BRASÍLIA - O ex-integrante do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) Paulo Roberto Cortez conseguiu uma liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer calado na sessão da CPI que investiga o escândalo de venda de sentenças no tribunal da Receita Federal. Segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, os investigadores chegaram à conclusão que foi Cortez que enviou um dossiê anônimo à Polícia Federal num envelope pardo no ano passado. A denúncia provocou a investigação que culminou com a Operação Zelotes da PF.
Com o direito garantido de não responder os questionamentos dos senadores, o ex-conselheiro deixou de dar até as informações mais simples como o ano em que entrou na Receita Federal para trabalhar como auditor ou quando foi alçado ao Carf, após a aposentadoria.
— Vou seguir o aconselhamento do meu advogado e vou permanecer calado — repetiu Cortez exaustivamente.
A relatora da CPI do Carf, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), chegou a propor que Paulo Roberto Cortez falasse numa sessão privada. A oferta foi recusada.
— No momento, entendemos que não é necessário. Talvez numa outra situação — frisou o conselheiro.
Cortez foi convocado para prestar depoimento na semana passada, mas não compareceu. Então, os parlamentares aprovaram um requerimento para que a PF conduzisse coercitivamente o ex-conselheiro para a sessão desta quinta-feira. Ele compareceu, mas com o direito de ficar em silêncio garantido.
— O Supremo Tribunal Federal presta um desserviço à nação — atacou o senador Otto Alencar (PSD-BA).
Alencar acusou Cortez de falta de hombridade. Disse que o silêncio não pode ser julgado. Falou que a maioria da população não tem condições de bancar um bom advogado e que se fosse um “ladrão de galinha” já estaria preso. O parlamentar ainda ressaltou que escândalos de corrupção têm surgido em série recentemente.
— Em Brasília, gabinetes são centro de traficância de influência.