.
Nesse caso, passa a ser tributado como residente, com impostos aplicados sobre toda a sua renda mundial, e não apenas sobre o que é obtido na Espanha. As alíquotas são progressivas e variam de 19% a 47%, de acordo com a faixa de renda.
Quem permanece por menos de 183 dias no ano é considerado não residente e paga 24% sobre a renda geral e 19% sobre rendimentos de poupança gerados dentro do país.
Outro ponto importante é obter o NIE (Número de Identificação de Estrangeiro), equivalente ao CPF no Brasil. Ele é exigido para processos oficiais, como abertura de conta bancária ou declaração de impostos.
Por se tratar de um tema extremamente técnico e sujeito a variações, é recomendável contar com apoio contábil ou jurídico especializado para garantir conformidade com as regras fiscais espanholas.
A importância de contar com uma assessoria especializada
Embora o processo de solicitação do visto de nômade digital da Espanha seja acessível, ele exige atenção a detalhes técnicos, prazos, documentos específicos e requisitos que, se não forem seguidos corretamente, podem comprometer toda a solicitação.
Empresas especializadas em imigração e legalização, como a Espanha Fácil, oferecem suporte em todas as etapas, desde a análise do perfil até a entrega da documentação correta. Isso inclui a verificação de elegibilidade, orientações sobre tradução e apostilamento, auxílio na obtenção do NIE e esclarecimento sobre obrigações fiscais.
Além disso, uma assessoria experiente pode ajudar em casos de pendência ou indeferimento, buscando alternativas legais para manter o solicitante em situação regular no país. Esse tipo de suporte é especialmente importante para quem não está familiarizado com a legislação espanhola ou enfrenta dificuldades com o idioma.