PIB da Rússia tem maior queda desde 2009
Diário da Manhã
Publicado em 25 de janeiro de 2016 às 04:20 | Atualizado há 9 anosMOSCOU – A economia russa encolheu em 2015 pressionada pela queda no preço do petróleo e na cotação do rublo. De acordo com dados divulgados nesta segunda-feira, a retração foi de 3,7%, após alta de 0,6% em 2014. Outro fator que pesou na maior queda no Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia desde 2009 foram as sanções internacionais impostas ao país em função do conflito com a Ucrânia, que dificultaram o acesso a financiamento no exterior.
Economistas consultados pela Bloomberg previam, em média, queda de 3,8%. Também foram divulgados ontem dados sobre o consumo no país em dezembro. As informações mostram que o gasto dos consumidores continuou em declínio diante da queda na renda. As vendas no varejo despencaram 15,3% em dezembro, ante o mesmo mês de 2014. Já os salários, ajustados pela inflação, caíram 10%, acima da previsão de analistas.
“A economia está passando por grandes ajustes. Ela ainda é ‘viciada’ em petróleo”, disse, por e-mail, Vladimir Miklashevsky, estrategista do Danske Bank, de Helsinque. “O rublo fraco e a substituição de importações vão continuar a apoiar a produção local, embora em um caminho moderado. É uma jornada longa e dolorosa até a recuperação”.
INFLAÇÃO PIORA O QUADRO
O país que é o maior exportador de energia do mundo pode enfrentar em 2016 seu segundo ano de contração depois de o petróleo voltar a cair, fazendo com que o rublo tivesse desvalorização recorde. A divisa russa já perdeu mais de 7% diante do dólar só este ano, o pior desempenho entre as 24 moedas de países emergentes analisadas pela Bloomberg. E desde o início de 2016, o preço do barril de petróleo já caiu cerca de 15%.
— É pouco provável que nós vejamos uma recuperação em forma de “V” devido à perspectiva de preços do petróleo mais baixos por mais tempo e à contínua contração da demanda doméstica — afirmou Piotr Matys, estrategista para moedas de mercados emergentes do Rabobank, em Londres.
A presidente do Banco Central da Rússia, Elvira Nabiullina, disse que a autoridade monetária está monitorando “vigilantemente” a situação e pronta para agir. O BC russo não vende moeda estrangeira desde o fim de 2014 após mudar sua política para permitir a livre flutuação do rublo.
A situação é agravada pela inflação. Enquanto o crescimento dos preços ao consumidor em dezembro tenha desacelerado, ele ainda está em 12,9%. A meta do banco central é de chegar ao fim de 2017 com o indicador a 4%. E há fatores que podem pressionar os preços, incluindo a recente desvalorização do rublo e as barreiras impostas a produtos turcos, como frutas e vegetais depois que militares da Turquia derrubaram um avião de guerra russo perto da fronteira da Síria.